Visão
Através de um comunicado, o Exército explica que o militar morreu durante a madrugada deste domingo no Hospital de São José, em Lisboa, onde se encontrava após ter ficado ferido num incidente com uma arma de fogo. O ramo das Forças Armadas refere que o militar “partiu de forma prematura e inesperada” e manifesta “dor e enorme consternação” pelo “falecimento do Soldado Aloísio Baldé”.
Na mesma nota, o Exército afirma já ter sido acionado “apoio psicológico, direcionado à família e restantes militares de serviço”.
O Exército tinha informado, este sábado, que um militar que se encontrava em serviço na Academia Militar tinha ficado ferido, com “prognósico muito reservado”. “Foi aberto um processo de averiguações, tendo em vista o apuramento das causas do sucedido”, acrescentam.
Ana Sofia Ventura, médica de Medicina Interna na CUF, e Jorge Brandão, médico de Medicina Geral e Familiar e vice-presidente da Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar, explicam quais são as doenças habituais nesta época e como se pode prevenir o seu agravamento
Quais são as doenças mais frequentes?
Os diagnósticos mais comuns são os de “agudização de doenças respiratórias”, refere, Ana Sofia Ventura, médica de Medicina Interna na CUF, acrescentando, “sobretudo os de asma, sinusite, rinite alérgica, exacerbações de bronquite crónica, DPOC (doença pulmonar obstrutiva crónica), enfisema pulmonar e pneumonias”. Além do mais, também é frequente o “agravamento de outras doenças nomeadamente cardiovasculares (HTA, insuficiência cardíaca, cardiopatia isquémica, doença cerebrovascular, diabetes, hipercolesterolemia, etc.), reumáticas e musculoesqueléticas”, diz. Também são usuais, acrescenta a especialista, “as lesões na pele, por desidratação (secura, eczema) ou por exposição direta ao frio e à humidade (úlceras por frio derivadas do congelamento, queimaduras, ou frieiras)”.
O frio tem impacto nos AVC?
Ana Sofia Ventura refere que “alguns estudos internacionais dão conta de um aumento de aproximadamente 20% da incidência de AVC durante o inverno”. Isto porque, diz, “no inverno, e devido à descida de temperatura, os vasos sanguíneos (sobretudo os periféricos), contraem-se para manterem a temperatura corporal estável, sensivelmente entre os 36 ºC e os 37 ºC, num fenómeno a que se dá o nome de vasoconstrição”.
Esta diminuição dos vasos leva a um aumento da resistência vascular que, depois, aumenta a pressão arterial. É este aumento que, nota a especialista, “além de sobrecarregar o coração”, pois este tem de fazer mais esforço “para bombear o mesmo volume de sangue por vasos de menor calibre”, facilita “também a rotura de pequenos vasos mais frágeis e a de eventuais placas de gordura (ateroscleróticas)”, podendo levar a um enfarte agudo do miocárdio ou a um AVC isquémico.
As mortes por enfarte aumentam quando a temperatura desce abaixo dos 14 graus centígrados?
A internista da CUF dá conta de vários estudos que mostram existir um aumento da incidência de enfarte durante os meses de inverno, sendo que em alguns deles se “afirma inclusivamente que uma descida de 10 ºC na temperatura” é acompanhada de um aumento de aproximadamente 7% do número de enfartes e noutros estudos “refere-se que, quando a temperatura alcança médias diárias abaixo de 14 °C, os casos de morte por enfarte do miocárdio (ataque cardíaco) aumentam em até 30%”. Em Portugal, diz, uma análise retrospetiva do Registo Nacional de Cardiologia de Intervenção, publicado em 2016, “também mostrou esta tendência”: por cada grau de descida de temperatura houve um aumento de 2,2% nos casos de enfarte em Lisboa e de 1,7% no Porto.
Qual o efeito que o frio pode ter nas alergias e nas doenças inflamatórias?
No caso das alergias, pode influenciar certo tipo de doenças, “como a urticária desencadeada pelo frio e, nas alergias respiratórias, pode ser um fator de maior agressão da árvore respiratória já eventualmente fragilizada pelo processo alérgico”, explica Jorge Brandão, médico de Medicina Geral e Familiar e vice-presidente da Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar. Ressalve-se, no entanto, que, diz, “as épocas do ano em que há mais disseminação ambiental de substâncias alérgicas são a primavera e o outono”. Quanto às doenças inflamatórias, que são muitas, adianta médico, “pensando apenas nas de expressão reumática (os reumatismos)”, é comum “e do senso clínico”, estabelecer relação entre o tempo frio e o “agravamento da capacidade funcional dos doentes”.
Qual o impacto nas doenças respiratórias?
