As coisas sucedem-se em catadupa e o que se deseja em conversa com amigos torna-se realidade! Não acreditas? Pois foi o que aconteceu aos alunos endiabrados, mas interessados, do sétimo E. Este grupo estava já cansado de tantas vezes ser advertido para as regras de comportamento em sala de aula e indagava:
– Por que razão não podemos falar sobre o que nos perguntam? – Interveio Luís, sempre pronto a dar a sua opinião.
– Concordo contigo! Cortam-nos sempre a palavra. – Disse Tomás.
– O melhor mesmo era que não houvesse adultos! – Exclamou Tiago.
Entretanto, a campainha, atenta ao cumprimento de horários, tocou. Percorreram os corredores da escola e subiram degrau a degrau a escada que os separava da aula. Enquanto o faziam, notavam que as batas amarelas envergadas pelos funcionários não os orientavam, mas não deram importância a esse pormenor.
Chegados à sala de aula, aguardavam a professora, que tardava. Esperavam, porém ninguém aparecia. Resolveram, então, procurar ajuda, mas não havia um único adulto.
– Que se está aqui a passar? – perguntou o Pedro, satisfeito.
– Não sei, mas é tudo muito estranho. – Respondeu-lhe a Mariana, rapariga responsável e ponderada.
– O melhor será telefonarmos aos nossos pais. – Sugeriu Rita.
Todos concordaram e pegaram nos telemóveis. Tentaram uma, duas, três…ninguém atendia. Os três estarolas entreolharam-se… não estavam a acreditar, mas…o desejo de Tiago concretizara-se!
Ora, passado o pânico inicial, todos se sentiram felizes, pois, afinal, o mundo era deles! E assim os dias foram passando, numa verdadeira anarquia! Não havia horários, não havia regras, nada! As ruas estavam de pantanas! A cada passo surgiam cenários, que apenas os cantinhos da imaginação permitem alcançar!
Entretanto, o acordar furioso desses dias começava a cansar Bárbaras, Ruis, Ritas, Renatos, Anas estavam cansados de ter todo o tempo para os jogos, Facebook, futebol, ginástica, música… Com tanta liberdade estas actividades tornavam-se monótonas e desinteressantes. Isto para não falar da necessidade de alimentos. Ui!, que saudades da comida da mamã! Após tantos dias a comer hambúrguer, pizza e afins não há paladar que aguente e não reivindique a sopinha da avó e, até o impensável: o peixe cozido com batatas e couves que as mães insistem que se coma!
– Temos de fazer alguma coisa! – Exclamou Inês determinada.
– O melhor é reunirmo-nos e analisar a situação. – Atalhou Diogo.
E assim foi! Tal como o búzio, que em tempos idos, chamava todos a reunir, o telemóvel congregou a turma na casa de Margarida, onde os olhares colados ao chão e o morder de lábios davam sinais de nervosismo. Tiago confessou que gostava de ter ali a mãe a proibi-lo de jogar futebol. Dinis, agarrado à irmã, aninhou-se e sugeriu que cada um pensasse para si na situação, pois o silêncio é bom conselheiro.
Compenetrados a tentar ouvir a voz da razão, eis que ouvem a mãe de Margarida chamar e perguntar que bagunça era aquela. Os sorrisos iluminaram a sala! Como era bom ouvir novamente as advertências de uma mãe!
Precipitaram-se, então, para a porta e correram para suas casas. Afinal, um grande vendaval passou por lá! A ventania varreu a barafunda e tudo estava normal… Como era bom sentir, de novo, que há regras para acatar!
Trabalho realizado pelo 7º E, Escola Secundária José Régio, coordenado pela professora Alexandra Madaíl