Menção Honrosa
Os vencedores da iniciativa Agora o Escritor És Tu! continuaram o livro “A inaudita guerra da avenida Gago Coutinho”, fizeram perguntas muito giras ao escritor Mário de Carvalho.
Após Zeus, o pai dos deuses, castigar Clio privando-a de ambrósia, bebida que ela adorava, esta triste e a espumar pela boca de tanta raiva correu para o seu quarto. Quando lá chegou, escorregou na tapeçaria milenária, rasgando-a até à Era dos Minorcas. Clio foi para lá, ficando o Comissário Nunes, o Capitão Soares, o Coronel Rolão e toda a gente que se encontrava na parte rasgada da tapeçaria, imóveis.
Já na Era dos Minorcas, Clio apercebeu-se do grande problema que tinha causado. Como levava a tapeçaria consigo, tentou logo remediar o que tinha feito, procurando as agulhas no cabelo. Apercebeu-se que não as tinha com ela, pois tinha-as deixado no seu quarto.
Poucos segundos depois apercebeu-se que estava em cima do Tio Rex, animal grande, feroz e cor-de-rosa. Ela achou-o muito fofinho, mas qual não foi o seu espanto quando este abriu a sua bocarra e a engoliu.
Dentro do estômago dele, Clio viu dois objetos semelhantes às suas agulhas, presos na epiglote. Aproximou-se mas este entrou na água e Clio foi expulsa pelo espiráculo, não conseguindo apanhar as agulhas. Já dentro de água, começou a nadar para a costa, pois a tapeçaria estava molhada e tinha de secar.
Achou que ele não tinha feito aquilo por maldade, mas sim por defesa, então quis domesticá-lo, mas o Tio Rex tinha um problema muito grave – falta de memória – por isso todos os dias a engolia. Ela via as agulhas e tentava alcançá-las, mas sempre sem efeito, até que um dia este adormeceu. Clio conseguiu apanhar as agulhas e saiu-lhe pela boca que estava aberta.
Começou logo a trabalhar na tapeçaria e conseguiu remendá-la até ao momento em que Zeus a castigou.
Quando chegou a casa lembrou-se que tinha deixado o seu melhor amigo na Era dos Minorcas. Com um novo feitiço, agarrou o fio e com a agulha trouxe o seu amigo.
Poucos segundos depois, estava o Tio Rex no quarto de Clio e em toda aquela área se ouviu uma estridente atroada, pois ele fez um buraco enorme no chão do quarto dela e foi cair ao lado de Zeus, que mesmo depois toda aquela azoada, continuava a dormir profundamente. A Deusa tirou dali o seu amigo, agora só lhe faltava resolver o grande problema do buraco, mas esperta como era havia de arranjar uma solução.
Enquanto pensava numa solução, toda a gente voltava ao normal, exceto o juiz que foi borrifado por Clio com água do rio Letes, esquecendo-se assim das provas e encerrou o processo, ficando o Comissário Nunes, o Capitão Soares e o Coronel Rolão libertos.
Poucos segundos depois, teve uma ideia, mas primeiro escondeu o Tio Rex.
Quando Zeus acordou, olhou para o teto e viu pintado um grande monstro preto, a babar-se. Chamou Clio de imediato, pois pensou que tivesse sido um ato de rebeldia.
Esta confirmou dizendo que o Deus a inspirava a desenhar e a pintar daquela forma, pois dormia de boca aberta, a babar-se e a ressonar. O que Zeus não sabia era que por detrás daquele pano pintado, que parecia mesmo o teto, estava um buraco.
Mas, infelizmente, um dia Zeus encontrou o Tio Rex, pois este deu um grande espirro. Chamou Clio e esta não teve outra solução senão contar-lhe a história, desde que rasgou a tapeçaria até àquele momento, e claro não excluiu a parte do buraco. Depois de lhe contar, este riu-se, simplesmente riu-se, não só pela história mas também pela cor dele.
Naquele momento estava a rir, mas ao pensar no caso, o seu sorriso desapareceu. Disse a Clio que não queria aquele animal nas suas vidas.
Mas ela gostava muito do Tio Rex! Não o queria abandonar! Após muitos dias e muitos planos falhados, conseguiu finalmente que Zeus o aceitasse.
Zeus passou a gostar dele e este ficou conhecido como a mascote dos deuses. Certo dia andava a passear perto do rio e caiu. O que ele não sabia era que aquele era o rio das “curas”. No dia seguinte, o Tio Rex lembrava-se de tudo.
Devem estar a interrogar-se o motivo pelo qual Clio nunca o levou àquele rio. Bem, a explicação é muito simples: é que ninguém sabia da sua existência, nem o próprio Deus das Águas.