O frio é um “irritante brônquico” e, por isso, “facilitador do agravamento das doenças respiratórias crónicas”, lembra Ana Sofia Ventura. O nosso organismo “defende-se” num processo que começa nas vias respiratórias, em que “o nariz inala o ar e as substâncias agressivas, mantendo uma temperatura de 37 ºC e uma humidade de 78%”. Se o ar estiver muito frio, “os capilares nasais dilatam-se e produzem mais muco”, continua, o que pode resultar numa congestão nasal ou até numa infeção respiratória.
Este muco (muco nasal e expetoração) tem como finalidade, explica, “a fixação dos irritantes que invadem o aparelho respiratório para serem expulsos”. Só que, os vírus ou bactérias ficam ali depositados e, dada a sua composição e a temperatura do corpo, encontram “condições ótimas para a sua multiplicação, com desenvolvimento das doenças infeciosas respiratórias virais e bacterianas”, nota.
O frio tem impacto na imunidade?
Não “parece ter relação direta no funcionamento do nosso sistema imunitário”, nota a médica da CUF. Contudo, durante o outono e o inverno, há fatores que parecem contribuir para uma maior vulnerabilidade, nomeadamente para o aumento do número de infeções nesta época do ano. “Há maior circulação de vírus e de agentes patogénicos respiratórios, o ar é mais seco e, tendencialmente (embora não neste ano, devido à pandemia), há maior aglomeração de pessoas em ambientes fechados e climatizados e mudanças bruscas de temperatura”, diz a especialista.
Que erros devem ser evitados?
O primeiro conselho do médico em Medicina Geral e Familiar é “não se expor ao frio, sem proteção”. Quem tem problemas respiratórios deve utilizar cachecóis ou lenços que cubram a boca e o nariz, permitindo filtrar e aquecer o ar frio. Neste “inverno, como a moda vai tender para as máscaras, isso já constituirá algum tipo de proteção, criando-se, em frente à boca e do nariz, um microclima” de ar aquecido, atesta. O médico recorda que se deve evitar o “exagero no aquecimento ambiental” e, também, os “choques térmicos”, principalmente na passagem do calor para o frio.
Ana Sofia Ventura avisa que, “em caso de significativa modificação da sintomatologia habitual, de instalação aguda, com expressiva sensação de mal-estar”, não se deve adiar a ida às urgências ou ao atendimento permanente. O “atraso”, continua, na obtenção de cuidados de saúde em situações-limite ou agudas graves “pode ter mau prognóstico e, não raramente, pode mesmo ser fatal”.
Quais os hábitos que ajudam a prevenir as consequências?
Ter um estilo de vida saudável, com exercício físico e uma alimentação equilibrada, é fundamental, assim como beber líquidos, mesmo quando não se tem sede. Se se tomar medicamentos, é preciso que se “cumpra as indicações recomendadas e se assegure que existe medicação suficiente e algum stock (pelo menos para um mês de tratamento)”, nota Ana Sofia Ventura. Deve-se, também, ter as vacinas em dia e, no caso de pessoas maiores de 65 anos ou com doenças crónicas, “fazer a vacina da gripe e informar-se sobre a vacina antipneumocócica”, lembra a médica.
O que devemos fazer em casa para nos protegermos do frio?
Estar agasalhado, mas não nos esquecendo, caso se tenha infeções respiratórias ou alergias, de “facilitar a circulação de ar e de abrir as janelas periodicamente, para melhorar a qualidade do ar”, recomenda a internista. Limpar e/ou substituir regularmente os filtros do ar condicionado, “aspirar a casa com frequência e evitar a utilização de alcatifas, tapetes e cortinados muito densos e que possibilitam a acumulação de pó” são outros conselhos da médica.
Que erros devem ser evitados, nesta altura do ano?
Por causa da pandemia Covid-19, muitas pessoas, devido ao receio de contágio, deixaram de ir ao médico ou de fazer as consultas regulares. Ana Sofia Ventura reforça que “é absolutamente fundamental que os doentes não tenham medo de se deslocar aos hospitais e aos restantes serviços de saúde, para procurarem o seu médico e efetuarem a vigilância da sua saúde, bem como para prevenir ou acompanhar as suas patologias”. Lembre-se de que, se uma doença for diagnosticada de forma tardia, as consequências podem ser mais graves.
Fortalecer a imunidade
Exercício, alimentação cuidada e sono reparador são essenciais para se robustecer o metabolismo
Através da alimentação
Alimentos ricos em vitamina C – Esta vitamina estimula os glóbulos brancos na resposta a agentes infeciosos. Exemplos: citrinos, agrião, papaia, morango, batata ou brócolos.
Alimentos ricos em vitamina D – Esta vitamina estimula a atividade dos glóbulos brancos e de outras células face aos agentes infeciosos. Exemplos: peixe, carne, ovos, produtos lácteos.
Alimentos ricos em zinco – Pessoas com défice de zinco têm uma menor resposta imunitária perante os agentes infeciosos. Exemplos: frutos secos, sementes de sésamo, sementes de abóbora, gérmen de trigo, cereais fortificados.
