Depois de uma viagem de mais de duas horas, de Portalegre até Lisboa, Madalena Luís, 13 anos, estava finalmente em frente ao Coliseu dos Recreios. Entusiasmada, a nossa consultora ia encontrar-se com Carolina Deslandes, 30 anos, e tinha uma missão: entrevistar a cantora. Depois, iria assistir ao concerto e rezar para que Carolina cantasse as suas músicas preferidas, Anjos, Avião de Papel e Mountains.
Com as perguntas numa mão e o telemóvel na outra, para gravar a conversa, Madalena percorreu os corredores do Coliseu, que pareciam não ter fim, até chegar ao camarim onde a entrevista iria acontecer. «Como é que ela estará hoje? A Carolina está sempre a mudar de visual!», perguntava-se. Não teve de esperar muito pela resposta: a cantora ainda não estava maquilhada nem vestida com as roupas que iria usar no palco. «Ela é muito diferente assim», diria mais tarde, ao vê-la com uma longa cabeleira loura.
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Madalena não tropeçou nas perguntas. «Posso tratar-te por tu?», perguntou à cantora, que respondeu logo que sim. Nestes dias de espetáculo, as entrevistas não podem ser longas, mas houve tempo para tirar fotos e pedir autógrafos.
Umas horas mais tarde, a nossa repórter regressava ao coliseu para o concerto. «Vamos ficar num camarote! Daqui vê-se tudo!», exclamava. Assim que a voz de Carolina Deslandes se fez ouvir, os aplausos encheram a sala. Madalena batia palmas e tirava fotos com o telemóvel. Mais tarde, cantarolou o refrão de Avião de Papel, mas a excitação maior aconteceu mesmo no final do espetáculo, quando Agir subiu ao palco para cantar com Carolina a canção preferida de Madalena, Mountains. Um final em grande!
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Como te tornaste cantora?
Foi sem querer. Do que eu gostava mesmo era de escrever canções, mas criei uma banda e faltava um vocalista, então, acabei a cantar.
Tocas algum instrumento?
Não.
Como conseguiste tornar-te tão famosa?
Nem sei, mas acho que a internet ajudou muito. Quando estava a trabalhar no meu terceiro disco, comecei a partilhar no Instagram pequenos vídeos das músicas e das letras que eu ia fazendo em casa. As pessoas passaram a seguir-me e a pedir-me cada vez mais. Isso foi uma grande ajuda.
Como te sentiste no teu primeiro concerto? Não é difícil ter tanta gente a olhar para ti?
É muito difícil, e continuo a ter muito medo de cantar em público. Sou muito ansiosa, mas depois divirto-me muito. À terceira canção, já estou mais relaxada e a minha regra é esta: não me esquecer de divertir-me. No início, ficava tão nervosa que só queria que os concertos acabassem, mas agora divirto-me muito.
Aonde vais buscar a inspiração para as tuas músicas?
Às pessoas. Adoro pessoas, ouvir as suas histórias e contar histórias. O que me inspira é pensar «Esta história é demasiado boa para se perder». Então, quando sinto que há uma história de amor, de saudade, ou seja lá do que for, e que é bonita, eu não quero que se perca… e dá-me vontade de fazer uma canção.
Preferes cantar sozinha ou com outro cantor?
Com outro cantor, de preferência um amigo meu. Quando fazemos as coisas com os nossos amigos, elas sabem ao dobro.
De todas as músicas que já fizeste, qual é a tua preferida?
Talvez ‘Nos Teus Olhos’. É especial para mim.
Já alguma vez caísteno palco?
Já me aconteceram umas coisas engraçadas, como partir o dente da frente a tirar o microfone do tripé. Quanto a cair… Quase caí num festival, quando estava a saltar.
Quais são os teus cantores preferidos?
Mac Miller, Amy Winehouse, Carlos do Carmo, Pedro Abrunhosa, Amália Rodrigues, Ella Fitzgerald, Sam The Kid…
Que mensagens queres transmitir com as tuas músicas às pessoas?
Que tudo o que passamos na vida, como a tristeza e a felicidade, é normal e passageiro; que as pessoas que amamos e nos amam são o bem mais precioso que temos. E que devemos pensar no mundo como uma comunidade: os problemas dos outros devem ser tratados como se fossem nossos, porque só assim conseguimos mudar o que está à nossa volta.
Que conselho darias a uma pessoa que, como eu, gostaria de ter uma carreira na música?
Trabalha, rodeia-te de pessoas boas e não te deslumbres com a fama. E dá tudo!
Tu concorreste aos Ídolos, em 2010. Estavas muito nervosa?
Claro. Cantar em televisão deixa-me nervosa, até mesmo hoje. Mas éramos um grande grupo de amigos e apoiávamo-nos muito.
E quanto ao The Voice Kids, gostaste de ser jurada?
Amei! Adoro crianças e adoro ver a determinação e o talento que elas têm. É giro perceber que o talento é algo que vem desde pequenino. Além disso, adoro os meus colegas jurados e gosto de ensinar.
Mas choravas muito…
Mas chorar não é mau, nós é que fomos educados a pensar que sim. Preocupa-me mais uma pessoa que ri de tudo do que uma pessoa que chore.
Se não fosses cantora, o que serias?
Educadora de infância, porque gosto muito de crianças.
Alguma vez sentiste vontade de desistir de ser cantora?
Sim, claro. Demora-se muito tempo a fazer dinheiro com a música, por isso pensamos «OK, não dá para viver desta brincadeira, vou ter de arranjar outro trabalho». Isso dá-nos vontade de desistir, mas não se desiste.
Quem são os teus maiores fãs?
Acho que são os meus filhos.
Eles vêm aos teus concertos?
Não muitas vezes, porque normalmente são tarde e eles deitam-se às nove e mei
E o que eles te dizem?
Que gostaram muito e que chamaram por mim durante o espetáculo e eu não respondi! E perguntam-me porque não canto A Vida Toda, mas isso é porque eu canto essa música no final dos concertos, e eles nunca ficam até ao fim.
Estás nervosa com o concerto de hoje?
Claro!
Conheces a revista VISÃO Júnior?
Conheço, e acho muito fixe. É muito bom a revista dar-vos voz, porque vocês têm muitas coisas para dizer.
Mais perguntas dos leitores da VISÃO Júnior
Que idade tinhas quando sentiste que era isto que querias fazer na vida?
Talvez uns 12 ou 13 anos, ou até antes. Cantava, representava e dançava para os meus amigos e família. Na altura, não era muito tímida, a ideia do palco é que me assustava.
Maria Francisca Dias, 8 anos, Braga
Qual é a melhor parte de ser cantora?
É poder marcar a vida das pessoas. Por exemplo, quando me dizem «tocámos a tua música no nosso casamento» ou «a tua música estava a tocar quando o meu filho nasceu». Esses momentos são importantes. Ter esse papel na vida das pessoas é muito bom.
Sofia Ribeiro Dias, 12 anos, Lisboa
Qual é a tua tatuagem preferida?
Não faço ideia, mas gosto muito desta, que é nova. Diz: «O poema sou eu.»
Bernardo Silva, 12 anos, Lisboa
Se o tempo parasse, o que gostarias de estar a fazer nesse momento?
A beijar os meus filhos.
Ana Manuel Pinheiro, 10 anos, Maia
Há alguma coisaque gostasses de mudar no mundo?
O ódio seria crime. A xenofobia, o racismo e a gordofobia, por exemplo, seriam penalizados a sério!
Mariana Carvalho, 8 anos, Peso da Régua
Esta entrevista foi publicada na edição n.º 213 da VISÃO Júnior