Vladimir Putin: “Foram eles [os ucranianos] que começaram a guerra em 2014. O nosso objetivo é acabar com esta guerra.” 6 de fevereiro de 2024.

Donald Trump: “Vocês [ucranianos] nunca deveriam ter começado [a guerra].” 19 de fevereiro de 2025.

Putin: “O mandato presidencial do líder da Ucrânia, anteriormente eleito, expirou, juntamente com a sua legitimidade.” 14 de junho de 2024.

Trump: “Ele [Zelensky] recusa-se a fazer eleições (…) É um ditador sem eleições. ” 19 de fevereiro de 2025.

Putin: “Se ele [Trump] tivesse sido presidente, se não lhe tivessem roubado a vitória em 2020, a crise que surgiu na Ucrânia em 2022 poderia ter sido evitada.” 24 de janeiro de 2024. 

Trump: “A guerra entre a Ucrânia e a Rússia nunca teria começado se eu fosse o presidente.” 21 de janeiro de 2025.

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Luís Montenegro desmentiu haver qualquer irregularidade na declaração de rendimentos que fez à Entidade da Transparência. No comunicado em que o fez avançou, contudo, uma informação que releva uma desconformidade. Nesse texto, o primeiro-ministro diz que uma das contas usadas para pagar as casas que comprou no centro de Lisboa não estava declarada, justificando essa omissão com o facto de ser exclusivamente da sua mulher. No entanto, essa conta só não teria de ser declarada caso o montante que lá está fosse uma herança da mulher.

“No caso da última aquisição de um apartamento T1 em Lisboa, o respetivo preço foi pago através de um crédito identificado na declaração de rendimentos do primeiro-ministro e os demais fundos utilizados saíram do perímetro patrimonial também constantes da mesma declaração, sendo apenas uma componente de 45.000 € proveniente de uma conta que dela não constava, em virtude de o PM não ser titular da mesma, mas antes o seu cônjuge em exclusivo”, lê-se no comunicado emitido pelo gabinete de São Bento.

Contactada pela VISÃO, fonte oficial da Entidade da Transparência explica que “quando o titular for casado em regime de comunhão de adquiridos, é necessário declarar todos os elementos do ativo patrimonial (incluindo contas bancárias) que não constituam bens próprios do cônjuge (e, por conseguinte, sejam bens comuns do casal)”.

Ou seja, o primeiro-ministro tem de declarar todas as contas da sua mulher, uma vez que estão casados em regime de comunhão de adquiridos. A única exceção são os “bens próprios do cônjuge”, isto é, bens que tivesse antes do casamento ou que tenha herdado.

Nesse comunicado, o primeiro-ministro anuncia que “vai dirigir um requerimento à Entidade para a Transparência para que se possa auditar a conformidade das declarações e respetiva evolução”.

Contudo, a Entidade da Transparência já revelou ao jornal Público não ter meios para fazer essa auditoria, até por só ter acesso a bases de dado de fontes abertas.

PM tem exceção na lei

A lei que regula o exercício de funções por titulares de cargos políticos e altos cargos públicos é a Lei n.º 52/2019, de 31 de julho e é nela que se encontram as sanções para quem não cumpre as obrigações declarativas.

No entanto, a lei dá um estatuto especial ao Presidente da República, ao Presidente da Assembleia da República e ao primeiro-ministro. São os únicos que não perdem o cargo por incumprimento no dever de declarar o seu património.

Segundo a lei, quem omita património tem de completar ou corrigir a sua declaração “no prazo de 30 dias consecutivos ao termo do prazo de entrega da declaração” depois de ser notificado para isso.

“Quem, após a notificação prevista no número anterior, não apresentar as respetivas declarações, salvo quanto ao Presidente da República, ao Presidente da Assembleia da República e ao Primeiro-Ministro, incorre em declaração de perda do mandato, demissão ou destituição judicial, consoante os casos”, lê-se no artigo 18.º desta lei.

No entanto, está também em causa um crime. “Sem prejuízo do disposto nos números anteriores, a não apresentação intencional das declarações previstas nos artigos 13.º e 14.º, após notificação, é punida por crime de desobediência qualificada, com pena de prisão até 3 anos”, diz a lei.

É nessa mesma lei que se encontra a obrigatoriedade de exclusividade do primeiro-ministro, que está agora sob suspeita, com o PS a pedir uma Comissão Parlamentar de Inquérito para apurar se se pode concluir que Luís Montenegro esteve, através da Spinumviva, a receber avenças de empresas privadas, enquanto já estava em funções e a sociedade se mantinha em nome da sua mulher, com quem está casado em comunhão de adquiridos.

Segundo os constitucionalistas Jorge Reis Novais e Vital Moreira, os dados conhecidos são suficientes para que o Ministério Público averigue se Luís Montenegro infringiu a obrigação de exclusividade e pode ser por isso destituído do cargo.

Seria útil e esclarecedor que Luís Montenegro, amanhã na AR, desafiasse o PS a votar a favor da moção de censura. Não se perderia mais tempo, nem seria necessário recorrer a manobras constitucionais para atrasar o inevitável. O Primeiro-Ministro, o Governo e a AD estão obrigados a sair intactos desta interminável saga parlamentar – Censura. Confiança. CPI.

Uma Comissão Parlamentar de Inquérito ao Primeiro-Ministro, mas na sua qualidade de cidadão comum que fez pela vida, arrastar-se-á e perturbará, inevitavelmente, o normal funcionamento das instituições. Um chefe de Governo não pode perder tempo, nas atuais circunstâncias de instabilidade europeia e americana, com um escrutínio político e mediático que já chega ao ponto de se presumir como matéria suspeita o simples facto de aparecer em fotografias a jogar golfe com um amigo de longa data, o dono dos Casinos Solverde.

