Susana Maria Alfonso de Aguiar, mais conhecida pelo nome artístico “Mísia”, nasceu no Porto em 1955, filha de pai português e mãe catalã. A cantora e fadista portuguesa, que lutava contra uma doença oncológica há vários anos, faleceu este sábado, dia 27 de julho, aos 69 anos. A notícia da sua morte foi avançada pelo escritor Richard Zimler, amigo da cantora, através da sua página pessoal de Facebook.

“Estou desolado, pois a minha velha amiga, a cantora Mísia, acabou de nos deixar. Partiu em paz, docemente, sem dores”, lê-se na publicação.

Com um nome inspirado numa personagem do escritor Federico García Lorca, Mísia iniciou a sua carreira no mundo das artes em Espanha, onde viveu grande parte da sua adolescência e vida adulta. No mundo da música ficou conhecida pela criação de uma nova musicalidade que juntou a cultura catalã, o espanhol e o francês ao tradicional fado português. Estreou-se em 1991, com Mísia, um álbum em nome próprio, ao qual se seguiram Fado, em 1993, Paixões Diagonais, em 1999, e Garra dos sentidos, em 1998, um álbum distinguido pelo Prémio Charles Cross, em França. A cantora divulgou ainda trabalhos como Canto, em 2003, Drama Box, Ruas e Para Amália, em 2015.

No decorrer da sua carreira recebeu diversas distinções, incluindo a Ordem das Artes e Letras de França, em 2011, a Ordem de Mérito Civil em Portugal e o prémio Amália Rodrigues, na categoria Divulgação Internacional, em 2012.

A par do seu último álbum, intitulado Animal Sentimental, lançado em 2022, Mísia publicou uma autobiografia onde contou vários aspetos da sua vida pessoal, incluindo o diagnóstico de cancro e episódios de violência doméstica de que foi vítima.

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Nasci em Angola, no Huambo. Vim para Portugal aos 8 anos, em 1978, com os meus pais e a minha irmã, mais nova. Fomos viver para Viseu, o que foi um choque para mim, que me marcou bastante. Não sabia o que era o frio, nem nunca tinha visto pessoas encasacadas que não falavam umas com as outras.

Mas sempre gostei de artes, por a minha mãe as trazer muito para a nossa casa – ela desenhava e pintava. Aos 18 anos, vim para Lisboa, para tirar Pintura e Design Gráfico no Ar.Co [Centro de Arte e Comunicação Visual]. Ainda antes de terminar a minha formação, num dos fins de semana que fui a Viseu, disse a uns amigos que tinha aprendido umas técnicas e que queria pintar-lhes os braços. Consegui pintar os de alguns deles e fotografei-os. Uma brincadeira de experimentação.

Quando voltei a Lisboa, mostrei as fotografias a uma tia minha, que tinha uma galeria. Ela deixou as fotos esquecidas numa secretária, e a Catherine Palmeiro, maquilhadora que na altura tinha fundado a L’Agence, empresa de modelos – ela e a minha tia eram muito amigas –, viu-as e gostou delas. A minha tia disse-lhe que aquele trabalho era meu. A Catherine pediu-lhe então que me perguntasse se queria fazer um curso de formação de maquilhagem, para trabalhar com ela na L’Agence. À época estagiava num atelier de design gráfico e recusei a proposta. Pensei: “Não tenho nada a ver com maquilhagem, eu própria não me pinto.”

Mas, pouco depois, saí do atelier de design gráfico, porque era explorada, e fiquei na encruzilhada de: “O que faço e para onde vou?” E voltou a surgir, em 1992, a sugestão de frequentar um curso de formação de maquilhagem e caracterização, financiado por um fundo europeu, em que uma das matérias, por exemplo, era História de Arte. Fui convencida a experimentar. Ainda por cima, era remunerado e eu estava sem trabalho. Precisava de ganhar dinheiro para me sustentar.

