Segundo o Ministério Público (MP), que revelou esta terça-feira a condenação dos quatro fiscais e 10 munícipes, os crimes de corrupção foram, de acordo com o MP, cometidos entre 2019 e 2021, período durante o qual os arguidos fiscais municipais, “no exercício das suas funções de fiscalização da legalidade de construções nas áreas de génese ilegal, receberam de uma dezena de munícipes, com construções nessas áreas”, contrapartidas em troca de favores, nomeadamente quantias monetárias e outros bens, inclusive garrafas de vinho e almoços.

Os crimes de corrupção foram, de acordo com o MP, cometidos entre 2019 e 2021, período durante o qual os arguidos fiscais municipais, “no exercício das suas funções de fiscalização da legalidade de construções nas áreas de génese ilegal, receberam de uma dezena de munícipes, com construções nessas áreas”, contrapartidas em troca de favores, nomeadamente quantias monetárias e outros bens, inclusive garrafas de vinho e almoços.

A decisão de condenar os 14 arguidos foi tomada em 30 de abril pelo Juízo Central Criminal de Loures, informou o MP, em comunicado, ressalvando que o acórdão ainda não transitou em julgado.

Dois dos arguidos fiscais da Câmara de Loures foram “condenados a seis anos e três meses de prisão efetiva, a que acrescem as penas acessórias de proibição do exercício de funções”, segundo o acórdão.

Os outros dois fiscais municipais foram condenados em penas de prisão, consoante o número de crimes praticados, de um ano e oito meses e de dois anos e seis meses de prisão, suspensas na sua execução entre os três e os cinco anos, adiantou o MP, referindo que a suspensão das penas está sujeita a deveres e ao pagamento de quantias a uma IPSS (Instituição Particular de Solidariedade Social) que variam entre os 3.000 euros e os 5.000 euros.

Relativamente aos outros 10 arguidos neste processo, todos munícipes de Loures, cada um deles foi condenado a uma pena de “um ano e seis meses de prisão, suspensa na sua execução pelo período de três anos, subordinada a deveres e ao pagamento da quantia de 3.000 euros a uma IPSS”.

De acordo com o MP, os 10 munícipes condenados tinham construções nas áreas de génese ilegal e pretendiam “expandir ou modificar” as edificações, pelo que recorriam aos fiscais municipais, a quem davam contrapartidas em troca de “indicações sobre a ocorrência de fiscalizações, de omissão de autuações, de retardamento da realização de embargos”.

Os fiscais municipais, segundo o acórdão, davam também aos munícipes informação sobre como “esconder das autoridades as construções em curso” e sobre os “procedimentos dilatórios a realizar em caso de autuação”.

Os crimes de corrupção a que foram condenados estes 14 arguidos foram cometidos entre 2019 e 2021, no anterior mandato municipal 2017-2021, quando a Câmara de Loures era presidida por Bernardino Soares (PCP). Atualmente, no mandato autárquico 2021-2025, este município do distrito de Lisboa é liderado por Ricardo Leão (PS).

O inquérito que esteve na origem da condenação foi dirigido pelo MP, através da 1.ª Secção do Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) de Loures, com a colaboração da Polícia Judiciária.

Um esclarecimento publicado esta terça-feira pela Autoridade Tributária e Aduaneira informa que proprietários de imóveis que recebam uma nota de liquidação de IMI com a indicação de que a data limite de pagamento é o final de maio, podem desconsiderar esta informação e efetuar o pagamento até 30 de junho.

“Embora nas notas de cobrança do IMI de 2024 que estão a ser emitidas e enviadas conste como data limite o mês de maio, o seu pagamento pode ser efetuado durante o mês de junho, sem quaisquer acréscimos ou penalidades”, refere a informação publicada pela AT.

A nota de cobrança pode ser consultada no Portal das Finanças, adianta ainda o fisco, onde está disponível a referência para pagamento – sendo que esta se manterá válida até ao final do novo prazo para o pagamento desta primeira prestação (ou prestação única) do imposto que incide sobre bens imóveis.

O IMI é pago numa única vez quando o seu valor é inferior a 100 euros, sendo desdobrado em duas prestações pagas em maio e novembro quando oscila entre os 100 e os 500 euros. Superando os 500 euros é dividido em três prestações de igual montante a serem pagas em maio, agosto e novembro.

No entanto, há já vários anos que os proprietários têm a possibilidade de, querendo, efetuar o pagamento total do imposto com a primeira liquidação.

“No caso das notas relativas à 1.ª prestação, está igualmente disponível a opção de pagamento total do imposto, com o respetivo valor e referência”, refere a AT.

Relativamente às situações dos senhorios com rendas congeladas e que estão a receber notadas de liquidação do imposto apesar de terem efetuado pedido de isenção destes imóveis, a AT distingue três situações, apresentando a respetiva resposta.

