Visão
As “anedotas” que arrancam gargalhadas aos guardas prisionais, dispostos em círculo, não têm como protagonistas “um inglês, um francês e um português”. Muitas vezes, os personagens principais são estes homens e mulheres, profissionais com décadas de carreira, ou jovens com apenas meia dúzia de anos de farda. Todos, sem exceção, guardam na memória episódios inusitados que já viveram no interior das cadeias. As vozes atropelam-se, participando num guião cómico-trágico. Numa fase de luta da classe – que reclama dos baixos salários e da falta de segurança, mas também da insuficiência de pessoal e das más condições das cadeias –, o desfiar destas recordações tira uma fotografia real ao sistema prisional português.
Dias depois de quase duas centenas de guardas prisionais se terem reunido à porta do Estabelecimento Prisional de Vale de Judeus – numa ação de solidariedade com os colegas daquela prisão, um mês depois da fuga de cinco reclusos –, a VISÃO recolheu histórias vividas para lá dos muros. O tema não é para rir, mas as piadas fazem-se sozinhas.

Começamos por um dia de verão de 2008. João Neves, hoje com 52 anos, era guarda prisional no Estabelecimento Prisional de Lisboa. Naquela tarde, os termómetros atingiam os 40 graus centígrados. O profissional, então com dez anos de carreira, podia adivinhar o “inferno” que lhe estava reservado, nas três horas seguintes, ao serviço nas torres de vigilância. “As torres tinham estruturas de ferro e não tinham sequer eletricidade. Era impossível colocar lá uma ventoinha, quando fazia calor, ou um aquecedor, quando fazia frio.” “O calor era muito complicado”, admite. Os minutos passaram, até que o desespero o dominou. De repente, teve um ideia. A voz alarmada de um colega, ao serviço noutra torre, deu o alarme: “João, estás bem? O que se passa?”, perguntou. Nas duas horas seguintes, surgiu uma nova (e inesperada) atração no interior da cadeia da capital, com João Neves firme no seu posto, envergando apenas cuecas e… a arma ao ombro. “Cumpri o meu dever, e sem desfalecer”, recorda, com uma gargalhada.
No dia em que conversamos com os guardas prisionais, a temperatura é amena. A chuva que cai não nos impede de admirar os muros altos da cadeia de Vale de Judeus, as redes de arame farpado. Recordando o dia 7 de setembro, questionamo-nos como foi possível? “Talvez as coisas pudessem ter sido diferentes”, interrompe um guarda, “caso não tivessem desativado os sensores de movimento”. “Os sensores, porém, eram muito sensíveis. Por isso, eram frequentemente acionados. Os guardas passavam o dia a deslocarem-se para verificar o que se passava, mas, chegados ao local, constatavam, invariavelmente, que o alarme tinha sido acionado por um pássaro ou um coelho”, comenta. “Alguém”, daria ordem para aquela “trabalheira acabar”. Quem? “Bom, isso já não sei responder, com certeza, não foi um guarda prisional”, sublinha.
“Pássaro ou coelho?”, pergunta outro guarda, ouvido afiado, que, com ar trocista, salta de imediato para o diálogo. “Ratos, baratas e percevejos. Isso, sim, é uma praga nas cadeias”, enumera. À VISÃO, também tem uma “cena de filme” para contar, na primeira pessoa. “Vale de Judeus, pavilhão B, madrugada. Apareceu-nos, pela frente, uma ratazana gigantesca. Sentindo-se cercada, investiu contra mim. Tive de lutar com ela”, recorda. O vencedor do combate não foi declarado. “Ossos do ofício”, afirma, meio a contragosto.
Portas escancaradas
Sérgio Almeida é dos mais jovens na concentração. Aos 34 anos, é guarda prisional no Estabelecimento Prisional de Pinheiro da Cruz, município de Grândola. A juventude não lhe trava a língua. Em sete anos ao serviço, tem “muitas histórias para contar”. “Sabe, demoramos sempre uma eternidade para abrir as celas”. Como? “As celas”, insiste. “As fechaduras em Pinheiro da Cruz têm uns 70 anos. As portas estão cheias de manhas. Aquilo, para abrir à primeira, é quase impossível. Temos de puxar ali, empurrar acolá, até que a chave roda, finalmente”, explica. “O problema é diário, mas a coisa vai-se desenrascando”, completa. A imaginação, no entanto, antecipa um “problema maior”. “E se houver uma emergência, um incêndio, por exemplo? Em pânico, à pressa, como se retira alguém, rapidamente, de dentro de uma cela que tem uma fechadura que não funciona?”, questiona.