E gostei imenso do curso. Descobri uma nova faceta e a Catherine chamou-me para trabalhar na L’Agence. Depois, fui convidada para integrar a equipa da série Riscos [RTP 1, 1997], pela maquilhadora que ia chefiar a caracterização. A série teve imenso êxito, e ali comecei a ganhar o gosto pela ficção – a construção de personagens, o trabalho com os atores… Nos Riscos, tive a sorte de conhecer muitos atores jovens, formou-se ali uma equipa que vem até hoje. Começámos todos muito novos e a série foi também uma escola para nós; o modo de trabalhar era muito diferente do que se fazia antes. Foi uma espécie de berço de atores e técnicos em início de carreira.

Para cada personagem feminina, vou pensar quais são a cor do cabelo, o penteado, a maquilhagem, se vai ou não ter cor de unhas. Nos homens, se vão ter barba, que tipo de cabelo vão usar, se vão ser carecas, se vão ter só bigode ou uma barba mais pesada, se vão ter barba por fazer… É a construção de um ‘boneco’ num todo, para durar oito meses de novela

“PERCEBER AS INSEGURANÇAS”

Nos Riscos também estavam a Alexandra Lencastre e o Rogério Samora, duas pessoas com personalidades superintensas. E logo a seguir, no Médico de Família [SIC, 1998-2000], conheço a Rita Blanco. A minha estratégia para lidar com estas pessoas já com muita experiência foi sempre a de observar antes de falar. Perceber como são, as suas inseguranças, porque é que às vezes estão mais ou menos intensas, abordá-las com cuidado, não lhes impor nada, e indo assim conquistando-as. É preciso perceber que acontece os atores estarem a encarnar personagens mais dramáticas e isso mexe com eles. E quando se começa a criar laços de amizade, as coisas tornam-se mais fáceis.

Nunca mais parei. Da Endemol, onde trabalhei de 1997 a 2000, saí para a NBP, que é agora a Plural. Aí fiz a Joia de África [TVI, 2002-2003] e imensas novelas, e passei a ser uma maquilhadora que gostava de “meter as mãos na massa”. Não sendo cabeleireira, gosto de visualizar os cabelos, o que fica melhor, das cores ao penteado. Comecei a criar o todo, desde a cor das unhas a bigodes, barbas e cabelos. Formei, então, uma equipa que trabalha sempre comigo nas criações.

Indo a um exemplo mais próximo, A Promessa [em exibição na SIC] é uma novela da SP – produtora onde estou desde a fundação, há 17 anos – em que existe uma família rica e uma família pobre. É uma narrativa tipicamente tradicional, em que estão bem distintos os estratos sociais, e, claro, é preciso que isso se note. A família mais pobre vem de Trás-os-Montes e é necessário que tenha um visual mais rural, menos estruturado. É a partir daí que vou construir os “bonecos”. Para cada personagem feminina, vou pensar quais são a cor do cabelo, o penteado, a maquilhagem, se vai ou não ter cor de unhas. Nos homens, se vão ter barba, que tipo de cabelo vão usar, se vão ser carecas, se vão ter só bigode ou uma barba mais pesada, se vão ter barba por fazer…

Depois, ao longo da novela, há que pensar, em relação a uma personagem feminina, por exemplo, quais podem ser as variantes do visual com que começou. Se andar de cabelo preso, o que pode usar? Em que situações pode estar sem maquilhagem? É a construção de um “boneco” num todo, para durar oito meses de novela.

Mas essa é só a primeira parte da preparação de um projeto, antes do arranque das gravações. Existe sempre muita pressão. Entre o fim de uma novela e o início de outra, não chegamos a ter uma semana para respirar. E a maquilhagem é uma sala de terapia. Às oito da manhã, somos os primeiros a chegar para as gravações, assim como os atores, que se sentam nas nossas cadeiras e descarregam tudo e mais alguma coisa.

Os atores são pessoas muito intensas, que precisam de muita atenção e, com frequência, é necessário tomar de manhã o comprimido da paciência [Risos]. O certo, porém, é que gosto muito de trabalhar com eles. Nem todos aceitam as nossas abordagens, ou o que a gente pensa, mas tentamos sempre levar as coisas a bom porto, para que ambos os lados fiquem satisfeitos.

Quanto a cinema, até agora só fiz o Bem Bom [biopic sobre as Doce]. Também para mim o filme foi bom: com ele ganhei o Prémio Sophia 2022 de Melhor Maquilhagem e Cabelos. Vi reconhecidos mais de 30 anos de trabalho.