Dormir bem
Descansar apenas quatro ou cinco horas por dia não é o suficiente para se repor o nosso metabolismo. Para fazer reset, recomenda-se que se durma entre 7 e 8 horas (para um adulto).
Apanhar sol
A vitamina D é essencial para se manter o equilíbrio mineral do corpo.
Exercício
Uma caminhada diária de 30 minutos com “passada larga” para se aumentar a frequência cardíaca e se transpirar um bocadinho é essencial.
(Artigo publicado originalmente em outubro de 2021)
Sabíamos que os hotéis são lugares que dão primazia ao cuidado, ao belo e ao conforto, mas a forma como são retratados na nova série documental, em estreia na RTP2, ao final da tarde de domingo, dá-lhes uma elegância extra, torna-os ainda mais cinematográficos e humaniza-os.
Hotéis XXI “é uma série que fala mais das pessoas e da rede necessária à volta dos hotéis”, explica Marina Reino, realizadora e autora da série, uma ideia de Rita Rolex, produzida por Maria & Mayer. Os seis episódios temáticos dão o ponto de vista mais sociológico da forma como as pessoas se relacionam com o espaço, desde os hóspedes aos funcionários.
Na estreia, em Viajante ou Turista?, relembra-se que existem hotéis porque viajamos, porque queremos quebrar as rotinas. Na essência da hospitalidade está o ser curioso perante o outro, o querer criar ligações e fazer alguém sentir-se confortável. As origens do turismo remontam à Grécia do século VIII a.C., aos Jogos Olímpicos da Antiguidade, passando pelo comércio dos fenícios, a Idade Média repleta de fé e de peregrinos, até às ferrovias e à primeira agência de viagens do mundo no final do século XIX.

Para muitos hóspedes, a estada num hotel é sinónimo de prazer, desde a preguiça, passando pela gula, até à luxúria. Uma banheira cheia de espuma ou a alvura dos lençóis são mimos que transformam os clientes em pessoas importantes.
Para falar também de Ofícios, Criação do Espaço, Desperdício e Fuga à Rotina, Marina Reino filmou em 14 hotéis de norte a sul do País, selecionados num “processo muito natural”. “Tentei afastar-me de Lisboa para ter uma amostra dispersa, porque são efetivamente projetos mais difíceis de vingar”, conta a realizadora.
Finalizado o projeto, a grande conclusão a que Marina chegou, “e a mais enriquecedora”, é que estes hotéis são “concebidos por pessoas sem histórico hoteleiro”. Da austríaca Ingrid Koeck do Torel Boutiques a José António Uva do São Lourenço do Barrocal, mais a dupla João Costa e Isabel Costa da Casa das Penhas Douradas, todos são anfitriões cinco estrelas.
Hotéis XXI > RTP2 > Estreia 22 dez, dom 18h10 > 6 episódios, um novo ao dom
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Há um certo lugar no mundo onde os futuros se fazem, começados na decisão de apadrinhar uma criança. As crianças e seus futuros são possíveis com a Helpo, organização que se faz da soma das nossas mãos, do afinal tangível coletivo que são todos os padrinhos, das nossas esperanças que tanto (tanto) instamos ao inominável. A Helpo materializa as nossas mal correspondidas esperanças em possibilidades. E fomos visitá-las, a elas, às possibilidades, e a eles, aos futuros. Pudemos captar-lhes o antecipado vislumbre nesse fazendo pouco a pouco, nesse múltiplo construendo, tanto a tanto.
Chegados há poucos dias (se de São Tomé alguma vez chegaremos a sair, que o corpo cansado é um e a lembrança afetiva é outra), os dez padrinhos que visitaram as crianças e as comunidades que apoiam na “ilha maravilhosa no coração do mundo”, através do programa de apadrinhamento da Helpo, ainda são ressonância da passagem que fizeram, a que se deu na terra húmida e a que foi na constituição do que nos põe gente.
A Helpo é uma organização não governamental para o desenvolvimento, laica e apolítica, com existência desde 2008 pelas mãos da formidável Joana Clemente. Sediada na pequena localidade das Fontainhas, no concelho de Cascais, a sua equipa ímpar (das que em genuína modéstia se desconhecem no que extraordinárias são) presta apoio à população vulnerável em Portugal e em países em vias de desenvolvimento, que vive modestamente num certo tempo anterior ao de outras (a modernidade é de uma séria relatividade, se não estamos todos, coletivamente, no mesmo ponto da grande construção societal). A intervenção da Helpo acontece nos setores da educação, nutrição e saúde materno-infantil, na ajuda humanitária e de emergência e na educação para o desenvolvimento e cidadania global. O que tanto é o exercício da bondade em corpo organizacional, de altruísmo na hipótese institucional.


