Quase metade do território continental encontra-se em situação de seca meteorológica severa ou extrema, de acordo com o último boletim climatológico do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA). O restante está praticamente todo em seca moderada (com exceção de uma mancha no Gerês em seca fraca, que corresponde a 0,6% do território).
Desde 2005 que o País não atravessava uma situação tão grave. E nada indicia que vá chover o suficiente nas próximas semanas. As previsões a dez dias do IPMA apontam para tempo geralmente seco, fora alguns aguaceiros fracos na quarta e na quinta, na região Norte. Pelo contrário, a situação poderá mesmo agravar-se. As previsões de médio prazo, a um mês, são de “precipitação total com valores abaixo do normal e temperatura média semanal com valores acima do normal”, entre 14 de fevereiro e 13 de março.
O resultado está à vista: a maioria das albufeiras portuguesas estão com (muito) menos água do que é habitual para esta altura do ano. Segundo o Sistema Nacional de Informação de Recursos Hídricos (SNIRH), as duas albufeiras do rio Lima, por exemplo, encontravam-se a 18% da sua capacidade, quando a média é de 65%. “Das 61 albufeiras monitorizadas, 9 apresentam disponibilidades hídricas superiores a 80% do volume total e 13 têm disponibilidades inferiores a 40% do volume total”, lê-se no último relatório do SNIRH, de 14 de fevereiro.
A situação é grave e pode ser catastrófica no verão. E desengane-se quem está a contar com abril, para salvar o verão, dado o ditado popular das “águas mil”: estatisticamente, abril é apenas o sexto mês mais chuvoso (logo, o sétimo mais seco).
O que nos resta é cada um de nós fazer a nossa parte, evitando ao máximo o desperdício de água. Aqui ficam algumas dicas para o dia a dia.
Tome banhos mais curtos
Quanto tempo demora no duche? Um estudo no Reino Unido, que registou os hábitos de higiene de 100 famílias durante dez dias, concluiu que a média é oito minutos. Um duche gasta cerca de 18 litros de água por minuto – se conseguir cortar três minutos ao duche, está a poupar 54 litros de água por dia. Também pode ter um recipiente na banheira para recolher a água que ainda não aqueceu, água essa que pode depois usar para cozinhar, por exemplo.
Reduza a água do autoclismo
Cada descarga do autoclismo corresponde a 10 a 15 litros de água que vão, muito literalmente, pela sanita abaixo, o que pode significar um consumo superior a 100 litros por dia. Mas há um truque simples para reduzir a quantidade de água no depósito: pôr um volume lá dentro, como uma garrafa de água cheia. Pode cortar aqui 2 litros sem prejudicar a eficiência do autoclismo.
Feche a torneira
Lavar os dentes com a torneira aberta provoca um desperdício de 14 litros, em média. Fazer a barba com a água a correr, 40 litros. Uma torneira mal vedada, a pingar, pode facilmente levar a uma perda de 30 litros por dia. Fechar as torneiras quando a água não está a ser aproveitada e vedá-las bem são gestos quase insignificantes mas com grande impacto.
Lave o carro com balde
Uma lavagem do carro com mangueira gasta até 500 litros de água. A forma mais racional de o fazer é com balde e esponja, cortando o consumo para cerca de 50 litros. Para se ter uma ideia do que significa esta poupança, diga-se que cada português consome, em média, 132 litros de água por dia. O país da UE com menor consumo é a Lituânia, com 61 litros, e o de maior é a Itália, com 243 litros.
Lave sempre a loiça na máquina
Muita gente continua a lavar a loiça à mão, julgando que assim poupa água e energia. Mas na verdade é muito pior. Um estudo alemão concluiu que uma lavagem à mão gasta cerca de 100 litros, enquanto uma máquina consome apenas 13 litros (algumas recentes não gastam mais de seis). Para tirar partido da eficiência do eletrodoméstico, no entanto, este deverá estar sempre cheio e deve ser usado o programa mais eficiente.