Luís Montenegro pode dar as explicações que quiser e responder a todas as perguntas, mas nunca o largarão. Jamais terá tranquilidade. Nem ele nem a família, o que é doloroso, triste e ofensivo. É o Primeiro-Ministro, e isso vem com o cargo. Em lume brando, sem pressas, a oposição quer destruir o Governo minoritário, mas sem se atrever a derrubá-lo. Quer que caia sozinho.

Para o Primeiro-Ministro, o Governo e a AD, a única saída clara e inequívoca é ir a eleições e pedir uma maioria para governar. Votando, os portugueses saberão quem escolhem, com base em tudo o que conhecem e sabem do Primeiro-Ministro e deste primeiro ano de Governo. Convém não esquecer, já agora, que o Presidente da República perde os poderes de dissolução da AR no final do verão e que o próximo, em 2026, terá de esperar seis meses para os readquirir. Assim sendo, mais vale agora. Por muito injusto e disparatado que seja.

A burrice de Trump: Muito esperto, muito sagaz, mas já são demasiadas as tolices: os importadores americanos é que vão apanhar com o aumento das tarifas, imputando de imediato no consumidor. Que ideia brilhante para reduzir a inflação e criar bem-estar aos americanos. Mas a idiotice não se fica por aqui: os países afetados impuserem igual subida, e isso vai traduzir-se numa redução acentuada das exportações dos EUA! Não há como ser pateta!

Os textos nesta secção refletem a opinião pessoal dos autores. Não representam a VISÃO nem espelham o seu posicionamento editorial.

José Pedro Aguiar-Branco, Presidente da Assembleia da República, disse hoje que Luís Montenegro “declarou tudo o que tinha a declarar” sobre a sua empresa, Spinumviva, no “registo de interesses e na declaração de rendimentos”.

“Tudo o que se tem discutido nos últimos dias, tudo o que tem sido objeto de análise, ponderação, resulta porque o senhor primeiro-ministro declarou tudo aquilo que tinha de declarar no seu registo de interesses e na sua declaração de rendimentos. É bom que nós nos lembremos sempre disso, porque isso é um ponto de partida importante para o debate”, referiu Aguiar-Branco aos jornalistas em Ponte de Lima, à margem da cerimónia de comemoração dos 900 anos do foral da localidade.

O presidente da AR considerou ainda que a democracia portuguesa “é sólida” e que “tem os instrumentos a nível parlamentar para que os escrutínios possam ser feitos” – como comissões de inquérito, moções de censura e moções de confiança -, que devem ser encaradas com natualidade. “Devemos ver com naturalidade tudo aquilo que seja a utilização dos instrumentos da nossa democracia para fazer esse escrutínio”, acrescentou.

Volodymyr Zelensky diz que Kiev está pronta para negociar – com o auxílio dos Estados Unidos – um acordo de paz com a Rússia e propõe “tréguas” no ar e no mar para dar início às negociações. “Estamos prontos para trabalhar rapidamente para pôr fim à guerra, e os primeiros passos podem ser a libertação de prisioneiros e uma trégua no céu – proibição de mísseis, drones de longo alcance, e lançamento de bombas contra infraestruturas energéticas e civis – e uma trégua no mar imediatamente, se a Rússia fizer o mesmo”, escreveu hoje o líder ucraniano numa publicação na rede social X, salientando que ninguém quer uma “guerra interminável”.

O presidente ucraniano reconheceu ainda que o encontro na Casa Branca, na passada sexta-feira, com Donald Trump e JD Vance, foi “lamentável”, sublinhado que “não decorreu como deveria”. Contudo, Zelensky afirma que é tempo de “corrigir as coisas” com o líder norte-americano de forma a conseguir uma “paz duradoura”. “Valorizamos muito o quanto a América fez para ajudar a Ucrânia a manter a sua soberania e independência. E lembramo-nos do momento em que as coisas mudaram quando o presidente Trump forneceu Javelins à Ucrânia. Estamos gratos por isso”, escreveu ainda Zelensky, agradeceu todo o apoio militar norte-americano e acrescentando que está pronto para assinar o acordo de minerais.

A proposta de tréguas de Zelensky surge após notícias que dão conta da suspensão do apoio militar norte-americano à Ucrânia. “Ninguém quer mais a paz do que os ucranianos. A minha equipa e eu estamos prontos para trabalhar sob a forte liderança do presidente Trump para obter uma paz duradoura”, lê-se.

Hérnias há muitas, mesmo muitas, e as mais comuns estão divididas em dois grandes grupos: as abdominais e as discais. São protusões (ou saliências) de um órgão ou estrutura e tanto podem ser congénitas como adquiridas. E se umas se manifestam através de um simples desconforto, muita gente não tem essa “sorte” – há hérnias terrivelmente dolorosas, como veremos a seguir.

Abdominais: Quando a parede cede

Henrique Batista, 63 anos, entrou nas urgências em maio de 2020, com uma perfuração intestinal e saiu ostomizado. Três meses depois, foi sujeito a nova intervenção para tirar o saco e ficou com uma hérnia.

Operado para tratar a hérnia, mas com a parede abdominal “muito fragilizada”, acabaram por lhe surgir, na zona da sutura, mais cinco hérnias. Em abril deste ano, já com algum desconforto, dor e a área abdominal muito deformada e exposta – “parecia que ia rebentar!” –, foi aconselhado a fazer novo tratamento.

Henrique Batista foi operado a cinco hérnias complexas. Não quer ver-se noutra. Faz “exercícios específicos” para fortalecer a parede abdominal e tenta não ganhar peso – já perdeu 20 quilos desde a primeira operação

“Levei uma infiltração de botox para ‘descontrair’ a zona abdominal (tinha um afastamento de 5,5 centímetros nos músculos frontais) e, depois, operaram-me para encerrar os músculos e colocar uma rede de sustentação”, conta. Em agosto, após alguns exercícios para fortalecimento muscular, ficou “operacional”.

