Hoje, dia 6, foi anunciado o Prémio Nobel da Paz 2023. A laureada – é assim que se chama à pessoa a quem é atribuído este prémio – chama-se Narges Mohammadi, uma ativista iraniana que luta pela defesa dos direitos das mulheres no Irão, mas não só. Segundo o comité que decide quem deve receber este prémio, o trabalho de Narges tem ajudado a “promover os direitos humanos e a liberdade de todos”.
Este é um prémio especial, já que a ativista está presa, a cumprir uma pena de 12 anos, e nem sequer tem direito a receber visitas. No entanto, continua como vice-diretora do Centro de Defensores dos Direitos Humanos do Irão. Foi na prisão que escreveu o seu mais recente livro “White Torture” (“Tortura Branca”, em português), em que denuncia as condições de vida dos prisioneiros e os abusos que sofrem, principalmente aqueles que estão sozinhos em celas.

Nos últimos dias, foram revelados os prémios nas restantes categorias: Medicina, Química, Física e Literatura e Economia.
Prémio Nobel da Literatura
Jon Fosse, escritor norueguês
Prémio Nobel da Química
Moungi Bawendi, Louis Brus e Alexei Ekimov, cientistas
Pémios Nobel da Física
Pierre Agostini, Ferenc Kraus e Anne L’Huillier, cientistas
Prémio Nobel da Economia
Claudia Goldin
Prémio Nobel da Medicina
Katalin Karikó e Drew Weissman, investigadores cujas descobertas permitiram desenvolver vacinas mRNA eficazes contra a covid-19.
Neste tipo de vacinas, o mARN é uma espécie de «manual de instruções» que ensina o teu corpo a produzir a proteína do coronavírus, que ativará as tuas defesas. A luta é curta mas o objetivo é cumprido: o teu organismo produz as tais células de memória, que conhecem o micróbio «verdadeiro». E se um dia este atacar, não ficarás tão doente, pois o teu corpo já tem armas (anticorpos) para combatê-lo. Ou podes até nem ter sintomas.
Os Prémios Nobel representam um prémio em dinheiro de 11 milhões de coroas suecas (um milhão de dólares).
Além de um prémio em dinheiro, os laureados recebem uma medalha de ouro de 18 quilates e um diploma, que lhes serão entregues nas cerimónias de entrega dos prémios, em dezembro, em Oslo e Estocolmo.
Alfred Nobel, o criador dos prémios
Estes prémios foram criados por Alfred Nobel, um químico e inventor sueco que nasceu em 1833, em Estocolmo, na Suécia. Nobel ficou conhecido por ter descoberto a dinamite, um potente explosivo. A descoberta fez dele um homem rico, mas também amargurado. A sua intenção era usar o explosivo na construção civil, mas rapidamente houve quem visse na dinamite uma potencial arma bélica, ou seja, que poderia ser usada nas guerras.
Quando, em 1888, morreu Emil, o irmão mais novo do inventor, um jornal confundiu os dois e publicou a notícia da morte de Alfred. No obituário – o nome que se dá a um texto sobre a morte de alguém – escreveram: “Doutor Alfred Nobel, que enriqueceu ao descobrir maneiras de matar mais pessoas de uma forma mais rápida do que alguma vez se viu, morreu ontem”.
Desanimado com a maneira como o haviam descrito, o inventor pensou que não queria ser recordado daquela maneira e que precisava de arranjar uma forma de compensar o mal que a sua invenção trouxera ao mundo. Assim, alterou o seu testamento e decidiu que, após a sua morte, a sua fortuna deveria ser usada para premiar pessoas que, com o seu trabalho, contribuíssem para o bem da humanidade.
Alfred Nobel morreu em 1896. A família ficou chocada com o testamento, mas a sua vontade foi cumprida. Cinco anos depois, a 10 de dezembro de 1901, começaram a ser entregues os tão famosos Prémios Nobel nas áreas da Química, Física, Medicina, Literatura, Paz. O da Economia só foi criado muitos anos depois.
Egas Moniz e José Saramago, os portugueses que ganharam um Nobel
Na história dos Prémios Nobel, Portugal foi reconhecido duas vezes. A primeira foi em 1949, quando Egas Moniz, médico neurologista, investigador, político e escritor recebeu o Nobel da Medicina.
Egas Moniz desenvolveu a leucotomia pré-frontal, uma operação cirúrgica ao cérebro que tinha como objetivo aliviar sintomas de doenças mentais. Com o tempo, porém, os médicos perceberam que se tratava de uma operação muito violenta, que deixava marcas para sempre nos doentes, e deixaram de a realizar.

O segundo Nobel português, o da Literatura, foi atribuído a José Saramago, em 1998, há precisamente 25 anos. Tu deves conhecer alguns livros que o autor escreveu para o público mais jovem, como A Maior Flor do Mundo ou O Conto da Ilha Desconhecida.
Contudo, foi graças a obras como Memorial do Convento, Ensaio sobre a Cegueira ou A Jangada de Pedra, entre muitos outros, que se tornou um escritor reconhecido em todo o mundo. Saramago morreu em 2010, em Lanzarote, a ilha espanhola onde viveu os últimos anos da sua vida.
Este artigo foi editado no dia 10 de outubro de 2023