Existem muitas aves que são migratórias. Percorrem milhares de quilómetros, todos os anos, em busca de locais mais quentes e mais alimento. Enquanto algumas conseguem resistir ao frio durante os meses de inverno, outras, no início do outono, voam para outras paragens.
Voam sobretudo para África (onde é verão quando no nosso país é inverno). Com a chegada da primavera ao nosso país, o seu instinto chama-as de novo para latitudes mais a norte. Regressam em bandos e povoam os campos, onde as flores começam a aparecer e, com elas, mais insetos. É sinal de muita comida! E cá fazem os seus ninhos.
Passada a primavera e o verão, pais e filhotes já crescidos reiniciarão as migrações de outono, novamente para sul. Vamos mostrar-te algumas das espécies que poderás ver a sobrevoar o nosso céu.
Andorinha-dos-beirais: Tão pequenina e tão forte

É o símbolo por excelência da chegada da primavera. Estas pequenas aves chegam na primavera ao nosso país para se alimentarem e procriarem. Constroem pequenos ninhos feitos de lama e saliva, forrados com musgo, penas e palhas. Viajam vários milhares de quilómetros, podendo vir de regiões como a África do Sul!
Quando está cá? De fevereiro a setembro.
Onde vê-la? Em todo o lado, mesmo à porta da tua casa.
Garça-vermelha: Em risco

Ao contrário da sua parente, a garça-real, que passa o ano todo no nosso país, a garça-vermelha só passeia por cá na primavera e no verão. Nessa altura, distribui-se pelas zonas húmidas, como estuários de rios ou lagos.
Alimenta-se de anfíbios, vermes e pequenos peixes, que captura com o seu longo bico. Atualmente, está indicada como uma ave em perigo, pois as suas populações estão a diminuir de número.
Quando está cá? De março a setembro.
Onde vê-la? Nos caniçais ao longo dos rios e prados alagados. Nos estuários do Tejo e do Sado, ria de Aveiro e ria Formosa.
Cuco-canoro: Canta o bom tempo

Embora seja difícil de observar, devido à sua coloração acastanhada, o seu característico canto cuu-cu cuu-cu nas florestas revela a sua presença. Ao contrário das outras aves, esta tem a particularidade de raramente fazer ninho. São parasitas!
As fêmeas procuram ninhos de outras aves, onde já existam ovos, e colocam lá os seus. Quando o cuco bebé nasce, empurra os outros ovos do ninho e fica a ser alimentado pelos pais adotivos! Tal como as outras aves migratórias, vem de África.
Quando está cá? De março a julho.
Onde vê-la? Em florestas no País inteiro.
Andorinha-do-mar: A pescadora

Embora se chame andorinha, não é parente próxima das andorinhas-dos-beirais. É uma ave marinha, que se alimenta de pequenos vermes, peixes e crustáceos, como caranguejos. Faz a sua migração junto à costa, vinda da costa atlântica africana, de países como a Guiné ou os Camarões.
Quando está cá? De abril a setembro.
Onde vê-la? Nas zonas de estuário e salinas, como a ria Formosa no Algarve, ou nas salinas do Samouco, perto de Lisboa.
Abelharuco: Arco-íris voador

São das aves mais coloridas que fazem ninho no nosso país. São inconfundíveis as suas cores amarelas, azuis e vermelhas, com uma mascarilha preta. Tal como as cegonhas, atravessam o Estreito de Gibraltar, vindas de África.
Alimentam-se de abelhas e outros insetos e constroem os seus ninhos em ravinas de rochas arenosas. O casal de adultos escava um túnel (que pode chegar a 2 metros) onde coloca os ovos.
Quando está cá? De abril a agosto.
Onde vê-la? No Alentejo e no Algarve.
Andorinhão-preto: Que barulhenta!

Esta espécie é muito parecida com a andorinha-dos-beirais. Contudo, apresenta o corpo e as asas maiores, em forma de foice, e cor toda negra (enquanto a andorinha-dos-beirais tem a barriga e a zona da garganta de cor branca). Forma grandes bandos ruidosos, que emitem guinchos estridentes.
Alimentam-se de insetos em pleno voo, a grandes velocidades e fazem os ninhos em fendas e em condutas de ventilação, nos prédios!
Quando está cá? De março a outubro.
Onde vê-la? Faz ninho em casas e torres de igrejas, nas cidades e pequenas povoações, em todo o País.
Cegonha-branca: Não vou mais longe

Antigamente, a cegonha era símbolo da chegada da primavera. Regressava das latitudes abaixo do deserto do Sara e atravessava na zona do Estreito de Gibraltar em grandes bandos. Hoje em dia, devido à abundância de alimento durante o inverno (muitas delas começaram a alimentar-se de uma espécie invasora de lagostim-dos-rios e outras de restos de alimentos, nas lixeiras), muitas já não sentem necessidade de migrar.
Permanecem no nosso país, sobretudo no Alentejo e Algarve, onde constroem os seus grandes ninhos sobre os postes de eletricidade de alta tensão ou torres de igrejas.
Quando está cá? Todo o ano. As ‘africanas’ vêm em janeiro e partem em agosto.
Onde vê-la? Em toda a região Sul, especialmente no concelho de Alcácer do Sal.
Este texto foi publicado originalmente na edição n.º 143 da VISÃO Júnior