O caso de Henrique Batista (hérnia incisional complexa) não é raro. “Estima-se que cerca de 10% da população desenvolva algum tipo de hérnia ao longo da vida e que são realizadas mais de 20 milhões de reparações de hérnias abdominais por ano, em todo o mundo”, revela Miguel Tomé, cirurgião na Unidade da Hérnia da Parede Abdominal do Hospital CUF Descobertas.

Os números mostram que as hérnias abdominais são, de facto, um problema frequente. “Ela ocorre quando há uma zona de fragilidade na parede abdominal, originando um orifício que é atravessado pelo revestimento interno da parede abdominal, formando um ‘saco’ para o exterior. Consoante o tamanho do orifício, este ‘saco’ pode conter parte do intestino ou outro órgão”, explica Miguel Tomé.

Miguel Pinto, responsável pela consulta da Hérnia Abdominal na clínica Cintramédica, dá uma visão ilustrativa: “Imagine uma parede perfeita que separa dois quartos. Suponha que decide começar a abrir ali um buraco. O que vai acontecer? No princípio, na divisão contígua, nem vão reparar no que se está a passar; ouvem apenas um inexplicável barulho. Depois, vai conseguir atravessá-la com a mão, e, se continuar, chegará o dia em que a abertura lhe permitirá passar de um quarto para o outro. Essa abertura anormal que lhe permite ocupar um espaço que não lhe pertence é uma hérnia.”

Normalmente, isto acontece devido a fragilidade da parede muscular, anomalias genéticas ou cicatrizes cirúrgicas, mas também pode estar associado a envelhecimento ou determinados fatores de risco.

Miguel Pinto sublinha: “Não existe um método que permita evitar, de maneira absoluta, o aparecimento de uma hérnia. Contudo, podemos reduzir esse risco quando evitamos a obesidade, o hábito de fumar, a obstipação, a anemia, a desnutrição proteica e quando tratamos os problemas prostáticos que obrigam a um grande esforço para urinar.”

A maioria das pessoas com hérnia abdominal não tem queixas, mas é possível notar um aumento de volume no local, uma “bolinha” que aumenta de tamanho com o esforço e diminui ou desaparece quando a pessoa se deita. Uma situação que pode durar anos.

No entanto, há que estar atento a alterações (como dor intensa ao toque, náuseas ou vómitos), porque, apesar de as complicações serem pouco frequentes, elas existem. “As hérnias podem dar lugar a oclusão ou gangrena intestinal, perfuração do intestino… além de colocarem a vida dos doentes em risco, obrigam a tratamento cirúrgico urgente”, alerta Miguel Pinto.

“Dependendo do volume da hérnia e da localização, esta pode conter, no seu interior, intestino, bexiga ou outro órgão, interferindo com o funcionamento dos mesmos”, precisa Miguel Tomé, para exemplificar: “Se o intestino se introduzir no orifício herniário e ficar encarcerado, isto é, ficar ‘preso’ dentro da hérnia, pode levar a crises de obstipação ou mesmo a uma oclusão intestinal, traduzindo-se por náuseas e vómitos persistentes.”

Mais: “Se este encarceramento evoluir para um quadro de estrangulamento, interrompendo o fluxo sanguíneo a esta porção de intestino, a dor vai tornar-se muito intensa e pode ocorrer necrose intestinal”, nota, sublinhando que se trata de “uma emergência cirúrgica, pois o tratamento não atempado pode desencadear perda de parte ou totalidade do órgão”.

Por outro lado, acrescenta, “as hérnias muito volumosas, como as incisionais de grande dimensão (também chamadas complexas), podem conter grande parte do conteúdo intra-abdominal no seu interior, levando a alterações da capacidade respiratória e alterações posturais, dor e desconforto crónico”.

Inguinais são as mais frequentes

Entre as várias hérnias abdominais, as inguinais, que aparecem na zona da virilha, são as mais frequentes. E nem sempre há uma causa aparente: a fraqueza da parede abdominal pode existir desde o nascimento ou surgir mais tarde, relacionada com atividade física intensa, tosse crónica, dificuldade em urinar, traumatismo ou cirurgia abdominal.

Afeta mais os homens do que as mulheres (o risco é de 27% contra 3%), os recém-nascidos (por defeito congénito) e os idosos (sujeitos a um processo natural de enfraquecimento dos tecidos e músculos). Quando diagnosticada atempadamente, costuma ser de resolução fácil.

Luís Martins, 67 anos, foi operado há cerca de cinco meses a uma hérnia inguinal. Uma situação, aliás, recorrente na família. “O meu irmão mais novo foi o primeiro, por volta dos 55 anos. A outro dos meus irmãos surgiu uma hérnia inguinal esquerda aos 63 e aos 65 uma direita. Por último, o mais velho, com 70 anos, teve uma do lado esquerdo. Todos já fomos operados!”, conta. A verdade é que, “embora não tenha sido detetado o gene responsável pelas hérnias, as estatísticas mostram uma tendência familiar, que sugere uma provável componente hereditária”, esclarece Miguel Pinto.

Os casos de hérnias inguinais correm na família de Luís Martins

O caso de Luís Martins é emblemático. “Comecei por sentir uma saliência sobre a virilha do lado esquerdo, que se tornava mais evidente ao colocar-me de pé ou quando fazia algum esforço abdominal (em posição de repouso ou deitado, a hérnia recolhia por completo)”, conta. 

Foi operado há cerca de cinco meses, e a “recuperação foi relativamente fácil e rápida”. Mas lembra que, “no primeiro mês do pós-operatório, recomenda-se o máximo repouso e, sobretudo, evitar fazer esforços ou levantar pesos”, além de ser importante hidratar a zona da cicatriz. A recuperação é fundamental para prevenir um eventual reaparecimento ou uma nova situação de hérnia inguinal no lado oposto.

