Menção Honrosa
Desta vez, os vencedores da iniciativa Agora o Escritor És Tu!, criaram histórias para continuar o livro Estranhões e Bizarrocos de José Eduardo Agualusa.
Estranhões e Bizarrocos
II parte
Jácome decidiu então, a partir daquela altura inventar coisas úteis, e foi perguntar às crianças, que eram as suas melhores amigas o que elas gostavam de ter.
Marcou então uma reunião para o dia seguinte, na sua oficina, depois de elas terminarem as aulas.
No dia seguinte, Jácome e as crianças, depois de muito pensar, maquinar, imaginar, decidiram que o melhor para elas era inventar brinquedos que elas não tivessem em casa.
Para as meninas uma boneca gigante, com longos cabelos ruivos da cor da cenoura, um lindo vestido às bolinhas e com umas sabrinas brilhantes. Essa boneca seria para as meninas uma grande amiga, sempre disponível a brincar com elas, mesmo que as meninas estivessem chateadas umas com outras, podiam sempre contar a amizade da boneca. Essa boneca chamar-se-ia Violeta.
Para os meninos um robô gigante, que se transforma-se em tudo o que eles imaginassem. Desde um carro, um avião a jato, uma bola de futebol, enfim o que apetece-se no momento aos meninos a brincar. Esse robô chamar-se-ia T3000-transforma-te em tudo.
Ouvindo os desejos dos meninos, Jácome começou a construir na sua cabeça a imagem dos brinquedos que as crianças pediram. Surgiram então muitas ideias: a boneca seria feita de plástico, cor de pele, os cabelos feitos com lã, as roupas de seda branca muito fininha com brilhantes e bolinhas rosa. As suas sabrinas brilhantes tinham na ponta uma estrela que fazia com que a Violeta dança-se. Pensou ainda, em colocar na cabeça da boneca uma coroa feita de algodão doce, só que corria o risco de as meninas o comerem, então voltou a pensar como seria feita a coroa. Plasticina, sim seria a coroa perfeita de plasticina, cor-de-rosa! Já se está ver, e com uma estrela que Jácome iria buscar ao céu. Colocaria nas costas da Violeta um cordel onde as meninas puxassem para que ela falasse, ou lê-se histórias de encantar, contos de fadas. A Violeta teria mais um pormenor que todas as meninas gostam, umas asas cor-de-rosa que ao carregar na estrela da coroa surgissem nas costas. Com elas a boneca poderia voar e levar nas suas costas as meninas a passear, sobre a cidade, o jardim zoológico e os campos cheios de flores. Mas essa boneca teria que ter um outro pormenor muito importante, teria que lembrar às meninas que estudar e ler é muito importante, para isso depois da brincadeira teria que as mandar para casa para que fossem fazer os trabalhos de casa e ler.
Quanto ao T3000-transforma-te em tudo seria feito de ferro (o tronco), de metal os braços e as pernas, e de alumínio as dedos, que seriam umas pinças. Este robô teria cabelos vermelhos feitos de lâmpadas, os olhos luminosos que lançassem raios lazer. Um dos braços seria uma grua e o outro, uma escavadora, os pés com três rodas e dois tubos de escape. Para que o T3000-transforma-te em tudo, se pudesse transformar teria nas suas costas, um coração em forma de relâmpado e uma antena na cabeça. Juntamente com o coração teria dois foguetes, para quando os meninos quisessem voar. Este foguete era alimentado pelo tempo que os meninos usavam no estudo, ou seja, quanto mais estudassem e lessem mais tempo tinham para voar no robô.
O passo seguinte seria desenhar os brinquedos no papel para que os meninos e as meninas os conhecessem, o robô e a boneca, que Jácome tinha imaginado. Para isso desenhou num grande pedaço de papel com uma caneta que ele tinha inventado e uns lápis de cor feitos de maçã e canela com cobertura de chocolate. E assim desenhou a Violeta e o T3000-transforma-te em tudo.
Passados dois dias, Jácome chamou as crianças para lhes mostrar os brinquedos que ele tinha imaginado e desenhado no papel. Qual não foi o espanto das crianças, adoraram os brinquedos, eles eram mesmo isso que queriam, a Violeta era linda como uma flor, uma princesa, o robô era assustador, mas os meninos adoravam-no.
Jácome foi procurar o material que era preciso para construir os brinquedos, para isso foi ao mecânico, a um serralheiro, a uma costureira, a um carpinteiro, a um eletricista e a uma loja de tintas para pedir o material, que tinha que ser material reutilizável, sim porque o Jácome só construía coisas com material usado. Meteu mãos a obra, e dia e noite, Jácome com os estranhões, os bizarrocos, a lagartixa com pele de arco-íris, os pássaros a vapor, as formigas mecânicas, os sapatos voadores, os aparelhos de produzir espirros ficaram fechados na oficina a trabalhar.
Duas semanas depois os brinquedos estavam prontos, chamou de novo as crianças e pediu-lhes para os testarem. Chegaram à conclusão que o robô não estava a funcionar a 100%, pois a antena estava mal posta, a boneca não conseguia abrir as asas. Que grande problema, isto nunca tinha acontecido ao Jácome, como é que ele iria solucionar o problema. Foi chamar os camelos sábios e a rainha das borboletas, para o ajudarem, depois de muito pensar, os camelos sábios viram que tinham que rodar a antena, para esta volta-se a funcionar. A rainha das borboletas, descolou as asas e estas soltaram-se.
Finalmente os brinquedos estavam prontos para brincar, tínhamos que celebrar, mais uma invenção do Jácome. Foi numa grande festa com muitas gomas, chupas, algodão doce e rebuçados, que as crianças começaram a festejar e a brincar com os novos brinquedos.
O atravessador de paredes afinal, não foi a única coisa útil que Jácome inventou, pois a alegria das crianças com estes brinquedos era contagiante e ele resolveu fazer mais bonecas Violeta e robôs T3000-transforma-te em tudo, para que outras crianças ficassem felizes.
Durante a festa, as crianças sentiram um cheirinho a maçã e canela, e perguntaram ao Jácome de onde viria este cheirinho, tão bom. Procuram, procuram e encontraram os lápis de cor feitos de maçã e canela com cobertura de chocolate, estes seriam a prenda ideal para os pais e as mães das crianças. Para isso embrulharam os lápis numa caixa colorida, puseram um laçarote e montando na boneca Violeta e o robô T3000-transforma-te em tudo, voaram pela cidade de casa em casa e deram as caixas a todos os pais e mães das crianças. Estes lápis eram mágicos, pintavam a felicidade a quem os usasse. O mundo passou a ser mais colorido, doce e muito muito mais alegre.
Esta história foi criada por um grupo de meninos e meninas com muita imaginação, que adora ler e ouvir histórias de encantar, contos de fadas e dragões e brincar às princesas e inventores.