E a Helpo tem com ela pessoas como ela, das que não sabem do seu tamanho, que nos acomodaram o espanto, a comoção, a gargalhada despudorada e a lágrima angustiada, algo apaziguada, porque o mundo, que é humano, move-se ali, afinal muda um pouco, afinal melhora um tanto. No terreno, recebeu-nos (na sua casa e na sua íntima grandiosidade) o excecional (sem esforço ou excesso de adjetivação) Miguel Jarimba, coordenador de projetos em São Tomé e Príncipe, e que tem o sobrenome cognominial da força e do entusiasmo, que só serve aos que contrariam a desesperança. E foi com Jarimba, também vulnerável, coisa essa humana, que ele e a sua amorosa família, e também a tão querida Carolina Reis, jovem nutricionista do Programa de Acompanhamento Nutricional Materno-Infantil (PANMI), nos acolheram e ampararam durante a viagem de doze dias de calendário, múltiplos outros de irrevogável transmutação. Estes padrinhos não poderiam sabê-lo ainda, mas viriam a sair da ilha irremediavelmente transformados.
Livros que resistem
Antes de iniciadas as visitas às escolas, conhecemos a resistente biblioteca de São Tomé que, na praça da cultura pela liberdade, e dirigida pela professora de Literatura Marlene José, tem ausentes livros de apoio ao estudo universitário e profissional, privação que é quebra de caminho já tão perto desse futuro adulto. Impossibilitados de a desprezar, os padrinhos ofereceram os livros curriculares em falta. A Helpo “cuida das escolas da cidade”, disseram-nos aí, e procura juntar os livros e as crianças. Uma das formas é a móvel Bibliomota, apoiada pela Embaixada de Portugal e pela DAR do generoso Luís Godinho, nosso infatigável suporte memográfico, que captou com sensibilidade a medida do nosso (para sempre) desassossego.
O nosso primeiro contacto com as comunidades aconteceu em Monte Café, uma antiga roça de café no distrito de Mé-Zochi. Há emoções que ainda não têm nome. Uma delas foi a que nos tomou quando, ainda à porta, vimos chegar um menino da creche, vindo sozinho pela rua de terra encharcada, abrigado da chuva, ele e a sua mochila, na sua pequena capa. Vimo-lo subir, frágil e resoluto, os degraus da pequena escola e desejámos muito que lá encontre sempre parte do seu futuro. Mais tarde, Katia, educadora na Creche de Monte Café, havia de nos contar dos impossibilitantes constrangimentos económicos dos pais. O apoio dos padrinhos (700 em São Tomé) é um gesto que ali muito alcança. O educador e gestor Hélder disse-nos: “A Helpo é um dos melhores parceiros na educação, nunca virou costas.” E enfim entregou-nos: “O pouco faz a diferença, vocês têm estado a fazer a diferença.”
Sónia Capela, professora de ioga e mindfulness de crianças, apadrinha, desde há um ano e meio, a pequena Patrícia, de cinco anos (e é agora também madrinha da sua irmã Vanessa de dez anos), e, após o comovente encontro, com dificuldade conciliou a emoção de saber que em muito ajuda esta criança com a difícil consciencialização de que muitas outras não virão hoje à escola, comprometidos passos futuros. Nesta creche, 96 crianças são apadrinhadas, mas a falta ainda de padrinhos impediu a continuidade da entrega da cesta básica e da proteína animal às cinco outras creches das dependências de Monte Café, prejuízo duríssimo para toda a comunidade.

A alimentação nutricionalmente rica é primária atenção da Helpo, se é em corpo íntegro que o futuro seguro sempre se há de fazer, e foi ainda na Creche de Monte Café que encontrámos pela primeira vez (e tantas se seguiriam), ensinando as cantineiras e “serventas”, a incansável Dona Milú Paquete, de 71 anos, uma mulher determinante da existência da Helpo no país. E é a síntese da multiplicidade e do extraordinário que pode fazer-se. Foi coordenadora nacional das dietas hospitalares e supervisora das áreas de saúde. Completada uma extensa vida profissional, colabora com a Helpo há vários anos. A Dona Milú, na sua imensa e humana sensibilidade, faz hoje bem crescer meninas e meninos no seu cuidado Berçário Nascente dos Pequeninos e acompanha, com disponibilidade infindável, enquanto “estiver de pé caminhando”, vários projetos da Helpo, “para que as crianças cresçam e tenham uma boa vida”.
Fazer um lugar melhor
No caminho pela bela Cascata de São Nicolau, fomos, na segunda manhã de visitas, até ao pequeno lugar de Saudade, distrito de Mé-Zochi. Ao fundo da rua vê-se meio planeta. Aí conhecemos o amoroso Jardim de Infância Paulo Rosário das Neves, construído pela Santa Casa da Misericórdia de São Tomé e Príncipe com o apoio da Helpo e da Egecon, onde 12 de 40 crianças são apadrinhadas. A responsável pelo jardim e uma das líderes comunitárias é Natália e disse-nos, lúcida: “Se não houver um lugar melhor, nós fazemos um lugar melhor.”