Porque as hérnias podem reaparecer. “Até às últimas décadas do século passado, a recidiva chegava a ocorrer em 10% ou mais dos casos”, recorda Miguel Pinto, notando que “esta realidade mudou quando se começou a fazer a reparação das hérnias com recurso a redes, o que permitiu reduzir o risco de recidiva a cerca de 3%, número que chega a ser menos de 1% nos centros especializados”.

Miguel Tomé destaca as várias causas das recidivas. “Há fatores associados à cirurgia, como erro técnico ou mesmo escolha não adequada do material utilizado para reparação, fatores associados ao doente – as chamadas comorbilidades, como o tabagismo, a diabetes mal controlada, estados de imunossupressão, doença pulmonar obstrutiva crónica e obesidade – e, por último, fatores que podem ocorrer no pós-operatório, como, por exemplo, a infeção do local cirúrgico.”

Daí a importância de vigiar os chamados fatores “modificáveis”, até porque, assim, “estamos também a contribuir para a saúde no geral”.

Henrique Batista, operado a cinco hérnias complexas, é um bom exemplo disto. Apesar de recuperado, faz regularmente “exercícios específicos” para fortalecer a parede abdominal, evita esforços e continua a ser seguido por um nutricionista. “Tento não ganhar peso – já perdi 20 quilos desde a primeira operação!”

Discais: O desgaste da coluna

Dores no pescoço e nas omoplatas, fraqueza ou formigueiro no braço e na mão, perda de força e alterações de sensibilidade, dores no meio ou no fim das costas, uma dor aguda que irradia pela face lateral ou posterior da perna até ao pé… Tudo isto podem ser sintomas de hérnia discal.

Uma patologia frequente (calcula-se que cerca de 80% da população mundial apresente, pelo menos uma vez na vida, queixas de dores relacionadas com a coluna), que pode ser debilitante e incapacitante, com interferência na capacidade de trabalho e na qualidade de vida.

Foi o que aconteceu a Fátima Pires, 51 anos. “Eram dores insuportáveis! Cheguei a gritar de dor no trabalho”, conta. Tudo devido a uma hérnia lombar (entre as vértebras L4 e L5), que, aos poucos, lhe afetou seriamente a mobilidade e alguns gestos banais. “Já não me conseguia virar na cama nem vestir sozinha”, recorda. “Além de não conseguir conduzir nem estar sentada mais de 15 minutos. Tinha de me levantar e andar, que era o que me aliviava um pouco as dores.”

Fátima Pires, 51 anos, chegou a gritar de dor no local de trabalho. Graças ao seguro de saúde, acabou por recorrer a um tratamento a laser numa clínica

Uma hérnia discal é o deslocamento do disco intervertebral, pequenas estruturas cartilaginosas que estão dispostas em toda a extensão da coluna (cervical, torácica e lombar), separando as vértebras, e que têm como principais funções o amortecimento da carga e a mobilidade da coluna. E porque surge?

“O aparecimento da hérnia discal está, na generalidade, inscrito no processo de degeneração do disco intervertebral, isto é, no natural processo de envelhecimento da coluna”, avança Artur Teixeira, ortopedista do Centro Hospitalar de Entre Douro e Vouga e coordenador da secção da coluna da Sociedade Portuguesa de Ortopedia e Traumatologia.

Como se tratam

Só existe um tratamento para as hérnias abdominais: a cirurgia

Na operação, encerra-se o defeito na parede abdominal e reforça-se a área envolvente para minimizar a probabilidade de recorrência. Para tal, na grande maioria das intervenções, são utilizadas próteses (redes), que, durante o processo de cicatrização, acabam por ser integradas nos tecidos. Uma técnica que vem sendo aperfeiçoada.

Durante os últimos 15 anos, tem havido um interesse progressivo em relação a esta patologia por parte dos cirurgiões e da própria indústria farmacêutica, em particular no material utilizado nas reparações, nota Miguel Tomé, cirurgião na Unidade da Hérnia da Parede Abdominal do Hospital CUF Descobertas, salientando que “isto tem levado não só à melhoria e sedimentação de determinadas técnicas cirúrgicas minimamente invasivas como ao aparecimento de novas técnicas e ao desenvolvimento dos materiais utilizados”.

Exemplos disso são a crescente utilização da cirurgia laparoscópica, o surgimento de novas técnicas de separação dos componentes da parede abdominal, o desenvolvimento de próteses mais resistentes a infeções e totalmente absorvíveis e, por fim, a cirurgia robótica.

Precisando, explica que “o disco intervertebral é composto por duas estruturas: o núcleo pulposo, composto por uma substância de consistência gelatinosa rica em glicoproteínas, e o anel fibroso, formado por fibras de colagénio e elastina que retêm o núcleo”. Ora, prossegue, “o aumento do stresse mecânico, ligado à degeneração do disco e à disfunção, cria condições para o aparecimento de ruturas do anel fibroso, que vão permitir a fuga do núcleo para o espaço onde se localizam estruturas neurológicas, como as raízes nervosas ou até a medula espinal”.

Aquela “substância intrusa” é a hérnia discal, que, “em certas circunstâncias, pode condicionar compressão e irritação química das estruturas nervosas e, com isso, provocar dor, alterações da sensibilidade e da função motora”. Ou, inclusive, situações mais complicadas. Mas, atenção, nem sempre isto acontece. “A hérnia discal tem, na maior parte das vezes, um curso benigno, e muitas nem chegam a dar sintomas”, alerta.