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Nelson Oliveira terminou a prova de contra-relógio em ciclismo em sétimo lugar com um tempo total de 37m43s. O ciclista, de 35 anos, conquistou, assim, o primeiro diploma olímpico para Portugal da competição, distinção atribuída aos oito primeiros colocados de cada prova. “É um sonho estar aqui, nos meus quartos Jogos Olímpicos, mas não vou dizer que estou contente com a minha prestação. Vim para dar tudo e acho que fiz isso. Acho que fiz uma boa corrida, ainda não sei o resultado final, mas melhor era impossível”, referiu após a prova.

“Com a chuva dificulta muito. Houve quedas. É natural. Eu tive de mudar a minha trajetória numa rotunda por isso. Foi difícil, porque não podíamos arriscar. Felizmente cheguei são e salvo”, acrescentou.

Com 24 anos, Remco Evenepoel, de nacionalidade belga, sagrou-se campeão da prova anos ao percorrer 32,4 quilómetros em apenas 36m12s. Filippo Ganna (Itália) e Wout van Aert (Bélgica) conquistaram as medalhas de prata e bronze.

Também o português Rui Costa participou na prova tendo terminado em 25.º lugar. Os dois ciclistas portugueses voltam a competir pelo pódio a 3 de agosto na prova de estrada. “Somos 90 ciclistas, são 279 quilómetros, vai estar bom tempo, espera-se muito calor, calor, vamos tentar fazer o nosso melhor”, concluiu Oliveira.

Maysa Daw parece, à primeira impressão quando a encontramos atrás do palco, uma mulher tímida, discreta, que passaria despercebida entre a multidão. Horas mais tarde, quando a vemos em palco, é outra pessoa, um furação de energia, uma presença cheia de carisma, uma voz poderosa quando fala ao público: “Este corpo é meu, estas cicatrizes, estas rugas são minhas”.

Maysa Daw e os fundadores Tamer Nafar e Mahmood Jrere são as três vozes dos Dam, um dos primeiros grupos a fazer rap em árabe, um hip hop de protesto que se mistura com os sons mais tradicionais da região e faz o público vacilar entre o estilo de dança que segue. Com eles, o Castelo de Sines incendiou-se num dos concertos mais memoráveis da 24.ª edição do já mítico Festival de Músicas do Mundo (FMM).

Um dos maiores prazeres do FMM – além do público gentil e civilizado que está ali para viver e deixar viver – é partir para os concertos “às escuras”. Sem conhecer as bandas ou fazer a mínima ideia do que vamos encontrar, deixamo-nos levar no enlevo da descoberta e da novidade. São raros os momentos em que se vê o público a cantar, conhecendo a letra do início ao fim (aconteceu no concerto de Salvador Sobral, com o tema Amar pelos Dois, que o músico introduziu assim de forma divertida: “Temo que esta seja a estreia de uma canção da Eurovisão no FMM”).

Orchestre Tout Puissant Marcel Duchamp. Foto: Mário Pires/FMM

Na noite de quinta-feira, por exemplo, a “descoberta” da música dos suíços Orchestre Tout Puissant Marcel Duchamp deixou o público em delírio – uma orquestra de 14 músicos que encheram o Castelo de vida, com sons experimentais em que tudo fazia sentido, apesar da muita mistura de estilos. Este foi, até agora, um dos grandes concertos do FMM. E, logo a seguir, os Dam.

O amor e a guerra

Os Dam começaram em 2000. Viviam as influências de Tupac Shakur e não havia nada do género na Palestina. Era até difícil encontrar produtores musicais para a sua música. Ao longo destes 24 anos, as suas mensagens, explica-nos Maysa, não mudaram assim tanto, mas a “abordagem é completamente diferente”. “Amadurecemos”, acrescenta Tamer. “Continuamos a acreditar na igualdade, isso nunca muda, mas as camadas artísticas, as metáforas, as alegorias…”

Como em todo o hip hip, os seus temas são sociais e políticos, Mas também pessoais, diz Mahmood Jrere. “Por sermos palestinianos, as pessoas assumem que só falamos de política, mas somos humanos, falamos de amor também”. E, letras à parte, o amor encontra-se ainda na forma como os Dam juntam dois mundos no seu som muito próprio, deixando-se influenciar livremente pelas culturas árabe e ocidental.

