Hoje foi um dia candidato a mais estranho da minha vida! E porquê? Logo de manhã acordei e vi que as flores da jarra que tenho no meu quarto estavam cinzentas! … Achei estranho porque as tulipas, no dia anterior, estavam viçosas e coloridas. Olhei em volta e reparei que as flores não eram a única coisa que estava cinzenta…Os móveis que, anteriormente, eram cor-de-rosa também estavam cinzentos, as paredes, inicialmente lilases, estavam com a mesma tonalidade. Fiquei confusa! … Estaria a ver mal ou tudo não passava de um sonho?!
Belisquei-me…e doeu!! Mas continuava tudo igual!..Resolvi abrir a janela e o parque situado em frente à minha casa tinha perdido a frescura dos seus vários tons de verde: a relva, os arbustos, os plátanos e os pinheiros mal se distinguiam, sendo apenas uma massa cinzenta. Porém, as crianças brincavam como se nada se passasse e os pais conversavam desatentamente.
Resolvi ir ter com a minha mãe à cozinha e a sua roupa, bem como os seus olhos, anteriormente azuis, tinham-se transformado num cinzento monótono. Assustada, disse: -mãe, o que é que está a acontecer?!
-Acontece que vais chegar atrasada à escola!
– Não é isso! O cinzento está a dominar o mundo! – exclamei.
O meu irmão, nesse momento, apareceu e disparou. – Cala-te, deixa de ser parva!!
– Ó Leonor, todas as primeiras segundas-feiras de cada mês o mundo torna-se cinzento!!- respondeu a minha mãe num tom irritado.
-Mas porquê? Nunca reparei!
– Andaste no mundo da Lua até hoje… Não vês que a fada que pintava o mundo está a ficar velhota e todas as primeiras segundas-feiras de cada mês passaram a ser o seu dia de folga?! Como ela não tem quem a substitua, não há cores nesses dias.
-Isso é completamente absurdo!! Hoje é dia 1 de Abril?
– Não! Sua tola! Nem a data sabes?!
-Sei lá! Hoje acordei tão confusa, que nada faz sentido…
-Como se alguma coisa fizesse sentido para ti!
-Mas, mãe…
-Toma mas é o pequeno-almoço, senão ainda perdes o autocarro.
Não tive outro remédio senão obedecer e lá engoli a torrada e o leite em tons acinzentados…
Peguei na mochila e corri para a paragem. O meu autocarro não se distinguia dos restantes, pois só existia uma cor: cinzento, cinzento…
Entretanto, uma campainha soou! Tudo não passava de um sonho…Estava na aula de Português e tinha adormecido… Aquele som estridente era o toque de saída e os tons de cinzento estavam apenas nas nuvens carregadas de água prestes a cair! Peguei no guarda-chuva e saí.
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