Nelson Carvalho, vice-presidente da Sociedade Portuguesa de Patologia da Coluna Vertebral e cirurgião de coluna no Hospital Lusíadas, fala ainda da existência de dois tipos de hérnias: “As agudas, que surgem geralmente na população ativa, e as crónicas, que afetam pessoas com mais de 65 anos e que não costumam dar sintomas, porque, nesta altura, já estão calcificadas.”

Mesmo as primeiras, sublinha, podem não dar grandes problemas, só se justificando uma intervenção “mais agressiva” se houver “compromisso neurológico”, visível através dos “sinais major, que são a falta de força e a alteração dos reflexos e da sensibilidade”, caso estes não atenuem com medicação, repouso ou fisioterapia.

“Uma faca espetada”

A hérnia pode surgir em qualquer disco intervertebral, mas é mais frequente no segmento lombar e, mais raramente, na coluna dorsal. Associada ao desgaste natural das vértebras, em consequência de movimentos repetidos ou cargas excessivas ao longo do tempo, também é favorecida por certos fatores de risco. “O tabagismo, o excesso de peso, o sedentarismo e as atividades com elevação de pesos e vibração estão associadas a um maior risco”, sublinha Artur Teixeira.

Compreensivelmente, tem uma maior incidência entre os 30 e os 50 anos. Embora não exista nenhum estudo epidemiológico em Portugal, os dados internacionais podem ser extrapolados: estudos escandinavos, por exemplo, apontam para uma incidência de 9% a 13% de novos casos de ciática por ano, com um pico de incidência na quinta década de vida.

Manuel Ferreira, hoje com 46 anos, tinha 38 quando sentiu os primeiros sintomas. “Não sei bem como e porque começou. Só sei que tinha dores e já andava meio curvado”, conta. Diagnosticaram-lhe uma hérnia lombar (entre a L1 e a L2) e foi tratado através de ozonoterapia. Porém, dois anos depois, o problema voltou.

Manuel Ferreira foi tratado a uma hérnia lombar

O médico proibira-o de praticar futebol, mas “achava que estava bom”, e lá foi. No terceiro jogo, a certa altura, deu um passo em frente e caiu de imediato no chão: “Percebi logo que tinha estragado tudo.” Mas o pior ainda estava para vir. Comprou uma casa e começou a remodelá-la. “Pintar paredes, carregar madeiras, pôr chão… mais tarde, mudanças e arrumações… Cheguei a um ponto em que todos os dias tomava anti-inflamatórios para sair de casa”, recorda.

“Parecia que tinha uma faca espetada na coxa, não conseguia estar de pé. Percebi que era qualquer coisa de grave.” Uma ressonância magnética acabou por confirmar as suspeitas: a hérnia discal voltara. Desta vez, teve de ser operado, mas 12 horas depois já andava devagarinho, sem dores, “o que pareceu um milagre”. A recuperação correu “muito bem”, mas hoje tem certas preocupações, designadamente com pesos, esforços e atividades que envolvam impacto.

Dos medicamentos à cirurgia

O tratamento de uma hérnia discal varia consoante o tipo de hérnia e o estado em que se encontra. “A maior parte consegue resolver-se com medicação e fisioterapia”, explica Nelson Carvalho. E até há casos em que “o nosso sistema imunitário é capaz de resolver o problema per se”, nota Artur Teixeira, adiantando que há estudos que “demonstram uma clara regressão do volume e até absorção do fragmento discal ao longo do tempo, com melhoria da sintomatologia no espaço de um a dois meses”. Mas nem sempre é assim.

Fátima Pires tentou os métodos conservadores várias vezes. Em vão. “Medicamentos, massagens, osteopatia, fisioterapia… nada me fazia passar aquelas dores horríveis”, conta. É repositora de supermercado de manhã e costureira à tarde, atividades que a obrigam a esforços e posturas incorretas e que, possivelmente, foram responsáveis por uma hérnia (entre a L4 e a L5).

Graças ao seguro de saúde, acabou por recorrer a um tratamento a laser numa clínica – “não custou nada e a recuperação foi rápida” – e ficou “muito bem”, mas reconhece que “é caro” e que “a maior parte das pessoas pode não ter meios para o fazer”.

José Pratas Vital, neurocirurgião há mais de 40 anos, diz que “há muito tempo que são usadas, incluindo no Serviço Nacional de Saúde, várias formas menos agressivas de descompressão da hérnia sobre o nervo”, indicadas sobretudo para “hérnias pequenas contidas (não extrusadas), em que o anel não rompeu por completo”, explica. O leque destas técnicas menos intrusivas é vasto – da infiltração de corticosteroides à ozonoterapia, passando pela neurólise por radiofrequência ou pela nucleoplastia por coablação –, mas a sua utilização não é isenta de controvérsia.

“Quando a hérnia é pequena, é sempre preferível optar por técnicas minimamente invasivas”, defende Armando Barbosa, médico anestesiologista e fundador da clínica Paincare, especialista em terapêutica da dor, exemplificando com o caso do laser: “Aplica-se com uma agulha no núcleo pulposo do disco, levando ao retraimento da hérnia.”

A taxa de sucesso é “bastante elevada”, mas “a recidiva é de 10%, pelo que é sempre possível a hérnia voltar”, diz o médico, alertando para a importância de o doente “adotar uma vida mais ativa e posturas corretas, ter cuidado com o peso corporal e eliminar o tabagismo e o álcool”.

O neurocirurgião José Pratas Vital diz que os resultados destas técnicas percutâneas há muito que “estão devidamente documentados e estudados”: “Há dezenas de anos que se sabe que, ao vaporizarmos o disco, por exemplo com ozono, isso faz descomprimir o núcleo e aliviar o disco.” Obviamente, “tudo depende da hérnia”, mas “é preferível tratar um doente com uma agulha a [utilizar] uma faca”.

