A ‘Vila’ do Diogo
José Carlos Carvalho sempre sonhou em ter uma casa na árvore. À medida que foi crescendo, começou a pensar que podia ser ele a construí-la. E cresceu o suficiente para ter um filho de 4 anos e fazer-lhe uma casa. A ameixeira do jardim dos sogros pareceu-lhe ideal. Como tinha os ramos abertos, não era preciso cortar nada. Diogo nem imaginava os projetos que iam na cabeça do pai. Estava tudo pensado. Foi só comprar tábuas e pregos, e trazer martelos, esquadro e serrote elétrico. O avó chamou-lhe «Vila Diogo». Tudo se passou em dois fins de semana de 2004. Hoje, Diogo tem 15 anos e lembra-se que o pai estava sempre a dizer-lhe: «Cuidado, não marteles os dedos!»
Primeiro, tiraram-se as medidas com quatro barrotes velhos, para se perceber que tamanho poderia ter a casa. Depois, construiu-se a estrutura já com as medidas certas. Tem um metro e meio de altura!
Colocou-se a estrutura em cima da árvore, com um ou outro barrote por baixo para equilibrar. Pregaram-se tábuas para fazer o chão e fez-se a estrutura do telhado
O Diogo quis ajudar, mas como ainda não era seguro subir para a casa, teve de se contentar a pregar uns pregos
Abriram-se buracos para os ramos passarem. Deste modo respeitava-se a árvore e a casa ficava mais segura
O abrigo de Os Caminheiros
Os grupo de escuteiros de Sintra, Os Caminheiros, faz um tipo de construção muito especial porque não usam pregos nem martelos. O fio de sisal trabalhado com os mais variados nós é que vai unir toda a estrutura. Como?
Primeiro que tudo há que fazer o reconhecimento do terreno para descobrir quatro pinheiros/eucaliptos alinhados em quadrado.
Depois delimita-se a área escolhida, passando o fio de sisal à volta das quatro árvores. Assim, fica-se a saber qual o comprimento que os troncos deverão ter.
Cortam-se os vários troncos com o serrote e limpam-se os pequenos ramos e folhas com uma machadinha para que fiquem o mais redondos possível. Esta é a parte mais demorada de todo o processo.
Troncos prontos, coloca-se a primeira vara mestra, na horizontal, à altura pretendida, encostada, por dentro, a duas das árvores. São necessárias, pelo menos, duas pessoas para este passo.
Para fixar os troncos perpendicularmente, usa-se o nó «botão em esquadria». Repete-se esta operação mais três vezes, em todos os cantos. Para o telhado é preciso repetir este processo quatro vezes, mais acima, utilizando as «unhas de gato» para lá chegar.
Com as varas mestras bem presas – o sisal tem sempre que ser bem esticado -, colocam-se os troncos alinhados sempre na mesma direção.
Prendem-se os troncos uns aos outros, utilizando nós de ligação e nós direitos (ver caixa Como fazer um nó direito). Quando estiverem bem fixos, tapa-se tudo com folhagem de fetos para tornar o abrigo mais confortável e não permitir que a chuva passe por entre o espaço dos troncos.
Por fim, fixa-se a lona ou panos de tenda no telhado, de modo a que fiquem pendurados, fazendo uma espécie de paredes do abrigo. E está pronto!
Como fazer um nó direito
Este é um dos nós usados para unir os troncos
1 – Com um fio de sisal nas mãos passa-se a ponta do lado direito por cima da do lado esquerdo.
2 – A ponta direita passa de trás para a frente. Depois a ponta esquerda passa por cima da direita.
3 – A ponta esquerda passa de trás para a frente.
4 – Puxam-se os dois fios e fecha-se o nó. E assim tens um nó direito muito resistente.
Outras casas em Portugal
FÉRIAS NUMA CASA NA ÁRVORE
Em São João da Madeira, no distrito de Aveiro, é possível alugar uma casa na árvore para umas férias em família. Dá para quatro pessoas, tem um quarto, uma sala e até uma casa de banho. Além de uma enorme varanda. Está situada a vários metros de altura, em cima de um velho carvalho, numa quinta onde também há galinhas, porcos, patos, coelhos, gansos… Tudo começou numa casa na árvore, no Brasil. Maria Eduarda, a proprietária, adorou lá estar e imaginou ter uma para a sua família e amigos.
UMA SURPRESA
Uma ameixeira com uma copa destas estava mesmo a pedir para lhe fazerem uma casa. A árvore fora plantada no jardim da casa, no Estoril, pelo pai de Margarida Machado, 71 anos, quando ela nasceu. Têm exatamente a mesma idade. Mas a ideia só surgiu quando o neto João, 11 anos, descobriu As Aventuras de Tom Sayer. João tinha 5 anos quando os avós lhe fizeram a surpresa.
Texto: Francisca Cunha Rêgo, com Rita Xarepe e Teresa Campos.