E se de repente…
Só ficássemos com um olho, com um fio de cabelo e na ponta um piolho!
A boca servisse para cheirar, as mãos para ver e o nariz para petiscar?
E com apenas um dente, pudéssemos cortar uma corrente?
Um olho falasse, o outro não pestanejasse e a boca se calasse!
Os nossos ouvidos começassem a discutir, os outros fartos de chamar e nós sem os conseguirmos ouvir!
Tivéssemos barbatanas, o corpo coberto de escamas, e em vez de braços duas finas canas!
Também tivéssemos mãos de madeira, seriamos inimigos do caruncho e teríamos de ter cuidado com a fogueira!
Os pés servissem para apanhar e as mãos para no céu caminhar?
O corpo humano deixasse de obedecer, fizesse uma revolução e parasse de crescer!
E se de repente…
As aves deixassem de voar, já não seriam felizes e deixariam de cantar…
O norte fosse sul, vivíamos no litoral, junto do mar azul!
Um pequeno rio se lembrasse de crescer e de se tornar num mar a valer?
O sol ficasse cinzento, todo o dia era noite, isso era um tormento…
O sol se eclipsasse de vez, a lua desaparecesse e a Terra com os outros planetas se desentendesse!
E se de repente…
Uma conta fizesse o João, tinha de ser, por exemplo, um vezes um milhão
A Irina fizesse uma composição, seria sobre a pitucha, a sua gata de estimação!
O Nuno levasse mais um recado, de certeza que nas aulas seguintes, ficaria mais calado!
A leitura acabasse, já não havia leitores, nem quem os livros ilustrasse…
Não houvesse cores, o arco-íris deixaria de existir e as crianças não poderiam os desenhos colorir!
Já não houvesse escola, não aprendíamos nada, nem jogávamos a bola!
E se de repente…
Uma escova de lavar os dentes, mudasse de função e servisse para ler mentes?
Comêssemos um meloa, pintássemos os desenhos a toa e o rei não usasse coroa?
Um pequeno telefone mudasse de forma e se transformasse num megafone…
A estrela de uma árvore de Natal servisse para iluminar a alegria e acabar com o mal!
A electricidade fosse motor do amor e a fonte de energia da felicidade!
Um balão de ar servisse, por exemplo, para os frutos apanhar!
E se de repente …
Voltássemos ao antigamente, o que para alguns seria surpresa era saudade para muita gente!
Se de repente não houvesse imaginação para escrever uma carta, um poema ou uma composição:
Não poderíamos pensar e frases como estas não iríamos criar;
As crianças como nós não poderiam acreditar que um tapete lá de casa pudesse voar;
O mundo secreto desaparecia e já não havia magia.
Texto produzido pela turma C de 6º ano da Escola Básica de Santa Clara-Guarda