Menção Honrosa
Continuação de um conto de António Torrado publicado no livro ‘Teatro às Três Pancadas’, no âmbito da iniciativa ‘Agora o Escritor és Tu’ da VISÃO Júnior
As três abóboras e outros teatros de ir à escola
(continuação da peça “As três abóbora”, de António Torrado, in teatro às três pancadas.)
…
CAMPONÊS: Ei! EI! Então…e a sopa? Deixaste cá a tigela! Vá-se lá entender os mágicos! (Encolhendo os ombros)
CAMPONÊS: Bom, não tenho outro remédio se não começar a cavar. Afinal, ele disse-me que as moedas estavam algures, nas terras que o rei me deu.
(pousa a tigela, pega numa enxada e começa a cavar. Vai limpando o suor que lhe escorre pela testa)
CAMPONÊS: Mas onde se meteram as moedas? Quer-me cá parecer que fui enganado. Estou derreadinho! Isto é terra que nunca mais acaba! (larga a enxada, põe as mãos nas costas com expressão de dor e senta-se com ar de desânimo.)
(ouve-se a voz do mendigo em tom alto e vagaroso):
MENDIGO: Nunca te abandonarei! (muda a voz para um tom mais firme): Mas com brandura não há fartura! O trabalho, é a fonte de toda a riqueza!
MENDIGO (com voz mais carinhosa): Trabalha com a dedicação e a alegria, como sempre fizeste, e verás as tuas terras brilharem ao sol com a cor doirada das abóboras maduras. Esse, será o teu tesouro! (ouve-se em eco e cada vez mais distante): Tesouro!…Ouro!.. Ouro!.. Ouro!…
CAMPONÊS: (com ironia mas boa disposição): Ouro, ouro…mas é se trabalhar como um mouro! Olha, Já que cavei, vou pôr as sementes das três abóboras. Afinal foi o que me restou! Se a mãe natureza fizer a sua parte, pelo menos nunca há de faltar uma tigela de sopa de abóbora para dar a quem passa. Haverá abóboras para dar e vender! (começa a semear e a cantarolar. Vai saindo de cena devagarinho)
Musica.