Hoje, dia 11, foi anunciado o Prémio Nobel da Paz 2024. A laureada – é assim que se chama à pessoa ou organização a quem é atribuído este prémio – chama-se Nihon Hidankyo e é uma organização japonesa.
Segundo o Comité que decide a quem estes prémios devem ser entregues, a Nihon Hidankyo merece o prémio pelo seu esforço na luta pela eliminação das armas nucleares em todo o Planeta e por “demonstrar, através de testemunhos, que as armas nucleares nunca deverão ser usadas novamente”.
Como provavelmente sabes, e até já estudaste na escola, durante a Segunda Guerra Mundial, os Aliados lançaram bombas atómicas sobre as cidades japonesas de Hiroshima e Nagasaki, que resultaram na morte de mais de 200 mil pessoas que ali viviam. Desde então, não se voltaram a usar bombas atómicas em guerras, contudo, há países que já ameaçaram voltar a usar armas nucleares.
A Nihon Hidankyo, que recebeu o Nobel da Paz, representa os Hibakusha – nome que se dá aos sobreviventes de Hiroshima e Nagasaki – todos já de idade avançada, uma das razões por que o trabalho da organização é tão importante.
“Muitos dos sobreviventes já não vão estar entre nós como testemunhas da História. Mas com uma cultura forte de memória e compromisso contínuo, as novas gerações do Japão passam adiante a experiência e a mensagem das testemunhas”, acredita o Comité Nobel.
Uma das pessoas que se considerava serem candidatas ao Nobel da Paz deste ano era António Guterres, antigo Primeiro-Ministro de Portugal e atual secretário-geral das Nações Unidas (ONU), que desde há um ano tem apelado a um cessar-fogo no Médio Oriente.
Nos últimos dias, foram revelados os prémios nas restantes categorias: Medicina, Química, Física e Literatura. Na segunda-feira, dia 14, será conhecido o laueado na categoria Economia.
Prémio Nobel da Literatura
Han Kang, escritora sul-coreana, a 18.â mulher a receber este prémio
Prémio Nobel da Química
David Baker, Demis Hassabis e John Jumper, cientistas
Pémios Nobel da Física
John Hopfield e Geoffrey Hinton, cientistas pioneiros da Inteligência Artificial (IA)
Prémio Nobel da Medicina
Victor Ambros e Gary Ruvkun, cientistas
Os Prémios Nobel representam um prémio em dinheiro de 11 milhões de coroas suecas (um milhão de dólares).
Além de um prémio em dinheiro, os laureados recebem uma medalha de ouro de 18 quilates e um diploma, que lhes serão entregues nas cerimónias de entrega dos prémios, em dezembro, em Oslo e Estocolmo.
Alfred Nobel, o criador dos prémios
Estes prémios foram criados por Alfred Nobel, um químico e inventor sueco que nasceu em 1833, em Estocolmo, na Suécia. Nobel ficou conhecido por ter descoberto a dinamite, um potente explosivo. A descoberta fez dele um homem rico, mas também amargurado. A sua intenção era usar o explosivo na construção civil, mas rapidamente houve quem visse na dinamite uma potencial arma bélica, ou seja, que poderia ser usada nas guerras.
Quando, em 1888, morreu Emil, o irmão mais novo do inventor, um jornal confundiu os dois e publicou a notícia da morte de Alfred. No obituário – o nome que se dá a um texto sobre a morte de alguém – escreveram: “Doutor Alfred Nobel, que enriqueceu ao descobrir maneiras de matar mais pessoas de uma forma mais rápida do que alguma vez se viu, morreu ontem”.
Desanimado com a maneira como o haviam descrito, o inventor pensou que não queria ser recordado daquela maneira e que precisava de arranjar uma forma de compensar o mal que a sua invenção trouxera ao mundo. Assim, alterou o seu testamento e decidiu que, após a sua morte, a sua fortuna deveria ser usada para premiar pessoas que, com o seu trabalho, contribuíssem para o bem da humanidade.
Alfred Nobel morreu em 1896. A família ficou chocada com o testamento, mas a sua vontade foi cumprida. Cinco anos depois, a 10 de dezembro de 1901, começaram a ser entregues os tão famosos Prémios Nobel nas áreas da Química, Física, Medicina, Literatura, Paz. O da Economia só foi criado muitos anos depois.
Egas Moniz e José Saramago, os portugueses que ganharam um Nobel
Na história dos Prémios Nobel, Portugal foi reconhecido duas vezes. A primeira foi em 1949, quando Egas Moniz, médico neurologista, investigador, político e escritor recebeu o Nobel da Medicina.
Egas Moniz desenvolveu a leucotomia pré-frontal, uma operação cirúrgica ao cérebro que tinha como objetivo aliviar sintomas de doenças mentais. Com o tempo, porém, os médicos perceberam que se tratava de uma operação muito violenta, que deixava marcas para sempre nos doentes, e deixaram de a realizar.
O segundo Nobel português, o da Literatura, foi atribuído a José Saramago, em 1998, há precisamente 25 anos. Tu deves conhecer alguns livros que o autor escreveu para o público mais jovem, como A Maior Flor do Mundo ou O Conto da Ilha Desconhecida.
Contudo, foi graças a obras como Memorial do Convento, Ensaio sobre a Cegueira ou A Jangada de Pedra, entre muitos outros, que se tornou um escritor reconhecido em todo o mundo. Saramago morreu em 2010, em Lanzarote, a ilha espanhola onde viveu os últimos anos da sua vida.
Este artigo foi editado no dia 11 de outubro de 2024