Opinião contrária tem Nelson Carvalho, para quem este tipo de intervenção “não é consensual entre os médicos” nem dá quaisquer garantias. “Na ozonoterapia, por exemplo, estamos a encolher o disco, e tenta-se assim melhorar o quadro neurológico, mas depois volta tudo ao mesmo.” E alerta ainda para o facto de que, “cada vez que picamos, corremos o risco de induzir a doença”.

Artur Teixeira é igualmente crítico, falando em “agulhas milagrosas” e “terapêuticas sem eficácia, caras e com riscos muitas vezes não esclarecidos” pelas pessoas que as praticam. “Do que se consegue extrair da literatura médica, não é possível concluir com rigor sobre a eficácia de tais métodos”, diz, admitindo mesmo que “muitos destes doentes melhoram pelo efeito placebo”. Por isso, defende, “são necessários estudos bem controlados para o sabermos”.

Já a cirurgia parece ser mais consensual, sendo opinião unânime que se trata de uma solução segura. E que tem vindo a aperfeiçoar-se. Nelson Carvalho destaca, em particular, a cirurgia endoscópica, “um dos avanços mais recentes, que consiste na introdução de umas pinças através de uma pequena porta de entrada para remoção da hérnia, o que a torna muito menos invasiva e de recuperação muito mais rápida do que a cirurgia clássica”.

Artur Teixeira, por seu turno, lembra que “a cirurgia tem evoluído no sentido de uma menor invasão e agressão aos tecidos, promovendo internamentos rápidos, menor lesão muscular e óssea e um mais precoce retorno ao trabalho e às atividades diárias”, sublinhando que “a utilização do microscópio e a endoscopia transformaram, hoje, a cirurgia da hérnia discal numa intervenção pouco dolorosa, segura e com recuperações mais rápidas.”

Uma coisa parece certa: é importante um bom diagnóstico e uma boa avaliação. Porque, como nota Nelson Carvalho, “as hérnias não são todas iguais e, mesmo do ponto de vista cirúrgico, nem todas se resolvem com cirurgias minimamente invasivas”.

Todas as hérnias

Os tipos variam de acordo com a causa e o local do corpo em que aparecem, sendo mais comuns no abdómen e na coluna

Inguinal
Ocorre quando uma abertura nos músculos abdominais da virilha faz com que uma parte do intestino ou de outro órgão saia por essa abertura (pode observar-se um pequeno inchaço na região, sempre ou quando se faz esforço). É duas vezes mais comum no lado direito do que no esquerdo e em homens até aos 40 anos. É frequente em recém-nascidos, sobretudo nos meninos. Trata-se de um defeito congénito, que leva a que parte de uma víscera, geralmente o intestino, deslize para dentro do canal inguinal.

Umbilical
Ocorre quando as camadas da parede abdominal não encerram completamente ao nível do umbigo. É mais frequente nas crianças, mas também pode afetar os adultos. Nos bebés, torna-se mais visível durante o choro. Geralmente, é inofensiva e indolor, e a maior parte encerra durante o primeiro ano. Quando não fecha até aos 3 anos, ou quando surge na idade adulta, deve operar-se para evitar complicações.

Epigástrica
Forma-se acima do umbigo. É mais frequente em adultos, mas pode existir à nascença e cicatrizar sem tratamento, à medida que a criança cresce. Geralmente, são hérnias pequenas, pelo que apenas a gordura pré-peritoneal consegue passar. É mais comum no sexo masculino.

Incisional
Surge após um procedimento cirúrgico quando, em algum ponto, a incisão não cicatrizou adequadamente. Neste caso, nota-se um aumento de volume na incisão ou perto dela. Normalmente, tem que ver com a prática prematura de exercícios, infeção da ferida, anemia, desnutrição ou erros técnicos. Outras possibilidades são o ganho de peso ou a gravidez próximos à cirurgia.

Femoral
Aparece no canal femoral (um pouco abaixo da virilha, em que estão presentes a artéria, a veia femorais e alguns nervos) e é causada pelo deslocamento de parte da gordura do abdómen e intestino. É pouco frequente, mais comum em mulheres e normalmente não apresenta sintomas. Na maioria dos casos, a causa é desconhecida (pode nascer-se com uma área debilitada do canal femoral ou a região ficar fraca ao longo do tempo).

Cervical
Ocorre habitualmente entre a 5ª e a 6ª vértebras cervicais (C5C6) ou entre a 6ª e a 7ª (C6C7) quando um fragmento da parte interna do disco (o núcleo pulposo) escapa através de uma rutura na camada externa (o anel fibroso). A hérnia pode comprimir uma das raízes nervosas cervicais, sendo o sintoma principal uma dor forte num dos braços (braquialgia) ou compressão da medula, provocando um quadro neurológico grave (mielopatia). Geralmente, está relacionada com o processo degenerativo da coluna, mas também pode ser provocada por traumatismo.

Dorsal ou torácica
É muito mais rara devido, em parte, à posição da caixa torácica, que atenua alguma da força que possa recair sobre os discos intervertebrais dorsais. Manifesta-se por perturbações da sensibilidade, perda de força e formigueiro no tronco e nos membros inferiores, dores laterais das costas e alteração do padrão de marcha.

Lombar
O mais comum é ocorrer entre as 4ª e 5ª vértebras lombares (L4L5) ou entre a 5ª vértebra lombar e a 1ª vértebra do sacro (L5S1), comprimindo os nervos nestes segmentos. Manifesta-se por uma dor ao longo da nádega, região posterior ou face lateral da coxa e perna até ao pé. Esta dor, denominada ciática, pode ser acompanhada de alterações neurológicas. Também podem ser atingidas outras zonas lombares, mas, nestes casos, a dor irradia pela face anterior da coxa e não ultrapassa o joelho.

