A investigação verificou que adolescentes obesos têm uma probabilidade 79% maior de desenvolver asma, sobretudo na cidade de Nova Deli, onde a qualidade do ar é anualmente considerada perigosa.
Os especialistas têm alertado, ao longo do tempo, que a exposição prolongada ao ar poluído pode causar doenças respiratórias, especialmente entre as crianças. Por isso, a Fundação Long Care e a Fundação Pulmocare, de investigação e educação, analisaram 928 alunos de Deli (55% eram rapazes), 1040 de Kottayam (40% rapazes) e 1189 de Mysuru (58,4% rapazes), todos com idades entre os 13 e 17, de 12 escolas aleatórias. A escolha das cidades de Kottayam e Mysuru, que se localizam no sul da Índia, deveu-se ao facto de terem o ar relativamente mais limpo.
Em 2019, os níveis de poluição anuais médios em Nova Deli estavam entre 79 e 128 μg / m3 para PM 2,5, enquanto os valores anuais médios para Kottayam e Mysuru eram de 15 e 30 μg / m3.
Os resultados, publicados na revista Lung India, mostram que 39,8% das crianças em Deli estão acima do peso ideal, em comparação com 16,4% em Kottayam e Mysuru, o que se relaciona com os níveis de partículas PM 2,5 presentes no ar nas cidades analisadas. Estas partículas, por serem pequenas e leves, tendem a ficar mais tempo no ar do que as partículas mais pesadas, aumentando a probabilidade de humanos e animais inalá-los.
Anualmente, a poluição do ar na Índia aumenta cerca de quinze vezes mais do que os níveis que a Organização Mundial da Saúde considera seguros. Sundeep Salvi, diretor da Pulmocare, afirmou que a investigação comprova que respirar ar poluído pode engordar os adolescentes, uma vez que provoca alterações metabólicas e que os jovens inalam quantidades de ar mais elevadas do que os adultos, por serem mais activos. “Quando uma pessoa respira ar poluído, esses obesogénios entram no corpo, afetam o sistema endócrino e levam à obesidade”, explicou à BBC.
O estudo também descobriu que os adolescentes de Deli têm uma “prevalência significativamente maior” de desenvolver asma e sintomas de alergia – como olhos lacrimejantes, tosse e erupções na pele – em comparação com os de Kottayam e Mysuru, respetivamente 29,3% e 22,6%. Ainda que o histórico familiar de asma e o tabagismo na família fossem mais prevalentes nas cidades do sul, os dados na capital indiana mostraram um maior número de adolescentes afetados.
Segundo Arvind Kumar, fundador da Lung Care Foundation, “há uma prevalência inaceitavelmente alta de sintomas respiratórios e alérgicos, asma definida por espirometria e obesidade em crianças de Deli”.