Menção Honrosa
Os vencedores da iniciativa Agora o Escritor És Tu! continuaram o livro “A inaudita guerra da avenida Gago Coutinho”, fizeram perguntas muito giras ao escritor Mário de Carvalho.
A inaudita guerra da Avenida Gago Coutinho
Privada do alimento, a Deusa Clio sente-se fraca, cansada, frágil e decide que é o momento oportuno para “tirar umas férias” indo para a pousada dos Deuses. Aí, Clio consegue descansar, divertir-se, recuperando assim os anos perdidos a tecer.
Nesse retiro a musa da História, encontra um Deus com quem rapidamente cria uma forte amizade. Apolo era bonito, charmoso, um valente guerreiro, tudo qualidades que Clio apreciava.
Passados 600 anos, Clio, acha que já está pronta para voltar ao seu suposto trabalho. Despede-se, assim, de Apolo, não antes de prometer manter contacto.
Ao chegar ao palácio do Tempo, onde se exercia a actividade de tecer, fica estupefacta ao encontrar tudo totalmente diferente. O sítio onde antes se sentava a tecer estava agora ocupado por um objecto metalizado, bastante reluzente e enorme, algo para ela desconhecido e bastante fora do comum, o que fez com que Clio começasse a mexer nos seus longos, belos, brilhantes e bastante encaracolados cabelos loiros. Várias questões de imediato emergiram à sua cabeça: “Como tal coisa poderá ter acontecido?”, ” O que será este objecto tão diferente?”, ” Porque estará aqui?”, “Onde estarão todos os outros Deuses?”… Até que, finalmente alguém aparece interrogando-a sobre o que estava ali a fazer.
Clio assusta-se, dizendo-lhe rapidamente e um pouco depressa, que aquele era o seu antigo posto de trabalho. Logo de seguida, o tal Deus a reconhece, como sendo a musa da História. É então que lhe começa a explicar o que se tinha sucedido enquanto Clio se encontrava na pousada dos Deuses. O objecto estranho era afinal de contas uma máquina criada com a finalidade de exercer a função de continuara a tecer os fios da História. Com esta inovação já não era necessário estar alguém tecer, diminuindo, assim o risco de se repetir o grave e imperdoável erro que acontecera com a Deusa Clio. Esta fica muito desconformada, abalada e desiludida consigo mesma, visto que tinha sido o seu acto a originar aquela inesperada e repentina mudança. Apesar de esse trabalho ser extremamente monótono, cansativo e um pouco aborrecido, era o que Clio adorava fazer, era o seu trabalho.
Como iria ela, agora resolver este problema? Se ao menos ela não se tivesse deixado adormecer…, se não fosse esse erro…, tudo voltaria ao normal. Se ao menos pudesse voltar atrás no tempo para remediar as suas acções…
Sem saber como agir, decide decorrer a Apolo, o seu grande confidente e amigo. Este lembra-se de ter ouvido uma lenda que falava duma fonte mágica, que ao beber um gole dessa água, era possível voltar atrás no tempo.
Clio, fica entusiasmadíssima com a ideia de poder desfazer o seu erro e as graves consequências que originou. Decide partir numa jornada para encontrar a tal fonte mágica.
Passado algum tempo, a Deusa encontra-se desesperada e prestes a desistir, é então que avista a esperança de tudo voltar ao normal. Corre imediatamente para a fonte e recolhe água desta, sem ainda saber muito bem como a utilizar. Para isso é necessário falar com Apolo, este explica-lhe que apenas pode beber uma certa quantidade de água, para que não haja interferências com outras datas do tempo.
Clio bebe a água e começa a sentir-se leve, diferente, estranha e é então que se vê novamente sentada na sua imponente e alta cadeira. Esta, como é de esperar, não volta a cometer o mesmo erro do passado, não interlaçando, por isso as datas de 4 de Junho de 1148 e 29 de Setembro de 1984.
Quando regressa ao presente, não se recorda do que tinha acontecido. Continua a tecer os fios monótonos, mas apesar disso, a musa da História, sente que conheceu alguém especial, alguém que mexeu com o seu coração como ainda ninguém tinha conseguido mexer e que algo mais se tinha sucedido, não se lembra porem de quem, como e onde.
Uns dias mais tarde, quando Clio está a ir para o palácio do Tempo passa pela pousada dos Deuses e é então que vê um Deus que lhe provoca umas borboletas no estômago.
Mas isso é outra estória…