Eram oito horas da manhã. Estava muito Sol, apesar de ser Inverno. A Maria e o Duarte, dois irmãos, estudavam numa escola situada perto do mar e, como era habitual, iam chamar o João, o seu melhor amigo, para irem juntos para a escola.
Na escola o ambiente parecia agitado. Era difícil perceber o que estava a acontecer. A directora da escola reuniu os alunos no polivalente, pediu silêncio, e disse:
– Tenho uma notícia muito grave para vos dar. Recebi informações do Ministério da Educação a dizer que o Estado não tem dinheiro para financiar as escolas e que por isso elas vão fechar.
Ouviu-se uma manifestação geral de alegria, por parte dos alunos, que se atropelavam uns aos outros a correr para o exterior da escola. Sentiam-se, livres!
Os dias foram passando e os nossos amigos continuaram a encontrar-se, radiantes da vida, até que um dia o João deixou de aparecer. Foram a casa dele e a mãe do João disse-lhes que pensava que o filho estava com eles. Naquele dia o João não apareceu em casa. A mãe telefonou aos dois irmãos que confirmaram que não o tinham visto.
Maria e Duarte pediram aos pais para sair e foram de bicicleta procurá-lo. Avistaram a escola ao longe e, quando se aproximaram, foram surpreendidos por um bando de rapazes que os empurrou para o interior e os fez cheirar uma substância tóxica. Quando acordaram, estavam junto do João atados e amordaçados.
Entretanto, a mãe do João e os pais dos dois irmãos tinham contactado entre si, e, como não conseguiam falar com os seus filhos, partiram à sua procura. Quando viram as bicicletas à porta da escola, chamaram a polícia.
Aquele lugar tinha sido transformado num armazém de artigos roubados e a polícia, conhecedora da situação, chegou com reforços e aos poucos foi apanhando o grupo. Entretanto o João e os amigos tinham conseguido tirar as mordaças e libertar-se e juntaram-se à polícia.
Os pais da Maria e do Duarte, que eram empresários, ao perceberem que o bando era constituído por rapazes da idade dos seus filhos, ficaram indignados e chamaram a televisão, pois, como já era de esperar, o facto de as escolas estarem fechadas e das famílias estarem a trabalhar fazia com que os jovens não tivessem ocupação e fossem atraídos para a marginalidade.
Depois deste acontecimento, outros se sucederam pelo país fora. Famílias, professores e alunos exigiram a reabertura das escolas, o que obrigou o Ministério da Educação a reconsiderar.
Os meninos do bando, no entanto, foram obrigados a prestar trabalho comunitário.