Adelaine e seus dias de futuro
A madrinha Olga Preto, professora aposentada, encontrou, muito enternecida, a sua afilhada Adelaine, apadrinhada desde há dois anos, uma menina muito doce que frequenta, com tanto empenho, a oitava classe da Escola Básica de Monte Café (aqui setenta por cento das crianças são apadrinhadas). A sua mãe só pôde estudar até à sétima, impedida de mais. O caminho interrompido motiva-a a incentivar o trilho que agora é o dos seus filhos. O apoio de Olga liberta-a das despesas escolares, e assim “dá para comer”.
Madrinha e afilhada falaram, numa “conversa como se não fosse a primeira”, sobre as (tão) boas notas de Adelaine. É das melhores alunas da sua classe, o que muito orgulhou a madrinha, que tem facilitado este seu caminho. Pode Adelaine dedicar-se aos seus estudos e cuidados cadernos, sabendo que o dia seguinte é dia de poder estar na escola, é dia de futuro.
(António Preto, marido de Olga, decidiu, emocionado, também ele passar a apadrinhar uma criança. Todos nós ainda nos comovemos com ele e as suas renovadas esperanças.)
Descemos depois até à Escola Secundária Maria Manuela Margarido (MMM), onde estudam cerca de cem jovens apadrinhados pela Helpo. Ali há um particular projeto que nos sensibilizou. Um grupo de professores, entre eles Celmar, Cadmiel e Humberto, tem financiado pessoalmente a matrícula dos alunos que, sem esse apoio à educação, não frequentariam a escola. Foi desta iniciativa que surgiu o programa Futuro Leve-Leve. Harynder Luciano, diretor da escola, disse-nos: “A Helpo tem ajudado muitos e muitos alunos.” Nas escolas secundárias de São Tomé, o apoio da Helpo materializa-se na multiplicação de materiais de apoio ao estudo pelas mãos crescentes que deles precisam. E assim também na aquisição de fotocopiadoras, equipamento de informática e papel, no pagamento das matrículas, propinas e testes, e até no apetrechamento das cozinhas, “um balão de oxigénio”, como nos disse Amâncio Sousa, diretor da Escola Secundária António Francisco Afonso Pires – Monte Café (Escola Nova), se sempre é de vida que se trata quando estabelecemos a possibilidade de caminhos escolares.
Abraço generoso
Foi na Escola Secundária MMM que a madrinha Lígia Borges, engenheira do ambiente, encontrou o alegre Joelson, seu afilhado desde os três anos, o primeiro apadrinhamento da Helpo em Monte Café. Hoje já tem 18 anos e um abraço generoso. Nunca reprovou e está prestes a concluir a 12ª classe, a chegar à porta de entrada do futuro que a madrinha lhe franqueou. Lígia entregou a Joelson um álbum onde cuidadosamente registou as fotografias, cartas e desenhos que, ao longo de tantos anos, dele foi recebendo. Uma carta antiga falava de como começava a compreender as palavras. Com elas escrevera “gosto muito de ti”.
A Helpo apoia os jovens alunos também no desenvolvimento das suas competências emocionais. É o caso do belíssimo projeto de literacia emocional, com Clarisse Caeiro, que conhecemos na Escola Nova. Há de importar-nos que, fazendo-se adultos, cresçam, nas instâncias da sua intrínseca constituição, capazes de reconhecer comportamentos e sentimentos relacionados com a violência, o abuso sexual, a droga e o álcool, a doença mental ou o bullying. Os temas foram escolhidos pelos próprios jovens, se somos afinal em tanto semelhantes.
Outros projetos do teor das invisibilidades são o Maria Menina, sobre saúde da mulher, ou o ProVISA – Vida Sem Álcool, projeto colaborativo com o Instituto da Droga e Toxicodependência do Ministério da Saúde e dos Direitos da Mulher, financiado pelo Instituto Camões e pela UNICEF. Sem a parceria da Helpo, os profissionais locais não teriam como estar nas escolas, dadas as verbas reduzidas de que dispõem. É no contexto do mesmo programa que a comunidade de Ribeira Peixe é apoiada (e que, sob intensíssima chuva, visitaríamos) e que funciona o Centro de Nutrição e Saúde de Angolares, em São João de Angolares, distrito de Caué, que conheceríamos com Bruna Benido Jarimba, dedicada gestora deste projeto. É uma pequena e charmosa casa que foi reabilitada, através do PANMI e seu mecenas, para dinamização de oficinas ocupacionais e aponta agora caminhos de empreendedorismo. Apesar de direcionado para mulheres e mães sinalizadas, o Centro tem as portas abertas para quem queira ir ali tecer futuros. E foi pela porta aberta que entrou, entusiasmada, a sua aluna mais nova, a jovem Sara Tavares, que nos disse querer ser estilista. Ali compreende-se possibilitada.

