D.R.
Campeão inglês, europeu e mundial pelo Manchester
United, Nani (Luís Carlos Almeida da Cunha) é um exemplo de como a vontade e o querer podem, muitas
vezes, fi ntar o destino, tal como ele fi nta, nos relvados, os defesas adversários.
Nascido na Cidade da Praia, em Cabo Verde, era criança quando veio com os pais para Portugal.
Em busca de uma vida melhor, a família estabeleceu-se na zona da Amadora.
Foi nas ruas desta cidade que Nani deu os primeiros pontapés na bola e aprendeu alguns dos truques com
que hoje encanta os adeptos do Manchester United.
Um dos companheiros de brincadeira era Manuel
Fernandes, hoje também ele jogador profissional, no Valência, em Espanha.
Como todos os miúdos, o desejo de ser jogador de futebol num grande clube e, talvez, chegar à selecção, alimentava-lhe os sonhos.
Começou por treinar no Real Massamá.
Ia de comboio para os treinos mas, como não tinha dinheiro, viajava, frequentemente, sem bilhete.
Quando era apanhado pelos revisores, contava-lhes que ia treinar, e a maior parte das vezes deixavam-no
seguir viagem.
Aos 13 anos, o jovem Nani ficou sozinho em Portugal. O pai regressara a Cabo Verde e a mãe emigrara para
a Holanda. Então, foi viver com a tia Antónia, também na Amadora. Sempre bem disposto, cedo fi cou amigo
de todos os companheiros de equipa, que muitas vezes o convidavam para dormir e comer em casa deles.
Ainda hoje, na selecção, Nani é apontado por colegas e treinadores como um dos mais brincalhões.
No clube de Massamá, reconheciam-lhe o talento mas, como era muito magrinho, havia quem duvidasse
do seu sucesso no futuro. Para provar o contrário, passava horas no ginásio do clube, em longas sessões
de exercício. Chegou, também, a praticar capoeira, o que explica a pirueta com que, habitualmente,
comemora os seus golos.
O futebol funcionava, então, como “um refúgio”, que o mantinha afastado dos maus caminhos. As difi culdades,
admite, ajudaram a que, ainda hoje, mantenha os pés bem assentes no chão e a estar sempre pronto para
ajudar o próximo. Recentemente, tornou-se dador de medula óssea, chamando assim a atenção, com a
sua presença, para um problema que afecta milhares de pessoas.
Em 2003, com 15 anos, Nani foi convidado para o Sporting. E assim dá o primeiro passo em direcção ao
sonho de ser jogador profi ssional.
Dois anos depois, integra a equipa principal. Faz 58 jogos de leão ao peito e, em 2007, com apenas 20
anos, é contratado por um dos maiores clubes do mundo, o Manchester United.
Durante os primeiros tempos em Inglaterra dividiu a casa com Cristiano Ronaldo e o brasileiro Anderson.
A estreia na selecção nacional aconteceu em 2006, num jogo frente à Dinamarca, em que marcou um golo. Desde então, Nani tornou-se uma presença constante na equipa portuguesa, na qual conta já com seis golos, em 34 jogos.