“Algumas letras, sobre a liberdade e os direitos das mulheres… nunca se tinha ouvido nada assim no mundo árabe, nem mesmo nas músicas pop”, garante Maysa Daw, que recomenda uma das suas canções preferidas dos Dam: Freedom for my Sisters. Nesse tema, os cantores pedem desculpa por terem tratado de forma diferente o seu irmão e a sua irmã, fruto de um sexismo entranhado por todo o lado.

E sobre a guerra? “Quem dera que o tema tivesse mudado ao longo dos anos… bom, no último ano mudou bastante”, desabafa Mahmood, que vai buscar uma música de 2001 (Who is the terrorist?) para mostrar que podia ter sido feita agora. “Crescemos com isto na cabeça e naturalmente mexe com a nossa infância”, continua o músico, esperando que um dia possa dar uma entrevista em que o tema não venha à baila – significaria que a Palestina estaria em paz.

Hoje, sábado, 27 de julho, último dia do FMM, voltamos a ter a música da Palestina com a cantora Haya Zaatry, num registo intimista da folk acústica. E o programa segue cheio, da fantástica Mayra Andrade, de Cabo Verde, ao sírio Rizan Said. A música terminará ao nascer do sol.

Teresa Bonvalot – surf: Esperança nos antípodas

A pentacampeã nacional de surf vai competir nos Jogos Olímpicos… a mais de 15 mil quilómetros de distância de Paris. A competição realizar-se-á na famosa onda Teahupo’o, no Taiti, Polinésia Francesa, um dos lugares mais míticos do surf mundial. Naquela que é a sua segunda participação olímpica, depois da estreia em Tóquio, em que ficou em 9.º lugar, Teresa Bonvalot tem, aos 24 anos, a oportunidade de entrar para a história dos Jogos, depois de se ter qualificado diretamente através da pontuação alcançada no circuito mundial WSL. Entre as 22 surfistas na prova está também a portuguesa Yolanda Hopkins, de 26 anos.

Jorge Fonseca – judo: O bom gigante

Depois de ter sido campeão mundial em 2019 e 2021, a medalha de bronze conquistada em Tóquio acabou por saber a pouco a Jorge Fonseca. Por isso, logo após terminar a competição nos “Jogos da pandemia”, o judoca anunciou que iria lutar pelo ouro em Paris. Não há dúvida de que vai com esse objetivo, embora debilitado por várias lesões, que lhe impediram uma preparação ideal. Mas como já provou que consegue derrubar todos os adversários, tem agora a possibilidade de alcançar o seu sonho.

Francois Nel/Getty Images

Iuri Leitão – ciclismo: Pedalar sem pressão

Surpreendeu o País ao sagrar-se campeão mundial de omnium, em 2023, uma prova de ciclismo de pista que a esmagadora maioria dos portugueses não sabia sequer que existia. No entanto, essa medalha de ouro é reveladora do bom trabalho que tem estado a ser desenvolvido no Centro de Alto Rendimento de Anadia, mais concretamente no velódromo de Sangalhos, de onde têm saído fornadas de excelentes atletas. Iuri Leitão é um deles, juntamente com Rui Oliveira, por várias vezes medalhado em europeus de pista, e são os dois, de certa forma, os porta-bandeiras dos muitos atletas que se treinam diariamente em Sangalhos e que, aos poucos, têm estado a mudar a face do ciclismo português.

Yu Chun Christopher Wong/Eurasia Sport Images/Getty Images

Angélica André – natação: Sereia do Sena

Com a medalha de bronze conquistada na prova de águas abertas nos Mundiais de natação deste ano, Angélica André, de 29 anos, assumiu-se como uma nadadora capaz de lutar pelos primeiros lugares nos Jogos Olímpicos. Ainda por cima com a particularidade de a prova se disputar – se tudo correr como previsto – no rio Sena, ao longo de um percurso de dez quilómetros. Será algo de extraordinário para Angélica e para todos os outros nadadores: habituados a competir sem público, em Paris vão nadar com milhares de pessoas a incentivá-los em cada uma das margens. Será esse um tónico especial para Angélica?