Derley tem a terra e tem a vontade
A madrinha Vera Bonfocchi, médica, conheceu, em duas voltas de abraço e olhos franqueados, o seu afilhado Derley, por ela apadrinhado desde que ele tinha doze anos. Tem agora vinte e um e está a terminar a 11ª classe na Escola Nova de Monte Café. É dos afilhados da Helpo mais antigos e sempre escreveu cartas para a sua madrinha, tão longe mas possibilitando tanto. A sozinha mãe Natália não tem como pagar a matrícula e as despesas escolares.
Este afilhado tão tímido, mas alegre e cuidadoso da mãe e dos irmãos, gosta de Português e de Empreendedorismo, quer “montar um negócio de hortaliças”, no campo que já cultiva. Não quer “ser mais um parado”. Tem a terra e tem a vontade.
Derley trabalha com a terra desde os oito anos e deseja muito continuar a desenvolver esse seu afeto, dedicação que partilha com Vera, mas pode fazê-lo agora, porque escolhe ele a terra e da terra sabe, e não porque ela o gaste nos dias repetidos.
Os futuros fazem-se também de sementeira e colheita, para que vá o corpo destas crianças preparado para crescer a par dos desejos. O sistema de vigilância de segurança alimentar, financiado pelo Instituto Camões e parceiro de vários ministérios e instituições de São Tomé e Príncipe, e gerido pela nutricionista Rita Sequeira, identifica hábitos alimentares e níveis de insegurança alimentar e procura capacitar os governantes para empreenderem políticas públicas intersetoriais. Do que é da consistente insistência da Helpo em melhorar indicadores de saúde – que é o mesmo que futuro. Ao terceiro dia de visitas, conhecemos, em Santana, o projeto MeNutRic – Boa Governança e Sustentabilidade, financiado pelo Instituto Camões e pelo Programa Alimentar Mundial, e gerido por Vanessa Santos, com o apoio do amável Carlo e o árduo trabalho dos jovens agricultores Moisés e Anilson. Os quatro são a síntese do mundo no seu sempre começo: “É importante que cada um vá dando o seu conhecimento.” Tratámos dos produtos hortícolas, colhidos uns, semeados outros (para serem depois distribuídos pelo Programa Nacional da Alimentação e Saúde Escolar (PNASE) pelas escolas do distrito de Cantagalo), o que fizemos com a ajuda das crianças da Escola Mestre António, no que foi uma manhã de risadas, capim e búzios da terra, que o mar aqui a ela aspira.
Neste dia, porém, havíamos de nos gastar um pouco no indizível. O silêncio tomou-nos no final da tarde, quando viajámos até à tão recôndita comunidade de Anselmo Andrade, em Cantagalo. É a mais antiga do projeto PANMI, que, desde 2012, rastreia casos de subnutrição e sensibiliza as mães para a alimentação adequada das crianças. Aí acompanhámos a equipa móvel de saúde que, neste dia, avaliaria 42 crianças. Dessas, apenas uma apresentaria sinais de desnutrição, o que, em parte, acalentou a desavisada esperança. Mas nenhum dos padrinhos foi indiferente às faltas evidentes nesta comunidade. E pudemos, de emoções ali desalentadas, compreender a diferença que a Helpo possibilita.
Encontros para a vida
No dia seguinte, visitaríamos a Escola Básica de Santa Catarina, onde os apadrinhamentos têm permitido equipar a mediateca e a cozinha, reabilitar as infraestruturas, assim como distribuir material escolar, tarefa em que os padrinhos diligentemente participaram, desde a preparação, dias antes, até à entrega nas mãos querentes das crianças. Horácio Santos, secretário docente, disse-me, em confidência: “A Helpo tem-nos ajudado muito.”

Keti ou a ausência e a possibilidade
Em Anselmo Andrade, conhecemos Keti, a menina de onze anos que mora em Matucana, a “uma hora de relógio”. Para casa às vezes vai à pé, às vezes vai de noite, às vezes vai sozinha. Esta menina tão doce e curiosa é chefe de turma de uma escola onde não há livros. Perguntada sobre o que desejaria, respondeu que “gostava de ter um livro de Português e um livro de Matemática”.
Se Keti pudesse decidir a sua vida, gostaria de “aprender a ser enfermeira”. A sua mãe Ita quer a filha bem e promete esforços de possibilitar-lhe os estudos, mas, sem a proteção de um apadrinhamento, não temos como acompanhar-lhe os passos, amparar queda que lhos impeça.
Olhei Keti e entendi que estas crianças desconhecem que o mundo poderia ser de outro modo. As ausências em Keti dizem do que pode um padrinho. Com um pouco, esse pouco-tanto pode cumprir nas crianças desejos do dia depois, possibilitar-lhes intenções, determinar que também elas sigam o curso escolar, quando nenhuma criança devia ser possibilidade diminuída, cauda de rio. Os seus futuros não acabam aqui.