Fábio, preso de amores
As autoridades seguiram a namorada do fugitivo até Tânger. Fábio estava escondido na casa de um amigo e quase “irreconhecível”

O amor traiu Fábio Oliveira (também conhecido como Fábio “Cigano”). A fuga terminou em Marrocos, um mês depois da evasão do grupo de cinco da cadeia de Vale de Judeus. A namorada de Fábio serviu de “isco”. A Polícia Judiciária tinha sob vigilância apertada a jovem portuguesa. Na sexta-feira, 4, os alarmes soaram quando ela se pôs a caminho em direção a Espanha. Com a cooperação da polícia espanhola, a PJ seguiu os seus movimentos até Madrid. No Aeroporto Internacional de Barajas, na capital do país vizinho, apanhou um avião para Casablanca. Em Marrocos, seguiu para Tânger. E, sem desconfiar, conduziu a polícia até ao namorado. “O evadido do Estabelecimento Prisional de Vale de Judeus, Fábio Loureiro, foi detido, ontem [dia 6 de outubro], pelas 22h00, em Tânger, pelas autoridades marroquinas, com a colaboração das autoridades espanholas, em estreita articulação com a PJ”, descreveu, em comunicado, a PJ. Fábio Loureiro terá chegado a Marrocos, via Espanha, com recurso a documentos falsos. Ali, manteve-se escondido na casa de um amigo – que também foi detido –, situada próximo da estação do ferry boat que faz a ligação com Tarifa e Algeciras (Espanha). De acordo com as primeiras descrições, Fábio Loureiro está quase “irreconhecível”, de barba cortada, muito mais magro. Não ofereceu resistência quando foi abordado pela polícia. Conhecido como Fábio “Cigano”, este homem foi condenado a 25 anos de prisão pelos crimes de rapto, tráfico de estupefacientes, associação criminosa, roubo à mão armada e evasão. Portugal vai pedir a sua extradição “para cumprimento de pena” no País. No jogo do gato e do rato, Fábio foi o primeiro a cair na ratoeira. Ainda faltam quatro: Fernando Ferreira, Rodolf Lohrmann, Mark Roscaleer e Shergili Farjiani.
Ficamos a saber que o “caso das portas” faz parte do “anedotário” do sistema prisional português. Os mais velhos aproximam-se, com vontade de contar muito mais. Como daquela vez em que o barulho metálico acordou todo o EP de Lisboa. Quando os guardas acorreram ao local deram de caras com um recluso, que, surpreendido, espreitava pela porta da própria cela. “Eu não fiz nada, a porta caiu”, jurou a pés juntos. Ou, então, do “caso dramático” do Estabelecimento Prisional de Alcoentre, ali mesmo ao lado, que, já entrados neste século, funcionava com muitas das portas das celas sem fechadura nem ferrolho. “Parece brincadeira, não é? Mas era exatamente assim! Como se fechavam as portas à noite, em Alcoentre? Com um pau de uma vassoura”, revela.
A situação deu azo a histórias insólitas, de reclusos que instalavam as próprias fechaduras, aos que deambulavam pelo presídio, visitando a cela do vizinho sempre que lhes apetecia. Criou-se, até, o hábito de os guardas fazerem ruído à chegada, para que os reclusos “não se deixassem apanhar” fora das respetivas celas. Todas as manhãs, o guarda “abria” a porta, numa coreografia ensaiada por quem tinha mais liberdade do que previra e por aqueles que não tinham soluções para alterar nada.
Viaturas avariadas
Os guardas admitem que muitos destes problemas ficaram no passado, mas que, entretanto, “surgiram outros” no presente. Se agora há fechaduras novas, as viaturas são cada vez mais velhas.
Carlos Sousa, 49 anos, é guarda no Estabelecimento Prisional do Porto e conta, à VISÃO, como “muitas diligências para os tribunais e os hospitais acabam por não ser feitas por falta de veículos disponíveis”. O problema é “quase diário”, sublinha. E dá exemplos: “Às vezes, o médico assinala uma urgência médica, logo de manhã, mas só conseguimos levar o recluso ao hospital ao final da tarde. As pessoas ficam ali a sofrer”, denuncia.
