As coisas até começaram bem… afinal a nossa turma ganhara o concurso de robótica da Feira de Ciências e foi o delírio quando soubemos o prémio: uma visita à ESA (Agência Espacial Europeia), em Paris.
A viagem foi fantástica, infelizmente a visita à agência espacial não foi bem como tínhamos imaginado: eram muitas palestras, colóquios e exposições… tudo em francês! Até a professora adormeceu…
Foi então que o Fernando, quase a cair de exaustão, se encostou a uma porta que se abriu de repente e lá foi ele por umas escadas a baixo. Nós corremos atrás dele e encontramo-lo meio atordoado junto a um campo multicolor. Parecia mesmo um campo de futebol. E no centro, uma a bola dourada à nossa espera… Nem foi preciso pensar. Corremos até lá e o Nuno chutou-a com um sentimento de vitória. Mas nesse momento tudo começou a flutuar… Tentávamo-nos segurar a algo mas não conseguíamos… Éramos leves como balões… A Mariana, o Jorge e a Rafaela davam piruetas no ar, os rebuçados da Maria fugiam pelo espaço sem que ela os conseguisse agarrar, pairavam no ar os cachecóis, os colares, as carteiras e os berlindes do Miguel, a saia da Marta subia, o Tiago ria, o João chorava, os cabelos da Eduarda pareciam um leque de um pavão e o César e o David tentavam apanhar a bola dourada que girava por cima das suas cabeças. Na verdade, naquele momento, já não parecia muito uma bola de futebol. Tinha botões a piscar e emitia um som agudo que nos fez ficar apreensivos. Como iríamos resolver esta confusão?
– Temos de trabalhar em equipa! – gritou o Joaquim.
E assim foi. Com muito esforço fizemos uma corrente humana até junto da bola e conseguimos agarrá-la. Mas como é que a desligávamos?
– Tem de ser o botão cor-de-rosa! – exclamou a Mafalda.
E pressionou-o.
Imediatamente a gravidade voltou e caímos aparatosamente no chão. Ninguém se magoou, só o nosso orgulho. Colocamos a bola no sítio, recolhemos os nossos objectos (convinha não deixar nenhum indício da nossa presença) e saímos dali o mais rapidamente possível.
A professora já andava à nossa procura. Passou-nos um raspanete por nos termos afastado, por nunca ouvirmos as suas recomendações e por andarmos sempre “com a cabeça no ar”. Se ela soubesse…