Graça Freitas teve hoje uma rara oportunidade para descansar da pandemia e falar sobre o assunto que a faz sorrir com gosto: orquídeas. Ao seu lado, esteve Bagão Félix, que a acompanha no fascínio pela botânica. Um e outro encontram nas plantas um escape às suas vidas profissionais, contaram hoje, na VISÃO Fest, na Estufa Fria, em Lisboa, num debate conduzido por Filipe Luís, editor-executivo da VISÃO.
“Uma das minhas memórias mais antigas é de um arbusto que eu tinha na minha casa, em África, que um dia arrancaram e eu vi que tinha amendoins nas raízes”, recordou a diretora-geral da Saúde. Uma descoberta que lhe causaria dissabores nos anos seguintes – a pequena Graça passaria a arrancar flores e plantas, na esperança de encontrar amendoins.
Plantocídios à parte, a verdade é que foi aí que nasceu a sua paixão por plantas, que se concentraria nas orquídeas aos oito anos. “Fui à Madeira, onde tinha família, e havia um jardim de uma tia minha com muitas orquídeas.” Foi amor à primeira vista.
Bagão Félix, por seu lado, revelou que o País esteve a uma letra de perder um economista (e que se faria ministro com pastas da Economia, da Segurança Social e do Trabalho) e ganhar um engenheiro agrónomo. “No meu tempo, quando passávamos do 5º para o 6º ano do liceu, tínhamos de escolher uma alínea que dava para a universidade. Eu escolhi a F, de agronomia, mas depois falei com os meus pais e pensámos que talvez fosse melhor passar para a alínea G, de economia. Optei por outras árvore, a das patacas…”
Apesar de ter feito a vida profissional como economista, nunca perdeu o interesse pelas plantas, tendo-se tornado botânico amador, com livros publicados, e com um fascínio especial por árvores. “Tenho 500 e tal, de 105 espécies diferentes. Faço muitas experiências, umas vezes com sucesso, outras com insucesso.” Era, aliás, a botânica que lhe dava ânimo e o ajudava a recarregar baterias nos tempos mais conturbados de governação. “Quando desgraçadamente fui ministro das Finanças, saía do ministério muito tarde, comia uma sopa e ia estudar botânica.”
A diretora-geral da Saúde está agora nessa pele de se sentir esgotada com trabalho, mas confessa que, para sua grande consternação, o cansaço não a deixa sequer cuidar das suas amadas orquídeas caseiras. “Chego a casa, olho para elas à distância e percebo, pelas folhas, que se estão a desidratar. E custa-me estar sentada no sofá, absolutamente estafada, e não me conseguir levantar para ir tratar delas.
No fim, o moderador pediu a Bagão Félix para dizer que árvore é para si Graça Freitas. “Romãzeira”, disse o ex-ministro, sem grandes hesitações. “Porque é uma árvore delicada e porque tem os bagos, as sementes unidas em comunhão. E é assim que eu vejo o seu trabalho hoje, nesta pandemia, de unir os esforços de todos.”
ASSISTA AQUI À EMISSÃO EM DIRETO
Saiba mais sobre o VISÃO FEST VERDE aqui.
A bp está a compensar as emissões de carbono deste evento. Saiba mais em bp.pt