Assim, para quem pagou a prestação única (porque de valor até 100 euros) ou optou pelo pagamento na totalidade das várias prestações, “será emitido o reembolso do valor pago pelos prédios isentos”.

Já quem tiver uma prestação única e ainda não tenha pago, “será efetuada até ao final de junho a correção da liquidação com o cálculo do montante correto, considerando apenas os prédios não isentos”.

Por fim, para os proprietários com mais do que uma prestação de IMI que não tenham optado pelo pagamento na totalidade das várias prestações, “a revisão da liquidação será refletida nas prestações seguintes, considerando os prédios não isentos”, pelo que deve efetuar o pagamento pelo montante apresentado para a primeira prestação.

Todos os meses, milhares de portugueses levantam-se cedo, planeiam os seus dias e confiam – ingenuamente – que o comboio vai passar. Mas em vez disso, enfrentam atrasos, greves e silêncios. E depois ainda se pergunta porque é que as pessoas desistem dos transportes públicos.

Entre 1 de janeiro e 12 de maio de 2025, o Portal da Queixa registou 118 reclamações dirigidas à CP. Aparentemente um número modesto, não fosse o pequeno detalhe de representar 45% de todas as queixas da categoria Comboios e Metropolitano. Isto num universo de 258 reclamações. Em bom português, a CP lidera. Mas é daquelas lideranças que ninguém quer: campeã na insatisfação dos seus passageiros.

Os dados falam por si. Maio, até ao dia 12, já soma 22 reclamações — o que equivale à maior média diária de queixas do ano: 1,8 por dia. Se a CP aplicasse essa média à velocidade dos seus comboios, talvez os passageiros tivessem algo positivo a relatar. Mas não. A realidade é outra.

Em vez de movimento, há paralisações. Em vez de progresso, há greves. E não estamos a falar de greves pontuais. Nos dias 7, 8 e 9 de maio, por exemplo, não houve sequer serviço mínimo em várias ligações. Em Rio de Mouro, como relatou uma utilizadora no Portal da Queixa, sair de casa tornou-se uma aventura digna de um prémio de resistência. O destino? Escola da filha e local de trabalho. A solução? Uber e Bolt. A conta? Paga do bolso de quem já tinha pago um passe anteriormente.

Em outro caso, um utilizador resume bem o sentimento de quem todos os meses paga para não ter serviço: “Quando pago os 40€ do passe, tenho direito a usufruir de um serviço por 30 dias. Se esse serviço não está a ser cumprido, é mais que razoável que seja reembolsado.”

Parece óbvio, não? Não para a CP. A política de reembolsos continua envolta em nebulosas burocracias e silêncios administrativos. Não há comboios, não há serviço, mas há faturas. Tudo muito “eficiente”.

A pergunta que se impõe é: até quando se tolera um serviço público que se comporta como se fosse um favor? A CP parece operar com um sentido de impunidade que envergonharia até empresas privadas menos escrupulosas. Quem paga é sempre o passageiro — com tempo perdido, salários descontados e qualidade de vida comprometida.

Estamos em 2025. A mobilidade sustentável está na boca do mundo, os elétricos multiplicam-se, e fala-se em descarbonizar tudo. Mas basta uma viagem de comboio para perceber que o futuro, para a CP, ainda vem a carvão. E vem atrasado.

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Os textos nesta secção refletem a opinião pessoal dos autores. Não representam a VISÃO nem espelham o seu posicionamento editorial.

O novo V Max S é um telefone “desenhado para prosperar onde os dispositivos convencionais falham” afirma a Doogee. O novo telefone da marca pode operar em temperaturas tão baixas quanto -10 graus centígrados a até 60 graus centígrados e suporta quedas de até três metros, podendo ser mergulhado em água e lama por breves momentos sem deixar de funcionar.

No ecrã, destaque para a cobertura resistente a riscos, para o tamanho de 6,58 polegadas e uma resolução FHD+ de 1080×2048 pixéis. O ecrã pode ser utilizado com mãos com luvas e apresenta uma taxa de atualização de 120 Hz, noticia o New Atlas.

No interior, a Doogee coloca uma impressionante bateria de 22000 mAh, suficiente para autonomias de até 156 horas em conversa, 45 horas a ver vídeos ou 142 horas a tocar música. Se estiver em standby apenas, a autonomia é suficiente para dois meses. O chipset escolhido é um MediaTek Dimensity 7050 5G com CPU de oito núcleos e gráfica Mali, 8 GB de RAM (que podem chegar a 24 GB de memória virtual) e um armazenamento de 256 GB (expansível com cartão microSD).

Para sublinhar o caráter de uso no exterior, este smartphone tem um sistema de dupla lanterna que projeta luz combinada de até 1200 lúmenes, noticia o New Atlas.