Noutras vezes, a carrinha celular arranca… mas não chega ao destino. “Avaria na berma da estrada. Por ano, são às dezenas os casos”, assegura. Ao final de 22 anos de carreira, Carlos Sousa recorda-se, sem esforço, do dia em que “uma carrinha avariou, e foi preciso aguardar pelo apoio de uma carrinha de suporte. Por vezes, é algo que demora horas. Dessa vez, ainda foi pior. O suporte também avariou, ficaram as duas paradas na estrada”, diz, com um encolher de ombros conformado.
A falta de pessoal é (outro) problema das saídas ao exterior. “O recluso devia ser sempre acompanhado por motorista e dois guardas, mas isso nunca acontece. Normalmente, vai apenas um guarda”, o que resultou num dos episódios relatados mais insólitos: o guarda acompanhava o recluso a uma consulta, no Hospital Pedro Hispano, em Matosinhos, quando teve um desmaio. A presença na unidade de saúde garantiu-lhe socorro imediato, mas foi o voluntarismo do recluso que fez “notícia”. Preocupado pelo portador de uma arma de fogo estar inconsciente, o recluso decidiu guardar o objeto no bolso, não fosse cair nas mãos erradas. Depois de recuperado, o guarda viu a arma ser-lhe devolvida.

Os 49 estabelecimentos prisionais que existem em território nacional guardam muitos outros “segredos”. Para lá dos muros do EP de Coimbra, “voam”, “com frequência”, telemóveis, carregadores e droga, como conta, à VISÃO, Cláudia Gomes, 49 anos, guarda há mais de duas décadas. “Os objetos são lançados do exterior, envoltos em esponjas para lavar a louça, pacotes de leite ou papel kraft. Certo dia, por pouco, um colega não levou com uma dessas ‘encomendas’ na cabeça”, detalha.
À VISÃO, Frederico Morais, presidente do Sindicato Nacional do Corpo de Guardas Prisionais (SNCGP), admite que “já conhecia ou tinha ouvido falar” de todas estas histórias. “É por tudo isto que fazemos a nossa luta, por melhores salários e condições de trabalho, por um melhor sistema prisional”, conclui.
Carlos Moreira
Diretor do Estabelecimento Prisional de Vale de Judeus
“Hoje, posso dormir descansado. O que aconteceu [a fuga de Vale de Judeus] não vai voltar a acontecer”

O novo diretor da cadeia de Vale de Judeus transita da direção do Estabelecimento Prisional da Carregueira, onde estava desde 2022. O jurista garante que, logo nos primeiros dias, encontrou forma de “não haver baixas de segurança” durante os turnos
Chega a Vale de Judeus na sequência da mediática fuga dos cinco reclusos. Quais foram as suas prioridades?
A minha primeira preocupação foi definir e estabelecer novos pontos de controlo. Isso foi logo feito. Hoje, posso dormir descansado. E posso garantir que o que aconteceu [a fuga dos cinco reclusos] não vai voltar a acontecer. Isso está garantido. As equipas estão comprometidas e tem havido o esforço de todo o pessoal para que tudo corra bem… É um bom primeiro sinal. Mas ainda há muitas coisas a melhorar, claro.
O setor continua com uma longa lista de reivindicações. Como pode garantir que uma fuga como a de 7 de setembro não se volta a repetir?
O reforço de pessoal é, naturalmente, essencial. A tutela sabe dessa necessidade, a ministra da Justiça [Rita Alarcão Júdice] está alinhada com o nosso projeto, e tem demonstrado essa vontade de suprir as dificuldades. Estas coisas, porém, não se resolvem facilmente, da noite para o dia. E, até lá, temos de garantir que o estabelecimento prisional [de Vale de Judeus] se mantenha a funcionar, com os meios que temos ao nosso dispor.
Referiu que a ministra da Justiça “está alinhada”. Tem a garantia do Governo que, no futuro, terá mais e melhores meios para gerir a cadeia de Vale de Judeus?
Temos, de facto, essa garantia, para a reconstrução e a construção do que é preciso fazer no interior do estabelecimento prisional [de Vale de Judeus]. Mas, para já, o que me dá garantias são os acertos que já foram efetuados nos pontos de controlo [maior número de guardas a vigiar o pátio e as câmaras de CCTV].
E isso foi possível mesmo com a falta de meios humanos de que os guardas prisionais tanto se queixam?
Exatamente. Há, agora, uma forma de gestão diferente dos recursos que, neste momento, estão disponíveis. Esta foi uma forma que encontrámos para não haver baixas de segurança durante os turnos.