Artigo publicado na VISÃO Saúde de out/Nov de 2023

Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia, anunciou esta manhã o plano “Rearmar a Europa”, com o objetivo de mobilizar 800 mil milhões de euros para investir na defesa europeia e assegurar uma “Europa segura e resiliente”. De acordo com a líder do executivo comunitário, o plano implica também a disponibilização de 150 mil milhões de euros de financiamento para os 27 Estados-membros da União Europeia (UE) e deverá ser enviado ainda hoje aos Estados-membros para ser debatido no Conselho Europeu extraordinário da próxima quinta-feira.

Numa conferência de imprensa em Bruxelas, Von der Leyen sublinhou ainda “a grave natureza das ameaças” que a União Europeia enfrenta atualmente, referindo que “a Europa está preparada para agir com a decisão e a velocidade requerida”.

A Comissão Europeia propôs também uma flexibilização das regras orçamentais, de forma a incentivar o investimento na defesa sem causar um procedimento por défice excessivo. “Se os Estados-membros aumentassem as suas despesas com a defesa em 1,5% do PIB, em média, isso poderia criar uma margem orçamental de cerca de 650 mil milhões de euros durante um período de quatro anos”, disse. Deste modo, a medida “permitirá que os Estados-Membros aumentem significativamente as suas despesas com a defesa sem desencadear o procedimento por défice excessivo”, acrescentou.

O plano “Rearmar a Europa” visa ainda o rápido envio de ajuda militar à Ucrânia, depois de os Estados Unidos terem decidido suspender o apoio militar à Ucrânia.

O Vinhão é, talvez, uma das castas que mais divide as opiniões entre os enófilos. Caracterizada pela sua elevada intensidade em quase tudo, desde os taninos, acidez e à sua capacidade tintureira (embora não possa ser classificada como tal), os vinhos são claramente marcados por um sabor intenso que nem todos apreciam.

Originária da região do Vinho Verde, onde ainda hoje é a casta predominante, cedo conseguiu conquistar outras paragens, nomeadamente o Vale do Douro, onde terá chegado no final do séc. XVIII. Naquela altura, a Bastardo era a principal casta da região, muito valorizada pelo seu elevado teor alcoólico, mas com pouca capacidade de cor, o que obrigava as adegas a recorrer às bagas de sabugueiro para dar uma tonalidade mais sólida aos vinhos. Esta foi uma prática recorrente que acabou por ser erradicada em meados de 1700, abrindo o caminho para a introdução do Vinhão, que ali viria a ganhar a designação de Sousão.

A tradição será sempre a tradição, e ainda hoje, na região do Minho, os vinhos produzidos por esta casta são presença assídua em muitos restaurantes, sobretudo durante a época da lampreia, onde, para muitos apreciadores, esta iguaria não pode ser bem apreciada se não for acompanhada por um Vinhão puro.

Mas os tempos mudam e, ao longo dos últimos anos, temos vindo a assistir a uma mudança de paradigma, com vários produtores a tentarem aproveitar ao máximo as características mais rústicas desta casta para produzirem vinhos diferenciados e que possam chegar a um mercado mais alargado.

Um dos melhores exemplos é conseguido com a trilogia de vinhos ‒ rosé, vinhão e vinhão grande reserva ‒ da Quinta da Paradela de Monforte, que mostram toda a frescura dos Vinhos Verdes, mas mais estruturados e complexos. Situada numa das encostas de Penafiel, onde as vinhas, com uma altura ao solo de dois metros, estão plantadas em terraços suportados por muros de granito, criando uma parede vegetativa que favorece o aproveitamento do sol e um melhor arejamento das plantas, resultando numa superior maturação das uvas.

Apesar das novas técnicas e tecnologias enológicas modernas, que facilitam novas abordagens na produção dos vinhos, o enólogo Francisco Gonçalves realça que “é a vinha que efetivamente permitiu estes três vinhos da casta Vinhão. Desde a intervenção profunda no solo que antecedeu a plantação das videiras à disposição e condução das mesmas, a Quinta de Monforte foi planeada para potenciar as melhores características dos vinhos da região”.

Na realidade, as maturações conseguidas permitiram reduzir a acidez característica desta casta, produzindo um Vinhão com menos extração e sem as sensações muito rudes na boca.

E se o resultado conseguido com o Rosé Vinhão é uma boa amostra do trabalho desenvolvido por Francisco Gonçalves, o que dizer do Vinhão Grande Reserva, no qual o enólogo tentou explorar ao máximo o potencial de envelhecimento da casta. Este reserva é produzido com uvas previamente selecionadas e pisadas em lagares de granito, que passam depois por um estágio de 12 meses em barricas de carvalho francês. O resultado é um vinho cheio de complexidade, muito elegante, harmonioso e rico em aromas. Uma experiência que mostra claramente que o Vinhão está vivo e recomenda-se.

Quinta de Monforte Vinhão

>REGIÃO
Vinho Verde

>Onde encontrar
Em garrafeiras nacionais, PVP €15,58

> O vinho
Apesar dos aromas mais intensos, e um teor alcoólico de 13,5%, é suave na boca, com muita frescura e mineralidade, o que faz dele um bom acompanhamento para quase todo o tipo de refeições.

> Notação
A

Quinta de Monforte Vinhão Rosé

>REGIÃO
Vinho Verde

>Onde encontrar
Nas principais garrafeiras nacionais, PVP €14,50

> O vinho
Caracterizado pela tonalidade salmão, este vinho apresenta notas minerais e fruta vermelha jovem, de uma forma subtil, como framboesa e morango. É bastante gastronómico, ideal para peixes mais gordos ou carnes mais leves. Deve ser servido entre os 10º e os 12º

> Notação
A

Quinta de Monforte Vinhão Grande Reserva

>REGIÃO
Vinho Verde

>Onde encontrar
Devido à sua reduzida produção, apenas 700 garrafas, é um vinho difícil de descobrir no mercado. PVP €96

> O vinho
Apresenta-se com uma boa dimensão aromática, onde se destacam os frutos vermelhos, notas ligeiramente compotadas e um toque balsâmico. Na prova, sente-se alguma doçura do álcool e da fruta, com taninos presentes, deixando um final longo e persistente

> Notação
AA

Criámos uma escala inspirada nas agências de rating. Boas provas!

