Aconteceu algo muito estranho. Abri os olhos, olhei em volta e vi muita gente, pasmada, a olhar para nós. Estavam petrificados. Tínhamos caído sobre palha, junto a um estábulo. Ainda há poucos minutos nos encontrávamos numa aula com a Marisa a apresentar a sua pesquisa sobre o castelo de Edmund of Langley. O professor sugeriu que fechássemos os olhos e imaginássemos como seria esse tempo e, subitamente, “puf…”, caímos aqui.
Algumas das pessoas que nos olhavam desataram a correr a sete pés, em pânico. Outras dirigiram-se a nós, lentamente, e uma delas, gaguejando, perguntou:
– Que…que…quem sois vós? De onde vindes?
Ainda nos perguntávamos como fora possível irmos ali ter quando o Zé Tó, sorridente, respondeu:
– Somos os alunos do 6.º B da E.B. de Vila Praia de Âncora. Mas… – olhando em redor – onde é que nós estamos?
– Estamos no ano de 1401 – respondeu um camponês, enquanto observava as nossas roupas e tocava nos óculos do Rui.
Ao ouvirmos estas palavras ficámos estupefactos, olhando uns para os outros. Como era possível?
Apareceu então um cavaleiro que nos conduziu ao castelo do duque. Pelo caminho cruzámo-nos com camponeses. Um deles, boquiaberto, até deixou cair uma enxada no pé e outros, assustados, gritavam:
– Feiticeiros!
Chegámos ao castelo e fomos recebidos pelo duque de York, que se apresentou e nos deu as boas vindas. Após uma longa conversa em que explicámos o que sucedera, o duque recomendou a um pajem que nos mostrasse os estábulos (a Rita adorou!) e convidou-nos para um banquete. A noite foi maravilhosa! Deram-nos roupas da época e na festa havia trovadores e jograis, bobos e contadores de histórias fantásticas, com cavaleiros, dragões e princesas. No fim, o duque ofereceu-nos dormida e sugeriu-nos que, no dia seguinte, fôssemos ao torneio que iria decorrer logo pela manhã.
Acordámos ao som de um trompete que anunciava o início dos jogos. Levantámo-nos e misturámo-nos com a multidão. Depois de várias justas, o pajem declarou que era a última oportunidade para mais alguém participar. Inesperadamente, o Eduardo ofereceu-se. Deu uns passos em frente, montou um cavalo e dirigiu-se para a sua posição. Assim que a bandeira desceu, o Eduardo investiu sobre um cavaleiro negro que se aproximava de forma veloz e assustadora. Quando o impacto estava iminente, a Ana disse “Isto não pode estar a acontecer!” e, de repente, voltámos de novo à sala de aula.
Teria mesmo sido real? Olhámos, incrédulos, uns para os outros e… estávamos vestidos com roupas do século XV.
Turma do 6.º B da Escola Básica de Vila Praia de Âncora