Dias depois, muitos dos padrinhos encontrariam os seus afilhados (e, enfim, aquietando a mal contida ansiedade). A madrinha Andreia Rodrigues, diretora de recursos humanos, pôde conhecer a afilhada Solácia, de nove anos, que apoia há três anos. As duas conversaram sobre a escola, os dias normais e o espantoso futuro que tecem juntas. Por mão desta madrinha, a Fundação do Futebol ofereceu gentilmente, à pequena Solácia e a toda a comunidade escolar, material desportivo e escolar. A madrinha Lucinda Quitério, funcionária pública aposentada, conheceu, com uma ternura imensa, a sua afilhada Eliasy, de 8 anos. A menina segurou, meiga, as mãos da madrinha, pequenas asas desejantes, e as duas conversaram sobre a vontade que Eliasy tem de “ser doutora” para poder tratar da asma nos outros meninos, que a têm como ela.
A madrinha Maria Gonçalves, arquiteta, teve um encontro muitíssimo emotivo com a sua tímida afilhada Damilza, de oito anos, apadrinhada desde os cinco. O embaraço demorou-se um pouco, mas o abraço que deram é dos que não sabem de deslaçamento. A madrinha Céline Carvalho, empresária, conheceu a pequena Arlesia, de sete anos, sua afilhada desde os quatro. Tem quase a idade do seu filho e pode como ele frequentar a escola. Depressa se encontraram no que é a infância comum entre uma e o outro.


Também esta madrinha que escreve conheceu os afilhados dos seus filhos Pedro e Francisco, de 17 e 14 anos. Eles são padrinhos das pequenas Cleyse e Nailde, de nove e sete anos. Puderam todos ver-se pela primeira vez em videochamada, na vivacidade alegre dos comuns, eles em Lisboa, elas na pequena e carente vila piscatória de Santa Catarina. A madrinha Sofia Aparício, atriz e manequim, conheceu a sua doce afilhada Vânia, de 13 anos. Ela já sabe dos desejos e disse querer muito continuar a estudar para poder ser médica. Vânia tem uma pequenina irmã, de três anos, ainda não inscrita na escola, e Sofia decidiu apadrinhá-la também, para que possa iniciar o seu futuro. Seguirão juntas. São hoje todas possibilidade.
Nas vésperas de regressarmos, fomos conhecer as Creches de Generosa e de Esprainha, no distrito de Lembá, e a Joana Carvalho, gestora do projeto para a valorização da educação pré-escolar, financiado pela Fundação Calouste Gulbenkian e pela Casa Relvas, falou-nos de como têm preparado materiais pedagógicos que recuperam a tradição local e capacitado os educadores e auxiliares pedagógicos. Vimos ali bebés felizes, pequenos capazes, futuros alunos no caminho de gigantes.
No mesmo dia, pintámos a danificada fachada e as velhinhas paredes interiores da Creche Nova Esperança de Santa Catarina. Esta escrevente ainda encontra nos dedos sinais de tinta amarelo-torrado (amarelo-amanhã). De honestas linhas de azul fizemos ondas e, por todos, uma escola renovada se ergue hoje em frente ao mar.
Regressámos (para onde retornámos nós, que vemos o que sempre olhámos e, porém, distinguimos aqui o mundo ausente em São Tomé). De alguma forma fizemos o caminho de volta, mas não existimos mais aqui do mesmo modo. Enquanto uma criança falte à escola, falta-lhe o mundo. Somos padrinhos Helpo aqui, em inequívoca distância, mas na proximidade invisível do gesto magnífico que tece a possibilidade, que faz dos nossos meninos e meninas que caminham hoje em São Tomé, de mochila até à escola, crianças-futuro.
*Rute Simões Ribeiro é licenciada em Direito, doutorada em Política de Saúde, escritora e editora
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Em maio, o JL falou com Pedro Sobral, presidente da Associação Portuguesa de Editores e Livreiros (APEL), a entidade organizadora da Feira do Livro de Lisboa.
Podemos esperar novas editoras nos 10 novos pavilhões da 94ª Feira do Livro de Lisboa?
Alguns deles foram atribuídos a participantes que já se encontravam na feira, mas que, pela cota de mercado e a relevância que têm adquirido, têm de ter outro destaque. Outros foram então atribuídos a novos participantes, que também precisam e que garantem e contribuem para uma das questões mais relevantes da Feira que é a diversidade.
Estão a surgir muitos projetos novos?
Estão, sobretudo, a surgir novas formas de trabalhar o livro, por parte de editores que já se encontravam no mercado. Desde 2021, nota-se uma nova dinâmica, um novo segmento de leitores. Até 2019, o livro era um objeto que se encontrava muito no mercado de oferta. Era a partir de setembro que se fazia 67% das vendas do ano, tendo em vista o Natal. Mas, a partir do confinamento, começaram a surgir muito mais pessoas a comprar para consumo próprio.
Com que consequências comerciais?
