Há alguns meses que os milhares de alunos que participaram em ‘Miúdos a Votos: Quais os livros mais fixes?’ esperam por este dia. É o dia da festa final, que mais uma vez se realiza na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, onde serão revelados os livros preferidos dos alunos portugueses.
Mas isso só se saberá à tarde, durante o espetáculo, onde alunos de várias escolas do País vão subir ao palco e alegrar a festa. Durante a manhã, foi tempo de participar nas várias oficinas e no peddy-paper VISÃO Júnior. Tudo bem relatado pela equipa da Rádio Miúdos, aqui presente que, ao longo do dia, vai dando conta do que acontece através do seu estúdio móvel.
No interior da fundação, decorre uma das oficinas que atrai sempre muitos participantes, que ali encontram um grande desafio: fazer uma capa da VISÃO Júnior. Multiplicam-se os materiais e os temas, da reciclagem à poluição, da guerra na Ucrânia à arte de Van Gogh e Picasso ou aos versos de Camões, sem esquecer o festival da Eurovisão.

Ao mesmo tempo, lá fora, também há muito a acontecer. Ana é bióloga marinha, mas apaixonada por plantas. Desde sempre fez coleções da natureza, de fósseis apanhados na praia e alguma fauna marinha e lixo marinho. Depois de reunir a turma do 3º ano, meninos e meninas entre os 8 e os 10 anos, da EB2 Serra das Minas, em Sintra, abre a sua caixa mágica e começam as perguntas para os novos exploradores adivinharem o que são pinhas e o seu fruto, os pinhões e como há cada vez menos pinhais devido à construção de casas.

A oficina “Biodiversidade no Jardim: a fauna e a flora” foi uma das que preencheu a manhã de centenas de alunos que hoje vieram à Fundação Gulbenkian descobrir quais foram, afinal, os livros mais votados.
Na oficina também se olha com olhos de ver para uma folha do azevinho, parecida com a do louro usada na culinária, mas, entretanto, proibida de ser apanhada pois está em vias de extinção.
Ninguém sabia que a planta macho e a planta fêmea são distintas: a “menina” é a que tem as bolinhas vermelhas, a mais bonita e usada no Natal.
Tal como a monitora Ana, também o pequeno Martim conta que guarda em casa uma coleção de rochas e pedras, em que o quartzo arco-íris é a mais preciosa.

Descobrir o eucalipto, árvore australiana, foi mais fácil do que o carvalho, árvore predileta dos esquilos por estar cheia de bolotas, fruto também dos sobreiros, de onde é extraída a cortiça, matéria-prima tão valiosa para a economia de Portugal.
A atenção dos alunos desvia-se quando um casal de patos-reais curiosos se aproxima. Por fora, são os dois diferentes: ele, de cabeça verde e penas azuis laterais; ela, com penugem castanha, mais parecida com o ninho. Característica natural que as ajuda a camuflarem-se e a passarem despercebidas aos predadores. Todas as crianças ficam a saber que os patos voam e comem caracóis, minhocas, libelinhas e outros pequenos insetos.
Entretanto, num outro recanto do jardim, bem fresco graças à sombra das árvores, fala-se de ambiente na oficina “O papel dos espaços verdes urbanos na regulação ambiental”, com os 22 alunos da Escola Mestre Martins Correia da Golegã.

De nariz no ar, identificam a árvore mais comprida de todas que parece tocar o céu azul da cidade, a que dá a folha para o chá de tília. No ligustro cheio de florinhas brancas posam as abelhas à procura de pólen. É aí que “cheira a primavera”, concordam todos, crianças e adultos.
Junto às grossas raízes de uma ficus-elástica ou árvore-da-borracha, as palmas das mãos juntam-se para as empurrarem com toda a força. O passeio segue agora junto ao grande lago da Gulbenkiam e uma zona de bambus e repara-se nos bichos-da-conta, libelinhas a voar e patos a grasnar.

São muitos os adolescentes que estão a participar no peddy-paper da VISÃO Júnior, rico em desafios para percorrerem os espaços verdes e estarem atentos a peças emblemáticas. Enquanto uns procuram o busto de Calouste Gulbenkian, outros têm de adivinhar o nome do arquiteto paisagista do jardim ou de um artista plástico de uma instalação.
O que virá a seguir ao almoço? A popular arruada, com certeza, que enche os jardins com slogans relativos a livros e muita alegria. Ingredientes muito apreciados por todos aqueles que gostam de ler.