No Dino Parque da Lourinhã, os dinossauros, feitos de resina, fibra, esferovite e estruturas de ferro, estão tão perfeitos, tão perfeitos que parecem mesmo ter movimento! Mas não há motivo para te assustares: os 120 modelos em tamanho real, que podes ver num dos maiores parques temáticos de dinossauros da Europa, são modelos estáticos, ou seja, não se mexem nem fazem barulho. Mas nem por isso são menos impressionantes!
Os únicos sons que se ouvem durante a visita, além do chilrear dos pássaros, é o dos nossos passos enquanto caminhamos sobre a terra batida dos quatros trilhos que nos guiam entre estes animais pré-históricos. Uma verdadeira aventura que vai levar-te numa viagem no tempo, há 400 milhões de anos.
E há pouco tempo, o parque tem uma grande novidade: um trilho dedicado aos monstros marinhos. São 30 réplicas de espécies marinhas, entre as quais encontrarás escorpiões marinhos gigantes, peixes couraçados de seis metros, e o Dunkleosteus, o crocodilo gigante de oito metros que era capaz de caçar dinossauros
Os trilhos do parque partem da rotunda com água onde está o cabeçudo Baryonyx, por isso é fácil identificar o local de partida. Deves iniciar a visita pelo trilho da esquerda, na era do Paleozóico (há 540 a 250 milhões de anos), ainda antes dos dinossauros, para de seguida te aventurares no Triásico (250 a 200 milhões de anos). Foi nesse período que surgiram os dinossauros, embora ainda sem a diversidade de formas e tamanhos que eles viriam a ter mais tarde.
O terceiro trilho a percorrer é o do Jurássico (200 a 145 milhões de anos), período durante o qual viveram os dinossauros descobertos na Lourinhã e em toda a região Oeste, um dos locais paleontológicos mais ricos do mundo – sim, do mundo!
É neste caminho que encontras a maioria das espécies que andou por Portugal, por isso fica atento. O fim do passeio faz-se no trilho do Cretácico (145 a 65 milhões de anos), mesmo à beira da extinção destes pré-históricos!
Mas sabes o que vai acontecer aqui? Vais cruzar-te com o T. rex, o dinossauro mais célebre do mundo.
No total, vais andar 2,5 quilómetros, num passeio entre árvores altas, muito altas. Deves estar sempre alerta, de olhos bem abertos, olhar para cima e em redor, porque é no meio da vegetação, como se sempre lá tivessem vivido, que estão os dinossauros. Há animais juvenis, ninhos com ovos, animais pendurados nas árvores e até cenas encenadas com mais do que um destes pré-históricos, porque o parque tenta recriar várias situações da vida destas espécies.
Neste autêntico museu ao ar livre, com dez hectares de extensão (o equivalente a dez campos de futebol), há diversão, mas também muita coisa para aprender sobre estes animais já extintos. Localizado na zona Oeste de Portugal, a pouco mais de uma hora de distância de Lisboa, o parque está instalado no Pinhal dos Camarnais. Na época dos dinossauros, há milhões e milhões de anos, nas florestas não havia nem flores nem erva. E árvores de fruto, então, nem pensar!
A paisagem era composta por pinheiros, fetos, cavalinhas e ginkgos – o tipo de vegetação que alimentava os dinossauros herbívoros, como o Plateosaurus ou o Europasaurus. Já os carnívoros, o Quetzalcoatlus ou o Tyrannosaurus rex, por exemplo, comiam-se uns aos outros.
Nesse tempo, o clima também era ameno, muito parecido com o que existe agora em Portugal.
No período Triásico a localização dos sítios era completamente diferente da de hoje. Como existia o Supercontinente Pangeia (os continentes estavam todos juntos), o sítio que é hoje Portugal, por exemplo, ainda se encontrava junto à América do Norte.
Só a meio do Triásico os dinossauros apareceram por cá e por todo o mundo. E como é que aqui chegaram? A pé, porque eram animais terrestres!
Em Portugal, quase todos os dinossauros apareceram no Jurássico Superior e no Cretácico Médio. No entanto, é provável que tenham vindo antes. A questão é que quanto mais antigo é um terreno mais difícil é ter fósseis, e em Portugal não temos muitos terrenos do Triásico. Dito de outra forma: é natural que eles existissem por cá mas não há provas!
São cerca de 20 as espécies de dinossauros conhecidas em Portugal. Algumas existiriam aqui como noutras partes do mundo – Ceratosaurus, Stegosaurus e Allosaurus – mas há outros que só existiram na Lourinhã, só na Lourinhã! E estes são: o Torvosaurus gurneyi, o maior carnívoro terrestre da Europa; o Supersaurus lourinhanensis; o Miragaia longicollum, dono do maior espinho do mundo (exposto no museu do Parque); o Allosaurus europaeus; o Lourinhasaurus; o Lourinhanosaurus; o Zby atlanticus (há um fóssil no museu) e o Dracopelta zbyszewskii (podes ver um fóssil no Museu Geológico de Lisboa).
No Dino Parque vais poder vê-los a quase todos, seja nos trilhos seja no edifício principal do parque, onde se encontra o museu (o nome correto é núcleo museológico), que reúne parte do espólio do Museu da Lourinhã. Por isso, reserva tempo para observares as cerca de cem peças, 20 das quais de grande dimensão, como esqueletos inteiros ou parte deles, guardadas no núcleo museológico.
Estes fósseis ajudam-te a descobrir o que se passava na Lourinhã no Jurássico Superior, há 150 milhões de anos. A riqueza e a importância a nível mundial destes achados da Lourinhã justifica-se pela presença de fósseis como o ninho de Lourinhanosaurus, um dos maiores e mais antigos ninhos do mundo, ainda com ossinhos de embrião; o Miragaia longicollum e o Torvosaurus; o ninho de Torvosaurus com ossinhos de embrião e, por fim, o mais antigo ovo de crocodilo do mundo, encontrado no meio de um ninho de ovos de dinossauro.
Se quiseres experimentar ser paleontólogo por um dia, vai ao laboratório, onde, à vista de todos os visitantes, se estudam os novos achados da Lourinhã. Haverá melhor maneira de acabar um dia do que a escavar um esqueleto em tamanho real? Que bela aventura!