TRABALHO VENCEDOR
A Revolução de Helíria
Rei: Não tão cedo, meu amigo.
Violeta: O que falta, meu pai?
Rei: Há algo que tendes de saber.
Violeta (apreensiva): Dizei, meu pai.
Rei: Eu prometi dar o reino de Helíria à filha que mais me amasse e vós acabastes de provar ser ela.
Violeta (desassossegada): Que quer dizer com isso?
Rei (determinado e andando de um lado para o outro): Quero acabar com os males que fiz. Hortênsia e Amarílis enganaram-me e isto não pode ficar assim.
Violeta: Mas, meu pai, agora sou mãe e não me devo aventurar nessas façanhas, percebeis?
Rei: Compreendo, porém sabeis que um rei cumpre sempre as suas promessas e eu prometi dar o meu reino à filha que mais me amasse.
Violeta: Mas como conseguiremos retirar o reino a minhas irmãs?
Rei: Primeiro, vós não tendes irmãs (profere num tom dolente e elevado), vós sois a minha única filha, depois do que elas me fizeram já não têm essa honra! E, segundo, não sei, por isso teremos de pensar em algo (aponta para o bobo e para o pastor) e vós ajudai-nos!
Bobo e pastor (em coro): Nós?!
Rei: Sim, vós estais a ver aqui mais alguém?
Bobo: (murmurando) Por acaso também está aqui o Príncipe Reginaldo.
Rei: Dissestes algo?
Bobo: Não, meu amo.
Rei: Adiante, temos de agir.
Príncipe Reginaldo: Se vós precisardes de ajuda, eu conheço um atalho para lá chegar mais rapidamente e sem ninguém se aperceber.
Rei: Se sabeis isso porque não dissestes mais cedo.
Príncipe Reginaldo: Porque não me perguntastes!
(Sem mais murmúrios começaram a efetuar o seu plano.)
Rei: Então está tudo combinado, partiremos amanhã de manhã.
(Na manhã seguinte estavam todos a postos à porta do palácio de Reginaldo.)
Príncipe Reginaldo: (apontando para um pombo) Levai este pombo e quando entrardes no reino de Helíria enviem-no de volta juntamente com uma mensagem atada às suas patas.
(Reginaldo entrega a Violeta o pombo e indica-lhe o caminho de pedra que deveriam seguir para chegarem a Helíria. Partiram e a certa altura…)
ATO III
Cena I
Bobo (cambaleando): Estou cansado de andar.
Rei: Passámos anos à procura de um local para habitar e nunca vos queixastes e agora caminhamos há poucas horas e já vos queixais.
(Passaram-se horas e chegou a noite.)
Violeta: Meu pai, acampemos aqui, já se faz tarde.
(Descansaram e de manhã puseram-se a caminho. Ao final da tarde, avistaram, ao longe, o reino de Helíria.)
Pastor: É ali.
Bobo: (murmurando) Como será que ele sabe onde e como é o reino de Helíria? Que estranho!
(Abrigaram-se durante a noite e, no dia seguinte, à hora do almoço, chegaram a Helíria.)
Pastor: Vamos fazer como planeado, eu digo que quero falar com uma das rainhas e que vós sois meus acompanhantes.
Rei: Mas assim elas descobrir-nos-ão.
Pastor: Não, passaram-se vários anos desde o vosso último encontro e, por isso, elas não vos irão reconhecer.
(Pouco depois…)
Cena II
Pastor: Quero falar com vossas rainhas.
Guarda: Porquê?
Pastor: Sou um mercador e trago um novo produto para mostrar à rainha deste reino.
Guarda: Entrai.
(Entraram e os guardas fecharam os portões.)
Cena III
Violeta: Vá, vamos abrir os portões para que Reginaldo e o seu exército possam entrar.
Pastor: Guardas, prendam-nos.
Rei: Por que dizeis isso, seu vil impostor?
Hortênsia: Porque desde o início que o nosso plano era capturar-vos, falámos com este pastor e prometemos-lhe uma quantia de dinheiro elevada para que ele nos ajudasse.
Rei: Nós quem?
Amarílis: Hortênsia e eu.
(Foram guiados até às masmorras e ficaram lá presos.)
Bobo: Como conseguiremos sair daqui? (em tom baixo) Regressei ao reino da clausura e dos ignóbeis procedimentos… Tudo perdura, nada mudou… Triste sina…
Violeta (eufórica): Já sei, usamos o pombo para enviar uma mensagem de socorro a meu marido.
Cena IV
(Dois dias depois ouviu-se o alarme de guerra do reino.)
Rei e Violeta (em simultâneo): É o Príncipe Reginaldo.
(Passadas duas horas…)
Homens: Estão livres, vão ser trocados pelas antigas rainhas deste reino e pelo pastor.
Rei: Isso quer dizer que o reino já não é delas.
Violeta: Então, de quem é o reino?
Rei: É seu, Violeta, sempre o mereceu.
(Violeta abraçou o pai e aproxima-se varonilmente Reginaldo. Todos celebram a revolução de Helíria.)