Os seis metros de altura dos machos já pouco impressionam Anabela Oliveira.
O dia começa cedo, logo pelas oito da manhã, altura em que é preciso limpar o recinto, e reabastecê-lo de fardos de palha e troncos com folhas frescas e água. As dez girafas que vivem, atualmente, no Zoo de Lisboa, têm tratamento VIP. Java, a hóspede mais antiga, chegou há 26 anos e convive com os seus seis filhos e uma bisneta. Apesar da sua doçura, mantém o espírito brincalhão e, ao mesmo tempo, desconfiado. Por isso, só está realmente descontraída na presença da tratadora mais antiga de girafas,
Anabela Oliveira, de 36 anos. “Reconhecemo-nos à distância. Fazemos-lhes festas na cabeça, elas vêm comer à minha mão”, descreve a tratadora. Anabela cresceu muito ligada a este espaço. Recorda-se de, desde os 6 anos, acompanhar o pai, então ajudante de motorista, no interior do Zoo. Ainda não tinha concluído os estudos e já sonhava trabalhar com os animais. Frequentou um curso de formação profissional e, com média de 16 valores, passou do sonho à realidade. Primeiro como tratadora de aves e, desde há sete anos, enquanto responsável pelas girafas e outras espécies herbívoras. Mal entra no recinto das girafas, os animais vão comer-lhe à mão.
Os filhotes, esses, mais brincalhões, entretêm–se a pregar partidas, deitando os carros com feno ao chão ou abrindo as portas onde fica guardada a comida. Anabela sabe bem que, apesar de as girafas não serem agressivas, é preciso estar alerta. Quando nascem, já medem perto de 1,80 metros. “Se um dia tropeçar e elas começarem a correr, não tenho hipótese de me proteger”, diz. Apesar da desproporção, Anabela manifesta um à vontade especial. “Pelas expressões faciais, consigo perceber se estão bem dispostas”, conta. “Depois, fico a observá-las: se vão de imediato comer, se alguma delas se encontra mais afastada do grupo…” Há que saber se é preciso chamar o veterinário.