A viagem de 34 mil quilómetros deverá demorar sete anos ininterruptos. O ponto de partida foi escolhido como representante do berço da humanidade, depois de terem sido descobertos neste local alguns dos mais antigos fósseis de Homo Sapiens registados, com cerca de 160 mil anos.
Licenciado em biologia e duas vezes vencedor do prémio Pulitzer de jornalismo, Paul Salopek acredita que o Homem evoluiu, apreendendo o mundo à velocidade a que caminha: “Fomos desenhados para absorver informação a cerca de 5 km/hora”, estima.
Numa entrevista à rádio canadiana CBC, em resposta à questão de “Porquê a pé?”, Salopek explica que “quando saímos do nosso veículo somos forçados a interagir com as pessoas. Estamos literalmente ao mesmo nível que as nossas fontes. O melhor jornalismo é colaborativo (…) Viverei com as pessoas que habitam os problemas”.
Na base do seu projeto está ainda uma crítica ao paradigma atual do consumo de informação na sociedade, que Salopek descreve como uma “sobrecarga”. Há “demasiada informação, mas falta de significado”, defende, distinguindo o “jornalismo industrial” e o que ambiciona fazer e que classifica como “jornalismo lento”, caracterizado pela importância do “contexto, outra camada de sentido”.
Apesar da viagem pelo “passado”, o jornalista tenciona abordar assuntos atuais, abordando-os, no entanto, de uma perspetiva diferente.
Desacelerar
Salopek espera que a jornada lhe desacelere o processo de escrita, e espera ainda conseguir desacelerar os leitores, “expandindo as suas capacidades de atenção”, cujo padrão de consumo de informação julga estar atrofiado numa era “em que um maremoto de informação nos está a inundar a todos”.
O projeto tem o apoio da National Geographic, que manterá um site na Internet atualizado a cada 160 quilómetros com uma fotografia panorâmica e as respostas da pessoa mais próxima, nesse ponto, às questões “Quem é? De onde vem? Para onde vai?”.