Menção Honrosa
Cena I
(Alguns meses depois, Amarílis e Hortência encontram-se)
Amarílis: Hortência! Quero falar contigo…
Hortência: Olá para ti também…
Amarílis: Sim, olá, olá… Preciso de um favor…
Hortência: Por falar em favores, também te queria pedir…
Hortência e Amarílis (em coro): Preciso que me emprestes dinheiro! O quê? Não tenho dinheiro! Gastei tudo na lua-de-mel!
Amarílis: E agora? Não podemos viver sem dinheiro! O meu marido já me disse que, se isto continua assim, teremos de vender as minhas queridas joias!
(Hortência fica pensativa)
Hortência: Tenho uma ideia…Vamos pedir dinheiro à nossa querida irmã.
Amarílis: Não é má ideia… Mas achas que ela nos ajuda?
Hortência: Claro que sim! É um coração mole. Encontra-te comigo amanhã no castelo da Violeta.
Amarílis: Está bem… Até amanhã!
Cena II
(Uma manhã calma no reino de Violeta. Ouvem-se os trompetes.)
Violeta: Bobo! Podes ir abrir a porta, se faz favor?
Bobo: Sempre o bobo, sempre o bobo! (Abre a porta e fica boquiaberto) Hortência? Amarílis? O que fazem aqui?
Hortência: A Violeta está?
Bobo: Está, mas acho que não vos quer ver…
Violeta: Estarei a ouvir bem? Tereis mencionado o meu nome?
Hortência: Violeta, minha querida irmã… Há tanto tempo!
Amarílis: Por acaso, não tens aí dinheiro que nos emprestes?
(O rei Leandro ouve a conversa e entra em cena)
Rei Leandro: O quê? Vocês ainda vêm aqui pedir dinheiro depois de tudo?
Amarílis: Mas meu pai…. fostes vós que expulsaste a Violeta de seu reino…
Rei Leandro: Como veem, isso são águas passadas. E não me chamais pai, já não sois minhas filhas!
Hortência: Não poderemos, também nós, “passar as águas”?
Rei Leandro: Calai-vos imbecis! Querem que eu declare guerra aos vossos reinos?
Hortência: Mas não é Reginaldo quem manda neste reino?
(Reginaldo, que ouvira a conversa do início, entra em cena)
Reginaldo: Sou e peço-vos para abandonarem imediatamente o meu reino.
Hortência: Vá, obriga-nos Reginaldo…
Reginaldo: Basta! Vou seguir a opinião do Rei Leandro! Declaro guerra aos vossos reinos! Chamem imediatamente o Felizardo e o Simplício!
(Felizardo e Simplício entram em cena a correr)
Felizardo: Guerra? Contra o meu reino? Quem ousa dizer tal coisa?
Reginaldo: Eu mesmo! Amanhã, guerra. Aceitam?
Felizardo e Simplício: Aceito!
Amarílis: Mas Reginaldo, não é justo… Não temos dinheiro, nem armas!
Reginaldo: Ninguém disse que a guerra seria com armas. Será com balões de água. Se perderem, nunca mais põem cá os pés. Se ganharem, dou-vos o dinheiro que pedis.
Felizardo: Certo! Veremos quem é o mais forte!
Bobo (aparte): Vamos ver o que isto vai dar… Preparem os guardas chuvas!
Cena III
(No dia seguinte o castelo acorda com o soar dos trompetes. O bobo vai abrir a porta. Do outro lado estão Felizardo e Simplício com suas esposas)
Bobo: Rei Reginaldo! Simplício e Felizardo encontram-se à porta do castelo para iniciar a guerra!
(Reginaldo entra em cena e cumprimenta os seus adversários. O Bobo entrega um balde a Reginaldo e outro a Simplício e Felizardo. Enquanto eles os enchem com balões de água, o rei Leandro e as filhas ocupam os seus lugares.)
Bobo: Torneiras fechadas! Balões a pingar! Fogo!
(A batalha começa. Reginaldo fica rapidamente molhado e os seus balões não fazem efeito sobre os adversários.)
Rei Leandro: Alto! Tudo parado! Existe algum problema com os balões de Reginaldo!
Felizardo: Qual problema, qual quê! O rei está louco!
(Reginaldo observa os seus balões e repara estão furados)
Reginaldo: Peço desculpa, mas a guerra terá de ser cancelada até se encontrar o culpado!
Felizardo: Cá para mim foi algum de vós… Estavam com medo e fizeram isto para nos incriminar! (Cai-lhe uma agulha do bolso)
Rei Leandro: Eu não acredito que fizeram batota! Estes batoteiros merecem ir para as masmorras!
Reginaldo: Eu tenho um castigo melhor…
Cena IIII
(No salão real, os empregados estão sentados à mesa, assim como Leandro, Reginaldo, Violeta e o Bobo.)
Criada A: Despachem-se, temos fome!
Criada B: Amarílis e Hortênsia, mexam esses pés!
Criada C: Felizardo e Simplício, tragam as sopas!
Felizardo: Calma, por favor…
Bobo: Calma, nada! Têm muita sorte de não levar com a chibata! Tragam as costeletas de javali…
Rei Leandro: …e não se esqueçam do sal!