TRABALHO VENCEDOR
Cena XII
Violeta e Reginaldo
(No Palácio de Violeta e Reginaldo, nos seus aposentos)
VIOLETA (que acorda, gritando e encharcada em suor): Não… a minha adorada Helíria… não…
REGINALDO (que acorda com os seus gritos): Violeta!… Mas… mas que se passa?
VIOLETA: Ai Reginaldo, que pesadelo…
REGINALDO: Os pesadelos voltaram?… Mas… se vosso pai se encontra junto de nós…
VIOLETA: Não foi com meu pobre pai que sonhei… foi com Helíria onde fui tão feliz… No meu sonho, Helíria estava cercada pelo exército do rei Cláudio …
REGINALDO (interrompendo Violeta): Que Rei Cláudio?…
VIOLETA: O Rei Cláudio que não hesitou em matar seu irmão, Amoleto, para lhe ficar com o trono… Esse usurpador e assassino que, desde sempre, sonhou em anexar Helíria ao seu vastíssimo império… E as minhas irmãs … sempre mais preocupadas consigo mesmas do que com as questões do reino…
REGINALDO: Mas Violeta, minha amada, que podemos nós fazer? Por acaso já olvidastes a quem está entregue Helíria?
VIOLETA: Claro que não Reginaldo! Contudo, enquanto meu pai for vivo, Helíria terá um, e apenas um, rei…! Vinde meu amado Reginaldo! Temos que falar com meu pai… e avisar as minhas irmãs, claro…
REGINALDO: Mas minha Violeta… Não vos preocupais… Não foi mais do que um pesadelo que tivestes…
VIOLETA: Oh meu querido Reginaldo… Então não sabeis que os sonhos são recados dos deuses? Meu pai sempre nisso acreditou e eu também… por isso, vamos, temos que falar com o senhor meu pai o quanto antes…
Cena XIII
Os mesmos mais Leandro e o Bobo, seu companheiro inseparável
(Ainda no Palácio de Violeta e Reginaldo, no salão)
LEANDRO (que aparece no salão, sempre seguido do seu fiel Bobo, assustado com os gritos da sua Violeta): Mas o que se passa? Violeta, minha filha… O que tanto vos aflige?
VIOLETA: Ai, meu pai, tive um sonho horrível! Nem imaginas o que está prestes a acontecer à nossa Helíria…
BOBO: Oh não! Lá vamos nós outra vez! Tal pai, tal filha! Mas o que se passa com esta realeza? Acaso não sabem o que são sonhos? Comem demasiado e depois dá nisto…
LEANDRO (impaciente e interrompendo o Bobo): Cala-te Bobo! Que só dizes disparates! (Dirigindo-se a Violeta) Contai-me tudo, minha querida, aquilo que tanto vos atormenta…
(E Violeta conta a seu pai todo o seu sonho e receios).
LEANDRO: Não posso crer… Cláudio!… (Dirigindo-se ao Bobo…) Vês, Bobo, aquilo de que te falei dos meus inimigos… Todo o rei tem os seus inimigos! (… E novamente para sua filha) Tendes razão, Violeta! Vossas irmãs, minhas filhas, têm que ser avisadas… Bem sei o que disse sobre não ter filhas… mas estava errado… Apesar do que me fizeram, de me terem renegado… elas serão sempre minhas filhas!… Fostes Vós, Violeta, que me fizestes ver isso. Temos que as avisar… mas como?
(A ação fica de novo suspensa e o bobo dirige-se apenas à plateia)
Claro que se fosse hoje tudo seria mais fácil… enviava-se um SMS ou um email, ou colocava-se um post no facebook mas… esta história passou-se há tantos anos atrás que outra solução urgia…
(A ação é retomada exatamente onde estava)
LEANDRO: Não há tempo a perder! Partiremos de imediato! (Falando para o Bobo) Bobo, meu fiel companheiro, não me queres acompanhar e ser os meus olhos?
BOBO: Pois claro meu amo (fazendo uma vénia)! Serei sempre um servo ao vosso serviço!
(E partem rumo a Helíria)
Cena XIV
Os mesmos mais o Príncipe Felizardo, Príncipe Simplício, Hortênsia e Amarílis
(De novo, em Helíria, nos jardins do palácio. Príncipe Felizardo, Hortênsia e Amarílis passeiam. Violeta, Reginaldo, Leandro e Bobo entram de rompante)
HORTÊNSIA E AMARÍLIS (em uníssono): Paizinho! Mas… a que se deve tudo isto?
LEANDRO: Ai minhas queridas filhas! Ainda bem que estais bem! Pensei que estaríeis mortas!… Que tragédia seria! (E conta-lhes o motivo de estarem todos ali)
HORTÊNSIA E AMARÍLIS (verdadeiramente comovidas): Oh nosso pai! E nossa irmã Violeta! Que bondosos sois!… (E todos se abraçam…)
(A cena para e o Bobo dirige-se à plateia)
BOBO: Todos unidos e organizados
Com facilidade derrotaram;
Cláudio e suas tropas
Que a Helíria abandonaram.
“Ahhh.. Tudo está bem quando acaba bem!”
(Tropeçando, entra o Príncipe Simplício)
PRÍNCIPE SIMPLÍCIO: Tiraste-me as palavras da boca!