classificados

A Google produziu um estudo onde analisou os tempos de carregamento dos sites mobile: os alemães são os mais rápidos e os portugueses estão entre os piores. Por setores, o entretenimento e media são os melhores

O jornal abria-se sempre na secção de necrologia. Os classificados eróticos, peitos e rabos em riste ao virar da página, mas sempre que ele abria o jornal ao acaso era à secção de necrologia que ia parar. Era a sua cruz. Aconteceu uma e outra e outra vez. Foi de tal forma recorrente que abdicou do seu diário de sempre e passou a comprar os ditos de referência, em que a secção não existe. A morte não dá estatuto quando anunciada. Esforço em vão. Desporto, política, cultura, sociedade, era indiferente a área. Abria o jornal e lá dava de olhos com uma notícia sobre o desaparecimento de alguém. Ou um obituário. Não era algo trágico, admita-se, mas convenhamos que era incomodativo.Este seria, porventura, o ponto em que o narrador (neste caso, eu), faria referência ao momento em que o homem abriu o jornal e leu a notícia da sua própria morte, mas tal não vai acontecer. Porque não foi isso que aconteceu. Pura e simplesmente fartou-se desse estranho bailado com o destino e deixou de ler jornais.Às vezes, deixar de ler jornais é a melhor solução, pensou. Comprava-os apenas, e colocava-os na reciclagem. Que ao papel deve sempre dar-se uma segunda oportunidade.