Quinn Rooney/Getty Images

Vasco Vilaça – triatlo: Decidido a fazer História

Antes de cada prova, faz questão de ouvir We Are the Champions, dos Queen, e, talvez por isso, admite que sonha, em qualquer competição, com um lugar no pódio, mesmo sendo esta a sua estreia olímpica, em Paris, a que chega, aos 24 anos, com um currículo de respeito, embora ainda desconhecido para muitos portugueses: em 2017, foi campeão europeu e vice-campeão mundial de juniores; em 2020, com apenas 20 anos, sagrou-se vice-campeão mundial na categoria absoluta. No evento-teste ao percurso de Paris, terminou em segundo lugar. Um bom augúrio para concretizar aquele que não esconde ser a sua maior ambição: ser campeão olímpico.

Ana Cabecinha – marcha: A supermãe

Três meses depois de ter sido mãe, Ana Cabecinha vai cumprir, a 9 de agosto, a última prova da carreira, os 20 quilómetros marcha, fechando da melhor maneira a sua quinta participação em Jogos Olímpicos. Aos 40 anos, a atleta, que na cerimónia de abertura será também porta-bandeira, ao lado de Fernando Pimenta, não vai, naturalmente, lutar por medalhas. No entanto, vai demonstrar que os Olímpicos são mesmo para os melhores, tanto física como mentalmente. Nos primeiros Jogos em que há absoluta paridade entre sexos, Ana Cabecinha constitui a demonstração de que a longa marcha da dignificação das mulheres no desporto está quase concluída – e com distinção.

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Pedro Pichardo – triplo salto: Pronto para o duelo

Campeão olímpico em Tóquio e líder mundial incontestado do triplo salto, durante vários anos, o português de origem cubana será um dos protagonistas de um dos duelos mais aguardados das provas de atletismo em Paris. O outro é o espanhol Jordan Díaz, também de origem cubana, que fez a terceira melhor marca de sempre (18,18 metros) nos recentes europeus – em que Pichardo ficou com a medalha de prata, apesar do seu salto de 18,04 metros, que passou a ser novo recorde nacional (por Cuba, o atleta do Benfica alcançou os 18,08 metros, em 2015). A prova de triplo conta ainda com atletas com marcas de grande valor, como o italiano Andy Díaz (igualmente de origem cubana), o jamaicano Jaydon Hibbert, o burquinense Hugues Fabrice Zango (18,07 metros em pista coberta), sem esquecer ainda o português Tiago Pereira, recente medalha de bronze nos Mundiais de pista coberta. Tudo indica que este será um dos concursos mais excitantes de Paris 2024, não sendo de excluir a possibilidade de até cair o velhinho recorde de 18,29 metros, estabelecido, em 1995, pelo britânico Jonathan Edwards.

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Vanessa Marina – breaking: A oportunidade da estreia

Aquilo que, nos anos 70, começou por ser uma dança nas ruas do Bronx, em Nova Iorque, chega agora a modalidade olímpica, nos Jogos de Paris, em 2024. E será uma estreia que os portugueses vão querer acompanhar, porque nela estará Vanessa Marina que, aos 31 anos, tem já vários títulos conquistados neste desporto, incluindo a final da Red Bull BC One, no Reino Unido, em 2019. A residir em Londres há mais de uma década, a B-Girl Vanessa começou a praticar a modalidade já não muito jovem, mas tem sabido manter-se sempre nos lugares cimeiros. Tudo graças, segundo ela, “motivada pelo medo de ser apenas mediana”. Não tem dúvidas, portanto: “Se estou em alguma coisa, eu quero ser a melhor”

Catarina Costa – judo: Confirmar a surpresa

A judoca será uma das primeiras portuguesas a entrar em ação, logo no sábado, 27 de julho, e parece decidida a, no mínimo, confirmar a surpresa que constituiu em Tóquio, em que esteve na luta pelas medalhas e obteve um excelente 5.º lugar. A conquista do bronze nos últimos europeus serve de alento para a estudante de mestrado em Medicina, que, aos 27 anos, pode estar no apogeu da carreira.

