As contas são fáceis de fazer. Desde os 10 anos que Luís Paulo, 48, pratica skate, por isso estes 38 anos são mais do que suficientes para o “encaixar” na categoria old school. Participou em numerosas provas e exibições, conquistou títulos nacionais e internacionais, ficou conhecido por ter percorrido, durante 18 dias, as estradas portuguesas, de norte a sul, em cima do seu skate. Agora, é professor de skate na escola que abriu, há dez anos, e trabalha na Associação Portuguesa de Skateboard que ajudou a fundar, em 2005. Na altura em que despertou para a modalidade, ainda não existiam parques de skate em Portugal – vivia em Oeiras e as zonas da Quinta do Marquês e das Palmeiras estavam a crescer, não faltando, por isso, “muitas obras, barrotes e outras madeiras”. Foi aí que começou a imitar os ídolos americanos que via nos filmes ou nas raras revistas a que tinha acesso.
Hoje, já são muitos os parques à escolha dos skaters. Pode até optar-se por deslizar em betão (o piso mais resistente e o preferido pela maioria dos utilizadores) ou sobre madeira, como no Centro da Juventude de Oeiras, um dos lugares onde Luís Paulo dá aulas aos seus alunos. É ao ar livre que os ajuda a equilibrarem-se, a fazerem as primeiras manobras, a evitar as quedas e a ultrapassar (ou atenuar) as frustrações iniciais.
Também o arquiteto Francisco Lopez, 37 anos, passa horas nos parques. Não só porque é praticante da modalidade há 27 anos mas também por ser o responsável pela construção de mais de 20 destes espaços, de norte a sul do País (só para falar dos de betão, porque, com os de madeira, o número seria muito maior…). Um deles, o Skate Parque Rock in Rio, criado numa parceria entre a Better Word, do grupo Rock in Rio, a Câmara Municipal de Lisboa e a Radical Skate Clube, e inaugurado em setembro no Parque Urbano do Vale de Chelas, tem várias valências, que vão desde o street skate à rampa, assim como uma skateplaza. No entanto, Francisco Lopez acredita quebravada pela criatividade de cada um, em cima do skate, é esse o espírito”.
Liberdade podia ser o seu lema: “Amo o skate. E não por ser moda”, esclarece o agora proprietário da Skate Lopez, que faz a projeção e a construção dos parques. Defende o skate sem regras (“nada by the book”), “anárquico” mas responsável, claro. Mas este não é o único parque ainda a “cheirar” a novo na Grande Lisboa. Em São João do Estoril, já se pode “manobrar” no Parque das Gerações. Ao contrário da maioria destas infraestruturas, fica no centro da vila, com uma fantástica vista de mar. Iluminação, casas de banho, sombras e, quem sabe, um café faria deste um lugar perfeito – é o que Pedro Coriel, 42 anos, o responsável pela sua criação, espera alcançar no futuro.