Se numas eleições políticas há sondagens que tentam prever os resultados das votações, porque não havemos de fazer o mesmo aqui, a propósito de Miúdos a Votos?, pensou Fátima Pina, professora bibliotecária das escolas Galopim de Carvalho e Padre Alberto Neto, em Queluz. E tinha razão, como se verá mais adiante.
«Estava na biblioteca, no meu tempo de CRE (Centro de Recursos Educativos) quando a professora veio ter comigo e me perguntou se eu não queria formar uma empresa de sondagens com outros alunos. Aceitei de cara!», conta João Paiva, 15 anos, com o seu sotaque brasileiro do estado de Minas Gerais, de onde chegou este verão.
«Eu também aceitei de cara», acrescenta Ana Oliveira, 15 anos, vinda de Brasília. Para completar a empresa, a que deram o nome de GAL Sondagens, juntou-se um terceiro elemento: Inês Marques, 17 anos, que foi a «madrinha» dos dois alunos brasileiros quando eles chegaram à Galopim de Carvalho («a escola deu-nos um apoio incrível, que não esperávamos», diz João de sorriso aberto).
«Adoro o tempo na biblioteca», comenta Inês. São todos alunos do 9.º ano.
Preparar as entrevistas para a sondagem
Entusiasmados com a ideia, meteram mãos ao trabalho. E o entusiasmo foi crescendo tanto que, quando deram conta, queriam fazer entrevistas a todos os alunos da escola, para lhes perguntar em quem tencionavam votar. E quase o conseguiram: ao todo, entrevistaram alunos de 13 turmas, num total de 272 pessoas. Construíram um calendário de horários com todas as turmas e visitaram-nas dentro da sala, para individualmente perguntarem a cada pessoa em que livro tenciona votar!
«Entrávamos na sala, explicávamos o que são os Miúdos a Votos, o que estávamos ali a fazer e íamos à carteira falar com cada um dos alunos, individualmente, perguntando-lhes se tencionavam votar e, em caso afirmativo, em quem», explica João. «Tentávamos ser o mais rápidos possíveis, para não interromper demasiado a aula», acrescenta Ana.
Seguiram as regras básicas das sondagens eleitorais: a pergunta foi feita do mesmo modo a toda a gente, num período de tempo curto (entre 2 e 5 de março), e a resposta foi dada individualmente. Uma trabalheira!
Aqui, quase toda a gente vai votar!
João, Ana e Inês apuraram assim as intenções de voto dos seus colegas na Escola Galopim de Carvalho e apresentaram os resultados da sondagem na outra escola do Agrupamento, a Padre Alberto Neto, numa animada e concorrida sessão de esclarecimento de Miúdos a Votos, perante uma plateia de mais de 250 pessoas.
A apresentação dos resultados da sondagem foi um dos dois momentos altos da sessão: quando anunciaram que O Diário de Anne Frank reunia o maior número de intenções de votos, ouviram-se gritos e uma explosão de palmas no auditório da Escola Padre Alberto Neto.
Numa sondagem pergunta-se se uma pessoa tenciona votar (quem não vota abstém-se); se, indo votar, já decidiu a quem vai dar o seu voto (os que ainda não sabem são os indecisos). Impressionante é o número da abstenção, comparado com os números da abstenção nas eleições a «sério»: aqui, apenas 4,2% dos alunos disseram que tencionam não votar – nas últimas eleições presidenciais, a abstenção foi de cerca de 51%, o que quer dizer que metade das pessoas que podia ir votar não fez.
Os cinco livros vencedores na Galopim, segundo a sondagem
Segunda a sondagem efetuada pelo GAL, os livros mais votados na Galopim de Carvalho, no 3.º ciclo, serão os seguintes:
1º O Diário de Anne Frank, de Anne Frank
2º Stranger Things – Mentes Inquietas, de Gwenda Bond
3º Avozinha Gangster, de David Walliams
4º O Rapaz do Pijama às Riscas, de John Boyne
5º O Cavaleiro da Dinamarca, de Sophia de Mello Breyner Andresen
E tu, já decidiste em quem vais votar?