O Fórum Económico Mundial (FEM) é uma reunião em que se encontram os principais líderes políticos, donos de empresas e jornalistas de todo o mundo, que acontece em Davos, na Suíça. Este ano, comemoram-se 50 anos de reuniões, estão presentes cerca de três mil participantes e as alterações climáticas são um dos temas-chave do encontro. Por isso, Greta Thunberg era uma presença obrigatória; já o ano passado a ativista de 17 anos discursou na mesma reunião e foi nessa altura que se tornou famosa a frase: “Quero que entrem em pânico. Trata-se da nossa casa, que está a arder”.
Hoje de manhã, num encontro com outros jovens ativistas pelo clima que antecedeu o seu discurso no FEM, Greta já deixava o alerta. “O clima e o ambiente é um tópico quente neste momento. E muito graças à pressão dos jovens. Mas, se virmos de outra perspectiva, praticamente nada foi feito, já que as emissões globais de dióxido de carbono não foram reduzidas”, disse.
Como evitar o apocalipse climático
Mais tarde, quando discursava ao final da manhã durante a sessão que teve como tema Como evitar o apocalipse climático, Greta dirigiu-se diretamente aos líderes políticos e aos empresários presentes: “Há um ano vim a Davos e disse-vos que a nossa casa estava a arder”. Um ano depois, “a vossa inação está a alimentar as chamas a cada hora”, acusou.
“Vamos ser claros. Nós não precisamos de uma ‘economia de baixo carbono’. Nós não precisamos de ‘reduzir as emissões’. As nossas emissões têm de parar. Qualquer plano ou política vossa que não inclua cortes radicais de emissões na fonte, começando hoje, é completamente insuficiente” para atingir os objectivos do Acordo de Paris, disse. “Não queremos estas coisas feitas até 2050, 2030 ou 2021. Queremos isto feito agora.” Greta sublinhou ainda que os ativistas não estão a pedir para “compensar as emissões [de CO2) pagando a alguém para plantar árvores em África enquanto a Amazónia é derrubada”.
Na sessão, esteve presente Donald Trump, presidente dos Estados Unidos da América, que é conhecido por negar a crise climática e que anunciou que o seu país se vai juntar à iniciativa que visa plantar um bilião de árvores no mundo. “Claro que plantar árvores é bom, mas está longe de ser suficiente”, alertou a jovem sueca no seu discurso.
Greta Thunberg está em Davos com outros jovens ativistas do movimento Fridays For Future [Sextas-ferias para o Futuro] e já aconteceram manifestações sexta-feira, em Lausanne, também na Suíça. Estes ativistas pelo clima estão em Davos para “exigir” às empresas, governos e instituições que “parem imediatamente” os investimentos e subsídios para explorações de combustíveis fósseis.
O fórum vai ainda homenagear investigadores e jovens cientistas, entre eles Fionn Ferreira, um lusodescente de 18 anos que criou um método para remover microplásticos dos oceanos, e que foi premiado em agosto na Google Science Fair 2019, Ayakha Melithafa, uma ativista ambiental sul-africana de 17 anos, e a canadense Autum Peltier, que luta pela preservação da água desde os 8 anos.