Nós acabámos de festejar a passagem do ano de 2021 para o de 2022, mas outros povos ainda estão a preparar-se para entrar nos seus anos novos. Porque não há só um calendário! É verdade que com a globalização (um palavrão que significa que os costumes são cada vez mais parecidos pelo mundo fora), a contagem dos anos usada no Ocidente – a nossa – é reconhecida em toda a parte e utilizada nas coisas da política e do comércio. Mas nem por isso os outros calendários deixaram de existir.
Os povos islâmicos (ou muçulmanos), como os árabes, hão-de mudar de ano lá mais para o verão, a 30 de julho. E estão em 1443.
O ano 0 do calendário do Islão é aquele em que o profeta Maomé, fundador daquela religião, se mudou da cidade de Meca para a de Medina. Isso aconteceu no ano 622 da era cristã, que principia com o nascimento de Cristo. Parece que a conta está mal feita mas não: é que este calendário baseia-se no ano lunar e não no ano solar, como o nosso.
As comemorações do Ano Novo muçulmano variam conforme as regiões. Na Líbia matam uma ovelha e dão metade aos pobres; no Líbano, fazem questão de comer apenas comida de cor branca; e os malaios não varrem a casa no fim do ano, pois isso significaria tirar algo de dentro dela!
Onde não se brinca com a passagem do ano é na China: as festas duram seis semanas, entre Janeiro e Fevereiro! Os chineses fazem uma limpeza completa à casa. Na última noite do ano as luzes ficam acesas e ouve-se o rebentar de muitas bombinhas. Tudo isto, dizem, para afastar os espíritos indesejáveis. Os chineses adoram jogos de azar, que estão proibidos em quase todo o país. Mas nos primeiros três dias do ano podem jogar à vontade! Cada ano chinês é simbolizado por um de 12 animais – Rato, Boi, Tigre, Coelho, Dragão, Serpente, Cavalo, Carneiro, Macaco, Galo, Cão e Javali. Terminado o ciclo, volta-se ao primeiro. Neste momento estamos no ano do Rato, mas o que vai começar a 25 de janeiro é o ano do Tigre. Segundo a cronologia chinesa, é o ano 4719. A contagem começou em 2697 a.C., quando o Rei Amarelo subiu ao trono.
Os judeus (ou hebreus, ou israelitas), vão entrar no ano 5783, mas só a 26 de Setembro. A contagem é feita a partir do que dizem ser «a criação do mundo» – a Rosh Hashanah. O cálculo é baseado numa leitura à letra dos livros da Torah, que correspondem mais ou menos ao Antigo Testamento da Bíblia cristã. Os judeus comemoram a passagem do ano visitando os túmulos dos antepassados e praticando atos religiosos durante dez dias, até ao Yom Kippur, ou Dia do Perdão, durante o qual estão proibidos de comer, beber e trabalhar.
O Ano Novo não é nenhuma festa! Os budistas tibetanos, que vão no ano 2146, têm também uma passagem de ano tudo menos divertida, completamente voltada para a religião e o recolhimento.
Alguns indianos começam a contar a sua era 57 anos antes do nascimento de Cristo (a era de Vikram), outros 79. Quer dizer que uns estão agora no ano 2076 e outros no ano 2098. Não admira que assim seja, pois existem muitas tradições na Índia, uma das regiões culturalmente mais ricas do mundo!
Cada país com seu uso
Há poucos dias, nós, os portugueses, comemos 12 passas enquanto soaram as badaladas da meia-noite de 31 de Dezembro. Outros bateram tachos e panelas na rua.
Se por cá comemos bolo-rei e rabanadas, os franceses preferem mariscos, os húngaros carne de porco e os dinamarqueses peixe com batatas.
Nas aldeias da Dinamarca põem um pote de arroz nos estábulos, para os gnomos se entreterem e não incomodarem as pessoas! Na Áustria atiram um pedacinho de chumbo derretido para dentro de um copo de água. A figura que surge quando o chumbo arrefece é guardada como amuleto.
Na Colômbia pegam numa mala e dão uma volta à casa, despedindo-se daqueles com quem se cruzam. Já na Coreia, visitam os vizinhos e fazem grandes vénias.
Na Escócia, na noite do réveillon, homens e mulheres beijam-se na boca. E se a primeira visita que se recebe no ano for um homem moreno, é de bom agoiro; mas se for louro, cuidado, porque dá azar. Mas azar, azar é se a visita for uma mulher!