>  Notação
AAA Fabuloso
AA     Muito bom
A    Bom
BBB    Satisfatório
BB     Mau
C    Não beba!

Artigo publicado na Exame nº 487 de janeiro de 2025

Palavras-chave:

Não nos queremos armar em velhos do Restelo, mas falta, em muitos dos jogos modernos, uma certa capacidade de envolvência que os títulos de antigamente nos davam de forma mais constante. Claro, havia muito menos para jogar, mas isso também fazia com que a dedicação dos jogadores fosse muito mais valiosa. E isso é o melhor que levamos de Avowed – conseguiu reavivar em nós o espírito de aventura e fantasia.

Neste jogo, assumimos o papel de um enviado especial do Império de Aedir às chamadas Living Lands, uma ilha remota que funciona como uma espécie de ‘cocktail’ cultural dos muitos povos que existem no mundo de Eora. Somos para ali enviados porque há relatos de uma doença, batizada de Dreamscourge, que se está a espalhar a ritmo alarmante – e quando algo ou alguém é infetado por esta praga, começa a comportar-se de forma violenta e imprevisível. O que coloca em causa os planos do império para o domínio e controlo desta zona.

Não são precisos muitos minutos até percebermos que nos metemos numa caldeira: por um lado, os muitos ‘nativos’ desta região não nos recebem propriamente de braços abertos; e também começamos rapidamente a perceber que esta praga tem mais profundidade do que à primeira vista parece, inclusive na forma como… podemos estar relacionados com ela? A única forma de tirar isto a limpo é mergulharmos de cabeça no riquíssimo mundo de Avowed.

Liberdade com fio condutor

Um dos primeiros elementos que nos faz perceber a riqueza narrativa deste jogo é a enorme liberdade que existe nos diálogos. Quando estamos a falar com algumas personagens-chave (mas também secundárias), temos sempre várias opções de diálogo à nossa disposição. Umas mais agressivas, outras mais manipuladores, outras mais inocentes, outras sobre a ‘mitologia’ do jogo e que nos dão mais contexto sobre este mundo. Cabe ao jogador decidir como quer comportar-se perante cada uma destas peças do tabuleiro. E sim, há momentos em que as respostas de quem está do lado de lá nos fazem logo partir para uma bela escaramuça.

Mas a liberdade de Avowed não se fica por aqui. Este é um título que permite ao jogador escolher de que forma quer abordar um combate (se de espada e escudo na mão, se com um livro de feitiços e uma moca, se uma combinação dos dois no mesmo combate) e se prefere ajudar uns quantos camponeses antes de se fazer às grandes aventuras que tem à sua espera na estrada. 

Avowed

Provavelmente estará a pensar que liberdade é o que não falta em muitos dos jogos de ação e aventura (RPG) dos dias de hoje. E está certo. Mas o segredo para muita liberdade é existir uma narrativa envolvente o suficiente que, mesmo quando estamos em missões secundárias, consiga puxar-nos ao que importa, despertar um desejo constante para continuarmos a evoluir, para saber mais sobre como toda esta história se vai desenrolar. Há tentativas de assassinato, há mentiras, há traição à espreita… Como não querer saber mais?

O sistema de combate também contribui de forma significativa para a experiência positiva deste jogo. Os combates são muito ‘humanos’, no sentido em que a causa-efeito é muito realista – quando levamos uma martelada bem dada de um inimigo muito maior do que nós, isto é suficiente para nos mandar para o jardim das tabuletas. Nos combates contamos também com o apoio de companheiros de luta que vamos conhecendo ao longo do jogo, mas que depois também descobrimos que podem não ser assim tão nossos companheiros.

Sentimos, no entanto, que Avowed comete o mesmo erro de outros jogos do género da era moderna – torna-se, demasiado cedo, muito assoberbante. Há habilidades especiais para gerir, companheiros de luta para controlar, um inventário sempre em crescimento, melhorias de arma disponíveis… Sentimos que é preciso quase fazer um workshop primeiro antes de estarmos totalmente preparados para assumir as rédeas de Avowed

Outro elemento que não nos encheu as medidas foi a interpretação das vozes das personagens – sentimos mais do que uma vez que a voz e a postura não batiam propriamente certo com o perfil e modo de estar das personagens.

Feitas as contas, Avowed é um jogo que promete muitas horas de entretenimento para os amantes de RPG envolventes e desafiantes.

Tome Nota
Avowed | €79,99

Nota final: 4,1

Plataformas Xbox Series X|S (testado), PC
Estúdio Leonard Menchiari, Flying Wild Hog
Editora Devolver Digital

Prós
+ Livro numa mão, moca noutra. Que elegância!
+ Sempre sonhamos em ir atrás da pessoa que nos assassinou…

Contras
– É preciso um manual para navegar no menu do jogo
– E estas vozes polidas em personagens rudes?

 De acordo com uma fonte da Casa Branca, citada pela Associated Press (AP), os Estados Unidos estão a “suspender e a rever” a sua ajuda à Ucrânia de forma a “garantir que estão a contribuir para uma solução”. Deste modo, o envio de novos carregamentos de armas de reservas norte-americanas fica congelado por tempo indeterminado.

Donald Trump manifestou a sua vontade em chegar a um acordo de paz e acabar com o conflito, que já dura há três anos. O Presidente norte-americano pretende ter Zelensky comprometido com esse mesmo objetivo.