No regresso de uma longa peregrinação à Palestina, o Cavaleiro tem apenas um desejo: voltar a casa a tempo de celebrar o Natal com a sua família.
Nessa viagem, maravilha-se com as cidades de Veneza e Florença, e ouve histórias espantosas sobre pintores, poetas e navegadores. São muitas as dificuldades com que se depara, mas uma força inabalável parece ajudá-lo a passar essa noite tão especial com aqueles que mais ama…
Livro nomeado para o 3.º ciclo
A sábia Sophia
Já leste A Fada Oriana? E A Menina do Mar? Quem escreveu estes livros foi a poetisa Sophia de Mello Breyner Andresen. Um conto inédito, agora publicado, lembra-nos por que gostamos tanto de a ler
Quando lemos um dos muito poemas escritos por Sophia, é como se o mar, a natureza, a luz, e o mundo inteiro tivessem sido lavados e polidos: as palavras são cristalinas, o texto é feito na medida certa, as ideias parecem acabadinhas de nascer.
Temos a sensação de que alguém traduziu o que pensamos e o que vimos à nossa volta de uma maneira simples e muito bonita.
Parece fácil mas é uma tarefa dificílima.
Essa é uma das razões por que Sophia de Mello Breyner Andresen é uma escritora reconhecida e premiada.
Aliás, ela é tão única que até a chamamos apenas de «Sophia», porque todos sabem de quem estamos a falar. Se fosse viva, a poetisa faria 92 anos no próximo dia 6 de novembro.
Mas ela deixou dezenas de livros, sobretudo de poesia e de histórias infantis, que têm passado de geração em geração.
Até apostamos que nas estantes da tua família estão lá O Rapaz de Bronze, A Menina do Mar, O Cavaleiro da Dinamarca…
Estes livros infantis começaram por ser histórias que Sophia inventava para contar aos cinco filhos (Isabel, Maria, Miguel, Sofia e Xavier). Descendente de um bisavô dinamarquês, ela nasceu no Porto em 1919. Aos 3 anos, aprendeu a recitar a Nau Catrineta, ensinada pela ama Laura: é que a família costumava fazer espetáculos de Natal em que as crianças atuavam, e a empregada não queria que Sophia fizesse má figura!
Sophia começou a escrever versos aos 12 anos. Era uma rapariguinha sensível, que falava sozinha e dançava na rua, atitudes originais que lhe valiam sermões da mãe. O avô materno deu-lhe a ler Camões, mas foi o pai que lhe pagou a edição do primeiro livro. Em adulta, viajou pela Grécia e pelo Mediterrâneo, lugares de que gostava muito. Foi a primeira autora portuguesa a receber o Prémio Camões, o mais importante da nossa língua. Dizia ela: «O verdadeiro artista não inventa, vê.»
Um livro a quatro mãos
Em 2009, a família de Sophia encontrou um manuscrito inédito: era um conto inacabado dirigido ao público juvenil. O neto Pedro sugeriu que alguém continuasse a história.
O que ele não estava à espera é que a família o escolhesse para a tarefa! O livro Os Ciganos é sobre um menino chamado Ruy que vive protegido dentro dos muros de uma casa. Um dia, atraído pelo som de tambores, conhece um acampamento de ciganos pessoas que o ensinam a ver para além das diferenças e a «sentir o chão debaixo dos pés».
A primeira parte desta história está escrita a tinta azul, e a última a tinta preta, para identificares melhor os autores: Sophia a azul, Pedro a preto.
O casarão da infância
Já imaginaste se o teu quarto de brinquedos se transformasse num museu? Foi o que aconteceu com a casa de família da Sophia. Ela morava na Quinta de Campo Alegre, um palacete no Jardim Botânico do Porto, onde brincava com os primos. Era uma casa tão grande que eles andavam de bicicleta nos quartos, e até diziam que, no átrio, podiam arrumar um esqueleto de baleia. Hoje, a Casa Andresen está aberta ao público. Está aí patente a exposição Insectos em Ordem, até 22 de dezembro. Podes ir lá de 3.ª a domingo, das 10h às 17h30.
Uma família de escritores
Sabes o que é uma árvore genealógica? É um a forma gráfica de contar a hi stória de uma família , que descreve os ascen dentes e os descendentes isto é, os bisavós, os avós, os filhos, os ne tos, os bisnetos como se fossem os ra mos de uma árvore. E sabias que há cinco escritores na f amília de Sophia de Mello Bre yner Andresen ? Ora repara:
Texto: Sílvia Souto Cunha
In VISÃO Júnior, quinta 1 de Nov de 2012