Se o seu filho usa o TikTok, saiba que ele é apenas um dos 500 mil portugueses que já descarregou esta aplicação. A nível global, faz parte de uma comunidade de mil milhões de tiktokers (o nome que se dá aos seus utilizadores). Os números não enganam: o TikTok é um sucesso mundial. Mas, afinal, o que tem esta app de tão especial? E como funciona? Será segura? Vamos por partes.
Vídeos curtos, muita música e dança
O TikTok é uma aplicação gratuita, que possibilita aos seus utilizadores assistir, criar e partilhar vídeos curtos (com a duração máxima de um minuto), normalmente com músicas que estão na moda como pano de fundo. Permite fazer coreografias, playbacks (ou lip syncs) ou vídeos divertidos que depois podem ser partilhados com os seus “seguidores”. Tudo isto através do telemóvel.
O processo de criação dos vídeos é muito intuitivo e divertido. Graças a stickers, filtros, sons e efeitos especiais, os miúdos conseguem criar pequenas “obras de arte”. Esse é um dos aspetos mais positivos da aplicação, pois fá-los levantar-se do sofá e puxar pela imaginação.
Um dos aspetos negativos é poderem assistir a vídeos desadequados à sua idade. Seja pela linguagem usada em alguns temas musicais ou pela carga erótica, mais ao menos explícita, de algumas coreografias, por exemplo.
A partir de que idade se pode usar o TikTok?
Legalmente, só pessoas maiores de 13 anos podem abrir uma conta. Contudo, não é difícil “enganar o sistema” fornecendo uma data de nascimento falsa, pelo que muitas crianças abaixo desta idade utilizam a app. Algumas com conhecimento dos pais, outras não.
Vá deitando o olho, perguntando que tiktokers ele segue, vendo que tipo de vídeos fazem. Os mais novos nem sempre têm noção dos perigos que a Internet e as redes sociais podem representar. Fale com eles, explique-lhes que cuidados devem ter e que o seu objetivo não é vigiar mas proteger.
Como é que funciona?
Para abrir uma conta, é necessário um número de telefone, um endereço de e-mail ou uma conta de Facebook ou Instagram, por exemplo. Assim que criar uma conta, pode pesquisar vídeos por várias categorias: autores mais populares, hashtags ou temas (animais, dança, comédia, etc).
Uma outra possibilidade é, através dos contactos telefónicos, procurar amigos que tenham conta no TikTok para poder ver os seus vídeos e partilhar aqueles que vier a criar.
Público ou privado?
Por defeito, quando cria uma conta, ela fica pública. Isto significa que qualquer pessoa pode ver os vídeos que partilhar, deixar comentários e entrar em contacto através de mensagens diretas. No caso de crianças e jovens (e até mesmo de adultos), pode ser perigoso.
No entanto, é fácil tornar a conta privada. Basta ir à sua página de perfil, tocar no símbolo “…” no canto superior direito e selecionar “Privacidade e configurações”. Aí, selecione a opção “Privacidade e segurança” e ative a opção “Conta privada”. Pode também bloquear comentários e mensagens diretas seguindo os mesmo passos.
Por outro lado, o seu filho pode sempre fazer vídeos e não publicá-los, mas esta ideia não costuma agradar aos miúdos. A piada das redes sociais, dizem, é poder partilhar conteúdos. Negoceie, façam por exemplo uma lista das pessoas que poderão aceder às suas partilhas.
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Apaga isso!
Como já dissemos, o ideal é que os pais estejam a par do que se passa no TikTok para não terem surpresas desagradáveis. Mesmo assim, às vezes, elas acontecem e lá acaba por descobrir que o seu rebento publicou um vídeo impartilhável. Não desespere, há uma maneira de apagá-lo. Faça assim: toque no vídeo, selecione a seta no canto inferior direito e toque no ícone do balde do lixo (Excluir).
Diversão para pais e filhos
A verdade é que, para além de supervisionar o que o seu filho faz no TikTok, também pode divertir-se com ele. As coreografias e duetos entre pais e filhos são uma das possibilidades mais interessantes desta aplicação.
Ao som das músicas da moda, miúdos e graúdos dançam de forma sincronizada e aceitam desafios, imitando coreografias de artistas famosos que também usam a app, como Usher ou Jennifer Lopez. Nesta época de pandemia, com tantos países em quarentena, a aplicação encheu-se de famosos que, juntamente com os filhos, dançaram e cantaram.
De facto, o TikTok foi, para muitos, uma boa maneira de gastar energia e estreitar laços. Espreite aqui alguns vídeos que se tornaram virais:
Duetos e desafios
Um desafio ou challenge é uma ideia que se torna viral. Pode ser uma música, uma dança ou qualquer outro tipo de atividade, como partidas, que muitos utilizadores começam a imitar e se tornam uma tendência.
Qualquer coreografia de Charli D’Amelio, a mais popular tiktoker, com 74 milhões de seguidores, se transforma rapidamente numa tendência. Na altura da quarentena, por exemplo, a jovem de 16 anos criou a #DistanceDance que em poucas semanas teve mais de 200 milhões de visualizações e 4 milhões de vídeos a replicarem a dança.
Também é provável que ouça a palavra “dueto” relacionada com o TikTok. Simples: um utilizador canta ou dança e outro segue-o. Não precisam de estar no mesmo espaço físico, pois a aplicação tem uma função que permite dividir o ecrã em dois. Dessa forma, os miúdos podem fazer um dueto com um amigo ou com o seu ídolo.
EUA e China “lutam” pelo Tik Tok
Mas aquilo que parece ser uma simples aplicação de vídeos para crianças e jovens está, por estes dias, na origem de uma “guerra” aberta entre duas potências mundiais: os EUA e a China. O presidente americano, Donald Trump, anunciou sexta-feira, 31 de julho, que iria proibir o Tik Tok nos EUA caso a app chinesa não fosse comprada por uma empresa americana.
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Trump afirma que a sua decisão visa proteger o país e os seus cidadãos, alegando que a proximidade entre a ByteDance – a empresa chinesa que detém a famosa aplicação – e o governo chinês possibilita o acesso deste aos dados pessoais dos utilizadores da app e facilita ações de espionagem. O TikTok tem, a nível mundial, mais de mil milhões de utilizadores; desses, 100 milhões são norte-americanos.
O anúncio, claro, desagradou ao governo chinês, que prometeu retaliar caso Trump avance com a proibição. Em contrarrelógio, a tecnológica americana Microsoft está neste momento em negociações com a ByteDance para a compra da aplicação e garantiu que até ao outono as duas partes chegarão a acordo. Donald Trump, entretanto, deu um prazo: se até 15 de setembro, o negócio não estiver fechado, os norte-americanos podem dizer adeus ao TikTok.
Se tal acontecer, os EUA não serão o primeiro país a banir a app. No final de junho, a Índia, que contribuía com cerca de 30% dos utilizadores, proibiu o TikTok, entre dezenas de outras apps e redes sociais chinesas. A decisão é fruto do agravamento das relações entre os dois países, com o governo indiano a alegar, tal como Trump, questões de segurança nacional.