Esta semana já foram anunciados os nomes dos cientistas que receberam os Nobel da Medicina, da Química e da Física. Hoje, soubemos que a poetisa norte-americana Louise Glück foi a escolhida pelo júri para o Nobel Literatura, pela “sua inconfundível voz poética”. Agora só falta saber quem será laureado – este é o nome que se dá às pessoas que recebem este prémio, ou galardão – com os Nobel da Paz e da Economia.
O Nobel da Medicina foi atribuído a Harvey J. Alter, Michael Houghton e Charles M. Rice, três cientistas que descobriram o vírus que provoca a hepatite C. O seu trabalho teve muita importância porque permitiu desenvolver um medicamento que cura a doença que, sem tratamento, é crónica e leva à morte por cancro do fígado.
Na Física, o prémio também foi repartido por três: Roger Penrose, Reinhard Genzel e Andrea Ghez, um trio de investigadores que tem estudado os buracos negros. Trata-se de estruturas no espaço que atraem tudo o que está à sua volta. E fazem-no com tanta força que nada de lá escapa, nem sequer a luz. Através de observações feitas com os mais modernos telescópios ao longo de vários anos, os três laureados perceberam que bem no centro da nossa galáxia, a Via Láctea, está um buraco negro.
Ontem, quarta-feira, o Nobel da Química foi atribuído a duas mulheres, algo que nunca tinha acontecido. As cientistas Emmanuelle Charpentier e Jennifer A. Doudna desenvolveram uma ferramenta de “copy/paste” que permite eliminar ou adicionar genes ao ADN de qualquer ser vivo. Isto possibilita o tratamento de doenças como o cancro, e também modificar os alimentos, de forma a torná-los mais saborosos ou resistentes a pragas.
Amanhã, sexta-feira, será anunciado o Nobel da Paz. Greta Thunberg é uma das favoritas ao prémio, ao lado de outras 211 pessoas e 107 organizações. Já tinha sido candidata em 2019, mas não foi a escolhida. Finalmente no dia 12, será anunciado o Nobel da Economia.
Os prémio são entregues todos os anos, desde 1901, no dia 10 de dezembro – a data em que Nobel morreu. Este ano, devido à pandemia, em vez da cerimónia habitual que tem lugar em Oslo, na Noruega, com cerca de mil convidados, o evento terá apenas cerca de 100 participantes e será transmitido pela televisão.
As pessoas que vencem um Nobel ganham uma medalha e um diploma, mas também um prémio em dinheiro (para que possam investi-lo em mais pesquisas e trabalhos).
Alfred Nobel, o criador dos prémios
Estes prémios foram criados por Alfred Nobel, um químico e inventor sueco que nasceu em 1833, em Estocolmo, na Suécia. Nobel ficou conhecido por ter descoberto a dinamite, um potente explosivo. A descoberta fez dele um homem rico, mas também amargurado. A sua intenção era usar o explosivo na construção civil, mas rapidamente houve quem visse na dinamite uma potencial arma bélica, ou seja, que poderia ser usada nas guerras.
Quando, em 1888, morreu Emil, o irmão mais novo do inventor, um jornal confundiu os dois e publicou a notícia da morte de Alfred. No obituário – o nome que se dá a um texto sobre a morte de alguém – escreveram: “Doutor Alfred Nobel, que enriqueceu ao descobrir maneiras de matar mais pessoas de uma forma mais rápida do que alguma vez se viu, morreu ontem”.
Desanimado com a maneira como o haviam descrito, o inventor pensou que não queria ser recordado daquela maneira e que precisava de arranjar uma forma de compensar o mal que a sua invenção trouxera ao mundo. Assim, alterou o seu testamento e decidiu que, após a sua morte, a sua fortuna deveria ser usada para premiar pessoas que, com o seu trabalho, contribuíssem para o bem da humanidade.
Alfred Nobel morreu em 1896. A família ficou chocada com o testamento, mas a sua vontade foi cumprida. Cinco anos depois, a 10 de dezembro de 1901, começaram a ser entregues os tão famosos Prémios Nobel nas áreas da Química, Física, Medicina, Literatura, Paz. O da Economia só foi criado muitos anos depois.
Egas Moniz e José Saramago, os portugueses que ganharam um Nobel
Na história dos Prémios Nobel, Portugal foi reconhecido duas vezes. A primeira foi em 1949, quando Egas Moniz, médico neurologista, investigador, político e escritor recebeu o Nobel da Medicina.
Egas Moniz desenvolveu a leucotomia pré-frontal, uma operação cirúrgica ao cérebro que tinha como objetivo aliviar sintomas de doenças mentais. Com o tempo, porém, os médicos perceberam que se tratava de uma operação muito violenta, que deixava marcas para sempre nos doentes, e deixaram de a realizar.
O segundo Nobel português, o da Literatura, foi atribuído a José Saramago, em 1998. Tu deves conhecer alguns livros que o autor escreveu para o público mais jovem, como A Maior Flor do Mundo ou O Conto da Ilha Desconhecida.
Contudo, foi graças a obras como Memorial do Convento, Ensaio sobre a Cegueira ou A Jangada de Pedra, entre muitos outros, que se tornou um escritor reconhecido em todo o mundo. Saramago morreu em 2010, em Lanzarote, a ilha espanhola onde viveu os últimos anos da sua vida.