Numa manhã muito chuvosa de Inverno, em que todos ainda dormiam, na aldeia dos Milagres, algo de terrível se passou. Como estava situada perto do mar, foi atingida por uma onda gigante que arrastou as casas para dentro de água, ficando tudo submerso.
As pessoas, temendo pela vida, sustiveram a respiração. Só depois repararam que conseguiam respirar normalmente debaixo de água. Ficaram espantadíssimas! Como era possível aquilo acontecer?!
Quando se acalmaram e confirmaram que estavam bem, preocuparam-se em resolver os problemas que começaram a surgir. Uma das suas preocupações era sair do mar e o outro afastarem-se dos tubarões e dos seres horrorosos que ali habitavam. Todos andavam atarefados a consertar, a compor aquilo que tinha saído do lugar. Tinham arranjado, então, solução para os seus problemas.
Com o passar dos dias, os tubarões e os outros animais foram-se afastando. A aldeia dos Milagres foi procurada durante anos, mas nunca aquela aldeia fora encontrada.
Após alguns anos, debaixo de água, uma senhora, de nome Helena, lembrou-se que tinha deixado o seu filho Xavier de 8 anos . E pensou: “Se eu tenho cauda de sereia, o meu filho também terá!” Foi procurá-lo, passando por oceanos, mares, rios até chegar a uma gruta, onde ouvia vozes. Era mesmo o filho com o pai, o senhor Renato.
Tudo foi contado e recontado durante dias, pois tinha sido muito o tempo que mediara desde a última vez que se tinham visto. Mas era necessário sair dali, regressar à sua casa.
O senhor Renato sugeriu:
– Porque não começamos por construir a nossa casa? Daqui já não conseguimos sair nem viver na terra. Já temos todas as características dos seres aquáticos…
– Isso é um autêntico disparate! – respondeu logo a mãe.
E a discussão começou a ficar mesmo brava. Até que o filho de ambos colocou um ponto final no assunto.
– Vamos começar por fazer os planos e organizarmo-nos.
Assim foi. A mãe fez a planta da casa e o filho organizou os materiais que por ali existiam e que fossem resistentes. O senhor Renato tratou de iniciar a construção, pois era um exímio construtor na sua antiga aldeia.
Ora, com este exemplo, os outros habitantes lançaram também eles mãos à obra e até o senhor Renato e a sua família ajudaram. Foi mesmo um trabalho comunitário. Passados alguns meses, era reconfortante observar a “Aldeia Submarina dos Milagres”!
6º 1 – E. B. 2, 3 de Lamego
Professora Isilda Lourenço Afonso