Os profissionais do setor mostram-se descontentes e desmotivados. Neste contexto, é possível melhorar?
A parte das carreiras, como é óbvio, não me diz respeito. Ao longo dos anos, não só os guardas prisionais como também os técnicos viram as condições de trabalho tornarem-se mais difíceis, o que motivou alguma desmotivação… Espero, sinceramente, que possa ser possível tornar estas carreiras mais atrativas, mas isso são políticas públicas, que têm de ser definidas pela tutela.
Concorda, então, com as queixas dos guardas prisionais? Faltam profissionais para guardar as cadeias?
Temos um défice de pessoal, é evidente. Já tive a oportunidade de falar com a ministra da Justiça sobre o assunto. Ela sabe quantas pessoas preciso para fazer um bom trabalho.
Um dos reclusos [Fábio Loureiro] que se evadiu de Vale de Judeus foi capturado em Marrocos. Sente algum alívio?
É um alívio, sobretudo, para a comunidade. Agora, há um trabalho longo que tem de ser feito com esse recluso.
Palavras-chave:
De acordo com a Agência Internacional de Energia (IEA), os centros de dados e a computação em nuvem são responsáveis por cerca de 1% a 2% do consumo global de eletricidade, sendo que este valor deverá crescer à medida que mais empresas adotam soluções baseadas em IA. Um estudo realizado pela Universidade de Massachusetts Amherst, em 2019, revelou que o treino de um modelo de IA de grande escala pode gerar emissões de cerca de 284 toneladas de dióxido de carbono (CO₂), o equivalente às emissões de cinco carros ao longo de toda a sua vida útil. Além do consumo energético, os centros de dados utilizam grandes quantidades de água para arrefecer os servidores. Sistemas de refrigeração líquida, que circulam água para absorver o calor são mais eficientes do que os métodos de arrefecimento por ar, mas também são mais exigentes em termos de recursos.

O papel das grandes empresas
Empresas tecnológicas como a Google, Amazon e Microsoft, que operam alguns dos maiores modelos de IA, têm estado sob crescente escrutínio devido ao impacto ambiental. A Breakthrough Energy, uma organização fundada por Bill Gates, estimou que as infraestruturas de IA destas grandes empresas foram responsáveis pela emissão de milhões de toneladas de dióxido carbono desde 2020. Estas organizações estão, contudo, a tentar mitigar o impacto ambiental. A Google comprometeu-se a operar com energia 100% livre de carbono até 2030, e a Microsoft anunciou que, até essa data, pretende eliminar mais emissões de carbono do que aquelas que produz.

Soluções em discussão
Entre as soluções propostas para reduzir o consumo de recursos estão a redução da complexidade dos algoritmos, a otimização dos processos de treino e o uso de fontes renováveis para alimentar os centros de dados. O desenvolvimento de modelos de IA “mais leves” e eficientes é uma área em que empresas como a OpenAI estão a investir. Além disso, o uso de energia verde no setor tecnológico tem vindo a aumentar, representando, segundo a IEA, cerca de 20% do total consumido por grandes empresas de tecnologia.
Outra abordagem em destaque é a implementação de sistemas de refrigeração inovadores, como a refrigeração submersa, que pode reduzir o consumo de água e energia em comparação com os sistemas tradicionais de arrefecimento líquido. A Microsoft testou este conceito no Project Natick, instalando centros de dados submersos que utilizam a água do mar para arrefecimento. Esta estratégia não só reduz o consumo de energia como prolonga a vida útil dos servidores devido à estabilidade térmica do ambiente aquático. Paralelamente, as empresas tecnológicas estão a investir em fontes de energia renovável, como parques eólicos e solares, que alimentam diretamente os centros de dados, diminuindo assim a dependência de combustíveis fósseis.

A Google, por exemplo, está a utilizar IA da DeepMind para otimizar o uso de energia nos seus centros de dados, resultando numa redução de 40% no consumo de energia para arrefecimento. Por fim, um dos aspetos mais promissores para mitigar o impacto ambiental da IA é a eficiência computacional. Vários investigadores e empresas estão a desenvolver algoritmos de machine learning (ramo da inteligência artificial onde os sistemas aprendem automaticamente a partir de dados) que necessitam de menos potência computacional para serem treinados, o que reduz significativamente o consumo de energia. Este esforço pela otimização energética não só diminui a pegada de carbono das operações, mas também torna os modelos de IA mais acessíveis e sustentáveis a longo prazo.
