Como é que podemos ajudar os nossos vizinhos mais velhos e carenciados? Será possível diminuir a poluição das águas? E se arranjássemos maneira de desperdiçar menos papel? Estes foram alguns dos problemas que alunos do ensino básico e secundário tentaram solucionar através da tecnologia. Mais precisamente através de apps para telemóveis e tablets que toda a gente possa usar.
O desafio foi lançado pela Apps for Good (Aplicações para o Bem, em portguês), a maior competição de aplicações criadas por crianças e jovens que tem como objetivo ajudar a resolver problemas ambientais e da nossa sociedade. Ontem, decorreu na Fundação Calouste Gulbenkian a final desta iniciativa, que já vai na 8.ª edição, na qual já participaram 24 mil alunos, entre o 5º e o 12º ano de escolaridade, de 450 escolas de todo o país.
Ali estiveram as 22 equipas finalistas que, ao longo do dia, apresentaram ao público o trabalho que desenvolveram ao longo do passado ano letivo com a ajuda dos seus professores. Mas o momento por que todos mais esperavam aconteceu ao final da tarde com o anúncio das apps vencedoras. Damos-te a conhecer três apps que levaram prémios para casa, ou melhor, para a escola!
Uma comunidade mais unida
‘+PorSi’ é o nome da app que venceu o 1º Prémio Secundário. A equipa composta por alunos finalistas do 12º ano do curso de Gestão e Programação de Sistemas Informáticos, da Escola Secundária de Sacavém, foi desafiada pelo presidente da Junta de Freguesia. A ideia era criar uma app que ajudasse a resolver alguns problemas da comunidade. E eles aceitaram, claro! A app chama-se ‘+PorSi’ e está «quase pronta a entrar em funcionamento», dizem-nos, orgulhosos.
«Através da app as pessoas podem reportar problemas com que se deparem, como por exemplo, um buraco na estrada ou um baloiço estragado num parque infantil da freguesia. Os cidadãos com mais de 65 anos também podem registar-se para pedir ajuda para as tarefas do dia a dia que já não conseguem fazer, como montar um estendal, ir à farmácia ou passear o cão», diz-nos André Alves. «Mas na app há também uma categoria em que as pessoas se podem inscrever como voluntários, dizendo quais as tarefas que estão dipostas a realizar.São elas que depois vão ajudar quem pediu apoio.»
Mas a ‘+PorSi’ não fica por aqui, diz-nos Rafael Rodrigues, também pretende ajudar pessoas mais carenciadas: «Quem tiver móveis e outras coisas para doar, pode anunciar na app. Por exemplo, se tiver um sofá que já não precise, regista na app, a Junta anota a informação e encaminha o sofá para alguém da comunidade que precise dele.»
«Desta forma, vamos ajudar toda a comunidade e tentar que seja mais unida», explica André. «Acho que cada vez há mais jovens com vontade de ajudar os mais idosos», acrescenta Rafael.
‘Collect Oil’, a app que ganhou dois prémios
Cátia e Cristina Azevedo, 14 anos, são irmãs e, no ano passado, frequentavam o 8º ano da escola Básica D. Francisco Sanches, de Braga. Com a ajuda dos colegas Rodrigo Silva e Ricardo Loureiro, criaram a app ‘Collect Oil’ (traduzido à letra quer dizer ‘Recolha de Óleo’), com que venceram dois prémios: 1º Prémio na categoria Ensino Básico e Prémio Cool Planet (um jogo de palavras que pode significar Planeta Fixe ou Planeta Fresco).
«O problema que tentámos resolver foi o do reaproveitamento do óleo alimentar. Eu e a minha irmã fazemos muitas caminhadas e, ao longo do caminho, víamos muitas vezes garrafas com óleo alimentar depositadas junto aos contentores do lixo. E também sabemos que muitas pessoas deitam o óleo usado na pia da cozinha ou na sanita. Isso pode entupir a rede de esgotos e dificulta o tratamento das águas», explica Cátia.
«Pensámos então desenvolver uma app, que se chama ‘Collect Oil’, e que é muito simples. A pessoa regista-se na app com os seus dados, que vai contabilizando as garrafas de óleo usado que a pessoa deposita nuns oleões digitais que uma empresa que se juntou a nós está a desenvolver. Através da app, o utilizador fica a saber a quantidade de garrafas que já depositou e os pontos que ganhou com isso. Quantos mais pontos, mais descontos terá.»
E os descontos compensam, garante-nos Cristina: «Podem ser na fatura da água, nos transportes urbanos, nas atividades culturais e de lazer. Ou seja, ao mesmo que protegem o ambiente, as pessoas têm benefícios na sua vida.»
Não ao desperdício de papel!
«Tudo começou quando reparámos que sempre que carregamos os cartões da escola, a máquina dá-nos um talão. E que ao lado da máquina há um caixote sempre cheio de talões… de papel», começa por nos contar Beatriz Pires, uma das seis alunas da Escola Secundária de Vila Verde que criaram a app ‘EcoBox’. A equipa venceu o Prémio Climate & Energy (Clima e Energia) com aquilo a que chamam «uma gaveta de papéis virtual». Vamos explicar.
«A ideia é acabar com este desperdício de talões de papel, e não só na escola, mas em todas as lojas em que vamos às compras e que adiram à aplicação. Para isso é usado um código QR que o utilizador apresenta no momento da compra. A partir daí, o talão’virtual’ é enviado para o telemóvel do cliente.»
Mas a ‘EcoBox’ faz mais. Imagina que compras um computador. A loja entrega-te o talão de compra (neste caso, vitual) e o documento da garantia, que poderás usar se o computador se avariar nos dois anos seguintes. Quando o prazo da garantia estiver a terminar, a app avisa-te.
Podes ver a lista de todos os vencedores aqui.
Este artigo foi editado no dia 29/09/2022