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Diogo Ribeiro – natação: Menino de ouro

Aos 19 anos, Diogo Ribeiro é já, pelo currículo e títulos conquistados, o melhor nadador de sempre em Portugal. E é também a prova de que o segredo para se formar campeões é sempre o mesmo: identificar o talento natural de um atleta e, em seguida, acrescentar-lhe a sabedoria e a experiência de uma equipa técnica com créditos firmados. A ascensão fulgurante de Diogo Ribeiro e os bons resultados obtidos por outros nadadores portugueses são a demonstração de que se está a trabalhar muito bem, desde 2021, no Centro de Alto Rendimento do Jamor, sob a orientação do treinador brasileiro Alberto Silva. Depois do recorde mundial júnior nos 50 metros mariposa, em 2022, do título de vice-campeão do mundo na mesma distância, em 2023, e do duplo ouro, nos 50 e 100 metros mariposa, nos mundiais deste ano, Diogo Ribeiro chega com confiança a Paris – mas também com a humildade de quem sabe que estes são os seus primeiros Jogos Olímpicos numa carreira que ainda agora começou, e o seu primeiro objetivo não são as medalhas, mas alcançar a final dos 100 metros mariposa. Depois desse objetivo cumprido, quem sabe se não volta a surpreender?

Gustavo Ribeiro – skate: Em busca da confirmação

Com apenas 23 anos, Gustavo Ribeiro vai participar nos seus segundos Jogos Olímpicos, depois do oitavo lugar conquistado em Tóquio, na estreia olímpica da modalidade. Desde então, tem andado sempre na luta pelos primeiros lugares nas várias provas do circuito internacional, incluindo o título mundial em 2022. Em Paris, Gustavo vai bater-se por uma medalha num dos cenários mais icónicos de Paris: a icónica Praça da Concórdia.

Lorene Bazolo – atletismo: Mais rápida do que a idade

Quem ficou maravilhado com a velocidade que Pepe evidenciou aos 41 anos, no Euro 2024, irá agora dar mais valor à prestação de Lorene Bazolo: aos 41 anos, a atleta, nascida no Congo e que, há uma década, pediu asilo político em Portugal, é a portuguesa mais rápida de sempre e, em Paris, vai tentar chegar às meias-finais, nos 100 e 200 metros. Licenciada em Administração de Empresas e com um mestrado em Finanças, Lorene vai correr nos seus quartos Jogos Olímpicos (os três últimos por Portugal e os primeiros pelo Congo). Para Lorene Bazolo, a idade não é problema: os seus recordes nacionais nos 60, 100 e 200 metros foram obtidos nos últimos três anos – com uma idade em que a maioria dos atletas já se reformou.

Ramsey Cardy/Sportsfile via Getty Images

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A judoca olímpica portuguesa Catarina Costa, sétima do ranking mundial, perdeu esta manhã o segundo combate da categoria -48kg dos Jogos Olímpicos de Paris de 2024. “É uma adversária algo difícil, que não costuma aparecer no circuito. Apesar de a estudarmos, é sempre diferente lutarmos com ela em competição. Fizemos tudo o que havia para fazer”, referiu a atleta, salientado o “bom ritmo de ataque” e as “técnicas um bocadinho diferentes” da adversária.

A atleta perdeu, após uma queda inesperada, para a paraguaia Gabriela Narvaez já durante o ‘golden score’, ficando de fora dos quartos de final dos Jogos de Paris. “Fiz um movimento muito bom em primeiro, mas ela teve a felicidade de me conseguir puxar numa técnica de sacrifício, esquivei-me no limite, mas é algo que não se pode treinar sem treinar com ela, e ela não tinha feito isso em outras competições”, sublinhou.

Durante a primeira ronda, Costa tinha eliminado a alemã Katharina Menz, número 25 do ranking. “Sei que fiz todo o trabalho que era para ter feito até aqui, fiz treinos muito duros e toda a preparação como devia ter sido, mesmo com os obstáculos que foram surgindo, como as lesões. Claro que fica um grande amargo de boca, porque trabalhei para voos maiores e, infelizmente, termino por aqui a competição”, acrescentou.

Catarina Costa tinha alcançado o quinto lugar nas olimpíadas de Tóquio de 2020, a sua primeira participação olímpica.