Em primeiro lugar, começaram a vender-se muito mais livros de ficção do que de não-ficção, em segundo, quem compra para consumo próprio está muito atento à relação qualidade-preço, e, por fim, recorre-se muito mais à compra de livros em livrarias do que noutros canais, como os hipermercados, que têm livros muito mais utilitários, de personagens públicas ou com a dieta da moda.
A globalização também alterou os hábitos de consumo?
Sim. O acesso às traduções portuguesas tem de ser cada vez mais rápido. Num mundo global, com a grande digitalização que existe, o livro sai na língua original, nomeadamente em inglês, e com três cliques de botão compro. Os editores portugueses têm de criar novas dinâmicas processuais para que estes livros cheguem mais rapidamente ao mercado.
Os tais livros utilitários ainda trazem muita gente à Feira?
Obviamente que sim, e a feira está muito montada para isto. Da restauração ao passadiço, passando pelas esplanadas ou pelas atividades paralelas, o objetivo é trazer pessoas que não leem, nem compram livros, e criar novos leitores.
Que atividades paralelas poderão cativar essas pessoas?
Vamos ter coisas para todos os gostos: escritores internacionais, nacionais, as clássicas sessões de autógrafos, muitas conversas e debates, música, teatro, muita fertilização com outras expressões artísticas. Neste momento, já temos cerca de 1100 eventos programados, em comparação com os 500 do ano passado, na mesma altura.
Há exemplos incontáveis de pessoas que não liam e passaram a ler, após uma tarde na feira. Este ano, as condições estão garantidas para que tal aconteça a muito mais pessoas
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Pedro Sobral foi vítima de um atropelamento mortal durante a manhã deste sábado, em Belém, Lisboa. O presidente da Associação Portuguesa de Editores e Livreiros circulava de bicicleta junto à Cordoaria Nacional quando foi atropelado por um condutor, que fugiu do local, mas que acabou por se entregar às autoridades horas mais tarde, acompanhado por um advogado.
A notícia já foi confirmada pela LeYA, grupo em que Sobral desempenhava funções enquanto administrador das Edições Gerais. “Uma perda com danos inultrapassáveis, não apenas para todos os que na LeYa trabalharam de perto com Pedro Sobral, mas também para aqueles que, de uma forma ou de outra, estão ligados ao sector do livro – editores, escritores, livreiros e tantos leitores com quem Pedro Sobral sempre estabeleceu laços de forte ligação”, pode ler-se numa nota divulgada pelo grupo.
A LeYa promete ainda continuar o “projeto conduzido, nos últimos 2 anos, por Pedro Sobral, com a mesma convicção e entusiasmo que ele colocou em cada dia”, referindo ser “a melhor forma de lhe prestarmos homenagem e, continuadamente, expressarmos a nossa gratidão”.
Pedro Sobral era licenciado em Economia e em Ciência Política, pela Universidade Católica de Lisboa, tendo frequentado o Programa de Gestão Geral na Harvard Business School. Com um percurso inicial na área financeira e de consultoria, foi nomeado, em 2004, Diretor de Marketing e Vendas no Grupo Almedina e em 2008, entrou no Grupo LEYA, como Diretor de Marketing e Conteúdo Digital, tendo desempenhado, mais tarde, funções enquanto Coordenador da Divisão Editorial e Administrador das Edições Gerais do Grupo LEYA. Após 3 anos como vice-presidente da APEL, em 2021, foi nomeado presidente da APEL, cargo que ocupou até à data do acidente.
Também a Ministra da Cultura, Dalila Rodrigues, expressou o seu profundo pesar pela “inesperada morte de Pedro Sobral” através de uma nota enviada às redações. “Reconhecido quer pelo seu espírito crítico e empreendedor, quer pela sua dinâmica aberta ao diálogo, no mercado editorial e livreiro, Pedro Sobral será lembrado pelo seu percurso dedicado aos livros e à importância dos hábitos de leitura no nosso país”, lê-se.
A Autoridade Tributária e Aduaneira (AT) anunciou esta sexta-feira mudanças na emissão e critérios de complexidade mínimos das senhas de acesso ao Portal das Finanças. A partir de agora, na emissão de senhas de acesso por carta, o contribuinte passa a ser obrigado a alterar esta senha logo no primeiro acesso ao portal. Desta forma, a senha de acesso que consta da carta serve apenas para o primeiro acesso, sendo necessário alterá-la a partir desse momento.
Também os critérios mínimos de complexidade têm novos contornos, sendo agora obrigatório que a senha definida tenha um mínimo de oito carateres constituídos por algarismos, letras minúsculas e maiúsculas e carateres especiais.
Através de uma nota a AT explica que as mudanças têm por objetivo reforçar a segurança no acesso aos serviços e dados pessoais do portal, utilizado por milhões de contribuintes.
As novas regras aplicam-se apenas a novos registos no Portal das Finanças e a casos de recuperação ou alteração de senha. As senhas dos contribuintes já registados mantêm-se válidas.