Parecia uma viagem interminável, até ver a placa: “Hotel Intercontinental”. Finalmente chegámos. Fui com a minha mãe fazer o check-in, enquanto o meu pai e o meu irmão arrumavam o carro. Ao entrar, vem ao nosso encontro o gerente do hotel. Muito simpático e atencioso, deu-nos as boas vindas e perguntou se tínhamos feito boa viagem. A senhora da receção parecia estar à nossa espera. Explicou o funcionamento do hotel. Eu estava tão ansioso… Apenas queria nestas férias ir à praia com a minha família.
Entraram o meu pai e o meu irmão e o rececionista com as malas. Como já era tarde fomos diretos para a cama; normalmente ficaria triste com esta ideia, mas sabia que iria acordar cheio de energia. No dia seguinte, pronto para a praia, ao passar na receção, avistei algo brilhante atrás de um grande quadro. Parecia estranho, já alguém teria reparado nisso?
Disse aos meus pais que ia à casa de banho, mas na verdade queria ver melhor. Voltei rapidamente atrás e vi a luz de novo. Como ninguém estava ali, decidi espreitar por trás do quadro e vi uma porta de ferro que reluzia com o reflexo do sol ou dos carros da rua.
Havia um código de números pouco visíveis. Qual o significado daquilo escondido pelo quadro? No dia seguinte, bem cedo e sem ninguém saber, saí do quarto. Maravilhoso o silêncio de um hotel praticamente cheio. Estava focado no significado da porta e dos números! Sabia que este hotel, no passado, era um ninho de espionagem, durante a II Grande Guerra. Será que o número e a porta tinham alguma coisa a ver com os espiões daquela altura? Lembrei-me das aulas de história do 6° ano, o número da porta, composto por 4 algarismos: podia ser o ano da Guerra Mundial?! 1939 a 1945. Comecei por 1939, mas nada sucedeu, quando apenas faltava o 1945, a porta de ferro abriu-se, com um fino ruído metálico. Sorte que a receção estava deserta.
Entrei e, à frente, um pequeno túnel levava a uma pequena sala cheia de documentos escritos em alemão. Fiquei impressionado! Será que alguém do hotel sabia? Afinal as histórias de espionagem que contam do hotel foram reais! Esta não podia escapar, tive de contar aos meus pais, eles ficaram surpreendidos e o meu irmão nem sequer acreditou, tive mesmo de lhes mostrar aquilo que vi. Eles disseram que me ajudariam a resolver este mistério e eu fiquei muito agradecido.
O meu irmão que era um génio informático, pesquisou sobre os assuntos de espiões mais aprofundadamente e descobriu que naquele tempo os espiões tinham covis secretos para guardar informações. Todos assegurados e esclarecidos desta aventura avisámos a gerência do Hotel que aparentemente sabia da luz secreta mas nunca se interessara… Também disseram que o gerente e o pessoal eram novos… A polícia foi avisada e os documentos foram entregues a um museu.
Afinal, a praia nem foi o mais interessante. Estoril continua com muito mistério.
Texto de Tiago Nuno Eira, 13 anos, Lamego