Sabias que as barragens alteram a composição das águas dos rios, levando à morte de muitos peixes? Ou que as aquelas grandes hélices que vês nos cimos dos montes para produzir energia eólica são verdadeiras «armadilhas» para as aves migratórias, que nelas embatem e morrem? E que os gatos são um dos grandes inimigos das aves marinhas, pois adoram ir aos ninhos e roubar-lhes os ovos para comer? Há muitos perigos à vista e alguns deles podem extinguir uma espécie. Vamos conhecer alguns dos animais que habitam no nosso país e estão em risco.
Sisão
(Tetrax tetreax)
Esta ave pequena, de 45 centímetros, está também em perigo, pois o número de animais tem diminuído em Portugal. Há dez anos, eram cerca de 16 mil, hoje são apenas 8000, ou seja, metade.
O sisão depende das searas para se alimentar, contudo, estas são cada vez menos. Em seu lugar, têm-se plantado grandes pomares, onde esta ave não encontra muito o que comer. As alterações climáticas também não ajudam, pois nos anos mais secos nascem menos crias.
Onde se encontra?
Nas planícies alentejanas, mas pode ser visto em quase todo o território, perto das fronteiras com Espanha.
Morcego-de-ferradura-mediterrânico
(Rhinolophus euryale)
Este é um morcego relativamente grande, mede 30 centímetros, e a sua espécie está «criticamente em perigo», pois pensa-se que existirão apenas mil animais no nosso país.
Comem um inseto a cada 30 segundos, e como as zonas húmidas onde os encontram são cada vez menores, têm falta de alimento. Muitos deles são também atropelados, chocam contra vedações e são atacados por gatos.
Onde se encontra?
Em grutas no Centro e no Norte do país.
Cabra-montês
(Capra pyrenaica)
No final do século XIX, a cabra-montês desapareceu do nosso território. Mas, entretanto, voltou a entrar, vinda da Galiza, que é uma região no Norte de Espanha. Ainda assim, são pouco os animais que aqui habitam.
Há doenças, como a sarna, que têm atacado esta sub-espécie. Por outro lado, como por vezes a cabra-montês acasala com cabras domésticas, nascem crias que já não são cabras-monteses puras, mas animais híbridos (ou seja, que resultam da mistura entre duas espécies diferentes).
Onde se encontra?
Na região da Peneda-Gerês, no norte do país
Freira-da-madeira
(Pterodrima madeira)
Sabias que esta ave marinha é das mais raras do mundo? Vê lá que na década de 1970, pensou-se que já estava extinta. A verdade é que ainda existem algumas, mas são poucas: menos de 100 casais.
Também esta ave corre perigo devido à degradação do seu habitat. Mas no caso da freira-da-madeira, os gatos e os ratos são o seus maiores inimigos: eles atacam os ninhos para comer os ovos, pelo que poucas crias sobrevivem.
Onde se encontra?
Na ilha da Madeira, nas zonas montanhosas.
Saramugo
(Anaecypris hispanica)
Os peixes são o grupo de animais com mais espécies ameaçadas em Portugal. O pequeno saramugo, que não tem mais de sete centímetros (cabe no bolso das tuas calças) é uma delas.
As barragens, que tornam as águas mais paradas, põem em risco o seu habitat. Por outro lado, há espécies de peixes que não são típicas destas águas mas que são para ali levadas e acabam por se tornar seus predadores.
Onde se encontra?
Nas águas do rio Guadiana.
BOAS NOTÍCIAS!
No início do século XXI, o lince ibérico era o felino mais ameaçado do Planeta. Restavam menos de 100, e todos em Espanha. Para proteger esta espécie natural da Península Ibérica, Portugal e Espanha criaram um projeto para tentar salvar esta espécie. No mês passado soube-se que a população de linces-ibéricos ultrapassou os mil. São 1111, dos quais 140 habitam no nosso país.
A águia-pesqueira é a única ave de rapina europeia que se alimenta de peixe e no final da década de 1990 desapareceu de Portugal, quando morreu a última fêmea. Contudo, graças a um projeto que tinha como objetivo recuperar a espécie, alguns casais foram trazidos para a zona do Alqueva, no Alentejo, e já fizeram ali ninho.
Outra boa notícia refere-se ao abutre-preto. No século passado, deixou de fazer ninhos no nosso país, com a última cria a nascer na década de 1970. Contudo, no ano passado, já nasceram 23 crias, sobrevivendo 17. Para que não falte alimento a esta e outras aves de rapina, os pastores podem deixar cadáveres de vacas, ovelhas ou cabras nos montes, desde que o façam seguindo algumas regras.
Este artigo foi publicado originalmente na edição n.º 206 da VISÃO Júnior