Iguaria muito apreciada em Portugal, as castanhas estão de volta (ou quase) e marcam, para muitos, o início do outono. Um alimento sazonal, este fruto é muito consumido durante os meses de inverno, com destaque para o dia de São Martinho, que se assinala a 11 de novembro.
As castanhas – e a sua farinha – foram durante séculos fundamentais para a alimentação humana, chegando até a servir de substituto ao pão em anos de más colheitas. Os historiadores acreditam que o castanheiro, uma árvore oriunda da Ásia Menor, tenha sido trazido para a Europa durante o império Romano e que, posteriormente, tenha sido levado para outros continentes durante as expansões marítimas. Sendo uma árvore de lento crescimento, os castanheiros demoram entre 25 a 30 anos a dar fruto e só atingem a sua maturidade a partir dos 100 ou 150 anos. Mas introdução de novos alimentos nos séculos XV e XVI, como a batata e o milho, provenientes do continente americano, resultou num menor consumo da castanha, outrora um pilar na subsistência das populações.
Apesar de pequenas, as castanhas são um fruto muito nutritivo e com muitos benefícios para a saúde. Sendo um alimento muito versátil, podem ser consumidas cozidas, assadas, como acompanhamento – substituindo a batata, massa ou arroz – ou em sobremesas e bolos.
Alguns benefícios para a saúde:
De nome científico Castanea sativa Miller, a castanha é um fruto muito rico em diversos minerais, vitaminas e hidratos de carbono.
- Rica em potássio e magnésio: Com elevados níveis de potássio, magnésio e ferro, castanha é uma fonte muito rica em minerais e aconselhada para quem pratica muito exercício físico. O potássio, por exemplo, é um mineral que ajuda a controlar os níveis de pressão arterial, contribuindo para a saúde cardíaca. Já o magnésio, um principais minerais da castanha, pode ser muito benéfico para pessoas sujeitas a maiores níveis de stress físico e psicológico, ajudando-as a relaxar e até a dormir. A castanha possui ainda cálcio, fósforo, zinco, cobre e selénio.
- Uma fonte de hidratos de carbono: Constituída maioritariamente por hidratos de carbono complexos (glúcidos), a castanha possui quantidades significativas de amiloses (glicose) e amilopectinas (amido), que permitem o desenvolvimento da flora intestinal e a produção de ácidos gordos. O amido, de absorção lenta, previne ainda a subida repentina de glucose no sangue, tornando este alimento indicado para quem tem diabetes. Na sua composição encontram-se ainda proteínas, lípidos, água.
- Promove a saúde cardíaca: Para além dos hidratos de carbono, as castanhas possuem diversos compostos fitoquímicos – como a luteína e a zeaxantina, fundamentais para o desempenho do organismo – e fenólicos – anti-oxidantes associados à diminuição do risco de doenças cardiovasculares.
- Alto teor de fibra: O alto teor de fibra presente na castanha contribui para a diminuição dos níveis de colesterol e gordura e estimula a presença de bactérias probióticas benéficas no intestino (bifidobacterium e lactobacillus), que ajudam a reduzir a inflamação e as enzimas bacterianas fecais – associadas a alguns cancros do intestino.
- Rica em vitaminas: A castanha é ainda rica em vitaminas do complexo B (B1, B2, B6), folato, tiamina e vitamina C, que contribui para o funcionamento do sistema imunitário e para a redução do cansaço e fadiga. Segundo o Programa Nacional de Promoção da Alimentação Saudável da DGS, bastam “dez castanhas assadas para fornecer ao organismo “36% das quantidades necessárias de vitamina C, 14 % da tiamina necessária, 21% da vitamina B6 e 15% do ácido fólico”.
- Tem um baixo valor calórico: Comparativamente aos frutos secos, a castanha tem um menor teor calórico. Devido ao amido presente na sua composição e alto teor em fibra, este fruto contribui para o controlo do apetite e ajuda a regular o trânsito intestinal.
- É indicada para celícos: Por ser isenta de glúten, a castanha é uma boa opção para doentes celíacos ou pessoa com sensibilidade ao glúten.
No entanto, e à semelhança de outros alimentos como o tremoço ou o amendoim, as castanhas devem ser consumidas com moderação. Devido ao seu elevado teor de fibra, este fruto pode provocar alguma flatulência dado que, ao chegar ao intestino, a fibra é fermentada pelas bactérias intestinais, resultando assim na criação de gases. Uma condição que pode ser reduzida se a castanha for cozida, por exemplo, com erva-doce.