
A LONTRA
Portugal é considerado um santuário para as lontras ?uviais. Ao contrário de outros países europeus, onde elas estão quase extintas, os rios portugueses estão cheios de lontras. Só que elas são muito difíceis de avistar e sabem que os homens já lhes ?zeram coisas más, como matá-las para lhes retirarem a pele lustrosa. Agora já ninguém se interessa pela pele delas, felizmente. A carne delas é intragável e já restam poucos pescadores de rio.
Mesmo assim, elas mantêm-se bem escondidas em tocas nas margens, ocultadas pela vegetação, e só saem ao cair da noite, para mergulhar, brincar e apanhar peixes e lagostins. Os lagostins exóticos são uma praga nos nossos rios que destroem o ecossistema, mas a lontra anda muito contente, porque para elas são mesmo muito saborosos.

O LOBO
Sabias que dantes o lobo e o urso eram os carnívoros que estavam no topo da cadeia alimentar da fauna portuguesa? O urso foi extinto, mas 300 lobos ainda resistem, longe dos nossos olhares, em serras do Norte, perto de Espanha. O último lobo do Sul do País foi capturado nos anos 80 e antigamente não era uma espécie protegida. Havia caçadores que exibiam os seus troféus e pediam recompensas. Em Portugal, não há registos recentes de ataques de lobos a humanos, mas há muitos mitos e fábulas. Sempre deves ter ouvido falar no “lobo mau”. É um caçador inteligente e e?caz, mas o homem foi caçando as suas presas naturais, como os veados e os javalis. E o lobo não teve outro remédio senão alimentar-se das cabras e das ovelhas dos pastores. São eles muitas vezes que matam e envenenam os lobos.

O SACARRABOS
São carnívoros e muito esquivos. Gostam muito de campos ao abandono, porque assim podem andar pela vegetação rasteira sem serem avistados. Deram-lhes este nome divertido porque quando a mãe anda com as crias, circulam em ?la indiana, para não se separarem. Cada um com o focinho a tocar na cauda do da frente. Os cientistas andam muito admirados porque este animal, de origem africana, existe em Portugal há milhares de anos, só que ficou-se sempre pela zona sul. Mas, nos últimos 20 anos, têm avançado para o Norte, e já foram avistados a pilhar galinheiros, em zonas onde ninguém sabia de que animal se tratava.

O CÃO DE GADO
Para evitar este ódio que já dura há séculos entre os pastores e os lobos, um grupo de investigadores e cientistas resolveu pôr em prática um plano: oferecer aos pastores cães-de-gado. Em Portugal, há quatro raças capazes de fazer frente ao lobo e impedir que ele se aproxime tanto do rebanho: O Serra da Estrela, o Castro-Laboreiro, o Cão-de-gado- -transmontano e o rafeiro-do- alentejo. São cães muito grandes e ágeis, que sentem um verdadeiro amor pelo rebanho (quase como se fizesse parte da sua matilha, ou seja, da sua família). Por isso protegem-no e inspiram algum respeito ao lobo. Mesmo assim, alguns usam coleiras de picos no caso de confrontos com o lobo – mas são raros. O lobo afasta-se quando há cães destes.

O CORÇO
É uma espécie de veado como aqueles que se vêem no Zoo ou no Bambi, mas só que muito mais pequeninos e com hastes menores. São tão tímidos e têm tanto medo do homem que são conhecidos por “duendes da floresta. Porque são tão rápidos que a pessoa fica na dúvida se os terá visto mesmo ou se foi um truque de ilusionismo… Do que eles mais gostam é das zonas de floresta cerrada, onde se podem confundir entre os troncos. Os cientistas estão a devolver estes animais à natureza de forma a poderem servir de presa natural para o lobo. Parece um bocado maldoso, mas só assim se consegue reconstituir o ecossistema que foi arruinado pelo homem. E salvar o lobo – o mais fascinante dos nossos animais… à solta.