Desde o ano passado que André Fonte Santa, 9 anos, não põe os pés na prancha de wakeboard. Está cheio de vontade, mas ao mesmo tempo um bocadinho nervoso. “Acho que ainda me lembro de tudo. Para me equilibrar tenho de agarrar no cabo com uma mão e esticar o outro braço para trás. As pernas não podem estar tensas e tenho de fazer força igual numa e noutra.”
Chegou a hora, André já está dentro de água! Com os pés nas botas que fazem parte da prancha, põe-se em posição, pernas fletidas, corpo inclinado para trás, como se estivesse sentado. O barco arranca, esticando o cabo que André segura e fazendo-o sair da água. Equilibra-se em cima da prancha, primeiro hesitante, depois mais confiante.
No wakeboard, é preciso em primeiro lugar aprender a manter o equilíbrio enquanto somos puxados pelo barco. Depois aprender algumas proezas que incluem saltos mais ou menos espetaculares nas ondas que o rasto do barco cria na água. Nas primeiras duas tentativas, André acaba por soltar o cabo e cai em pouco tempo. Levanta sempre o braço, indicando que está tudo bem, e volta a pôr-se em posição. À terceira, o seu corpo parece já ter recordado tudo o que treinou no verão passado. Bateu o seu recorde de tempo sem cair e também de tempo dentro de água – mais de um quarto de hora. “O fato resultou”, afirma ao voltar ao barco. “É que o meu problema no wakeboard é o frio. Não aguento muito tempo na água. Mas com o fato, foi mais fácil, não arrefeci tão depressa”, revela, contente. E o medo? “Já me aconteceu cair de cara na água e magoar-me. Mas não desisti, continuei, só assim podemos melhorar”.
João Reis, da Maven Wakeboard School, conduz o barco. Através de um grande espelho retrovisor esteve sempre a controlar o que se passava com André, lá atrás. “Para quem está a começar, o mais difícil é mesmo perderem o medo e continuarem a agarrar o cabo”, confirma. “A tendência é largá-lo logo, à primeira insegurança.” “Mas aprende-se a cair e outras técnicas que nos fazem perder o medo”, diz Pedro Fonte Santa, 12 anos, irmão mais velho de André. É a vez dele de entrar na água. Também se estreou no wakeboard no verão passado e está desejoso de voltar a pôr os pés na prancha. “Já fazia esqui e snowboard e pedi à minha mãe para experimentar o wakeboard. Ela e o meu padrasto fazem há dois anos. Adoro os saltos!” conta. “O mais difícil foi aprender a sair da água e arrancar.” Mas à primeira tentativa, Pedro saiu da água e manteve-se a agarrar o cabo. Passado pouco tempo, já está a saltar a onda.
Campeonato do Mundo de Wakeboard em Portugal: o primeiro fora dos EUA!
De 16 a 19 de setembro vai realizar-se na praia fluvial do Lago Azul, em Ferreira do Zêzere, o primeiro campeonato do mundo de Wakeboard que acontece fora dos EUA. É um grande acontecimento que vai promover a modalidade no nosso país e na Europa e também promover a região centro de Portugal como um ótimo destino para a prática deste desporto. Ainda por cima vai ser transmitido pela NBC, um dos principais canais televisivos americanos. A organização conta receber mais de 600 atletas de todo o mundo. Vão ser instalados cinco Cable Parks na Barragem de Castelo de Bode, onde se pretende criar o primeiro Wakeboard Resort do mundo!
A campeã nacional
Inês Segadães, 16 anos, pratica wakeboard desde os 6, nas águas calmas da Barragem de Castelo de Bode. “O meu pai praticava e foi ele que me incentivou. Adorei”, conta entusiasmada.
Aos 13 anos, Inês participou no Campeonato Nacional – teve de competir com os rapazes, pois havia poucas raparigas. No ano passado, com 15 anos, já havia mais atletas e por isso foi possível um Open Feminino no Campeonato Nacional. Inês ficou em primeiro lugar! “Estava muito nervosa, mas correu bem e fiquei muito feliz.”
Barragens e lagos oferecem as melhores condições para a prática de wakeboard. É que a ondulação e o vento presentes no mar dificultam as manobras
Wakeboard Junta duas palavras. Em inglês “wake” é a onda ou rasto provocado pela deslocação do barco na superfície da água e “board” é a prancha.
Equipamento
Colete salva-vidas
Obrigatório usar por razões de segurança. Se o atleta se magoar estará sempre à superfície dando tempo de o socorro chegar até si.
Prancha
Normalmente é de fibra de vidro e grafite. As botas estão presas à prancha. Existem vários tamanhos de prancha, de acordo com o tamanho e peso do praticante. As pranchas mais pequenas têm 1,35m, e as maiores 1,45m.
Manobras e proezas
A espetacularidade do wakeboard é fruto das dezenas de manobras que um atleta pode fazer. O mais importante é dominar o board control (conseguir manter-se em pé na prancha) e o momento do salto na onda – o pop. Estas duas conquistas permitem depois uma rápida evolução.
A seguir pode aprender-se:
o salto de duas ondas – usar uma onda para saltar e aterrar na outra; a rotação 180º – quando o atleta roda no seu eixo vertical, passando o pé que estava atrás para a frente; os primeiros invertidos, como os mortais que vemos na ginástica!
Numa competição, os atletas fazem duas passagens entre duas boias que delimitam o início e o fim. Em cada passagem fazem várias manobras que são avaliadas pelos juízes.