A câmara principal é uma F1.89 de 108 megapixéis, que suporta vídeo 4K a 30 frames por segundo e uma câmara de visão noturna de 20 megapixéis com campo de visão de 77 graus e uma lente macro de 2 MP, além da câmara para selfies de 16 MP. Uma solução de Inteligência Artificial ajuda captar imagens sempre estáveis.

O V Max S vem com Android 14 e está disponível com um preço recomendado de 480 dólares. ss

A iniciativa Philips Fixables visa permitir aos utilizadores imprimirem em 3D peças e componentes que se possam ter avariado nos seus pequenos aparelhos, como máquinas de barbear. Os ficheiros 3D que podem ser descarregados e impressos estão disponíveis na plataforma Printables em todo o mundo, mas a iniciativa estreia-se ‘oficialmente’ na Chéquia, países onde se baseia a Prusa Research que é a parceira da Philips neste projeto.

Nesta plataforma, os utilizadores vão encontrar peças como guias de corte ou outras que se avariem ou partam com frequência e, dessa forma, ter um estímulo para manter os aparadores ou outros durante mais tempo, noticia o The Verge.

A parceira com a Prusa Research visa garantir que as peças impressas se coadunam com os desenhos e requisitos de segurança e qualidade da Philips. A empresa lembra que a durabilidade e funcionalidade das peças impressas vai depender do material e da adesão às orientações oficiais. A Philips recomenda o uso de filamento PLA padrão e aconselha os utilizadores a seguir a mesma orientação do ficheiro original.

Para já, há apenas uma peça disponível para impressão 3D, um pente ajustável para se colocar na aparadora OneBlade, mas a Philips revela intenções de lançar guias ajustáveis para máquinas de barba, componentes para escovas de dentes e peças de secadores, embora as datas em que o vá fazer não sejam ainda conhecidas.

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A próxima geração de iPhones, prevista para setembro, deve chegar com um aumento de preços. De acordo com o The Wall Street Journal, a Apple está a considerar subir os preços, mas não pretende ligar esse aumento com as tarifas de importação aplicadas pelos EUA à China. Apesar de tudo, a maior parte dos smartphones da Apple são feitos na China e, mesmo com o anúncio do alívio temporário das tarifas recíprocas entre os dois países, as importações da China para os EUA ainda têm uma taxa de 30%.

A empresa não comenta o tema oficial, mas sabe-se que a subida dos preços está a ser considerada como forma de suportar melhor o aumento dos custos trazido pelas tarifas. A Apple já começou a transferir mais produção de aparelhos para a Índia, que para já está num contexto económico mais favorável no que toca à ligação com os EUA.

No início do mês, a Apple estimava que as tarifas representassem um aumento de 900 milhões de dólares em custos, no trimestre de abril a junho.

Os analistas recomendam cautela nos aumentos pois esse movimento pode vir a causar quota de mercado, especialmente numa altura em que os rivais como a Samsung têm vindo a apostar em novidades e melhorias com Inteligência Artificial, algo que a Apple tem demorado a trazer. Assim, o previsto aumento dos preços pode vir acompanhado de algumas novas funcionalidades ou mesmo alterações de desenho, de forma a poder justificar a subida.

Algumas das estimativas recentes apontam que o iPhone 16 de entrada de gama lançado nos EUA com um preço de 799 dólares pode vir a custar 1142 dólares pelo aumento das tarifas.

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A Samsung revelou o Galaxy S25 Edge, um novo modelo da série Galaxy S que aposta num formato ultrafino, com apenas 5,8 mm de espessura, sem comprometer o desempenho ou as funcionalidades de topo. Equipado com o mais recente processador Snapdragon da Qualcomm e fortemente apoiado na inteligência artificial da plataforma Galaxy AI, o novo smartphone combina um design elegante com capacidades avançadas de fotografia e produtividade.

Segundo Bernardo Cunha, Head of Strategy and Product Marketing Mobile Experience da Samsung Portugal, o S25 Edge é “um feito de engenharia de excelência” que reforça o compromisso da marca em “ultrapassar as nossas próprias barreiras e continuar a oferecer experiências premium verdadeiramente únicas às pessoas”. O responsável sublinha ainda que este equipamento “impulsiona a inovação em toda a indústria móvel”.

Design ultrafino com estrutura em titânio

Com apenas 163 gramas e um perfil de 5,8 mm, o Galaxy S25 Edge é um dos smartphones mais finos alguma vez lançados pela marca. A Samsung afirma que este feito exigiu uma reformulação profunda de vários elementos do design interno e externo, resultando num dispositivo mais compacto e ergonómico. A estrutura em titânio – um material mais resistente e leve – confere-lhe solidez e durabilidade sem penalizar o conforto na utilização.

O ecrã está protegido pelo novo Corning Gorilla Glass Ceramic 2, um vidro cerâmico que alia maior resistência a impactos com um brilho mais intenso, prometendo também uma melhor legibilidade em ambientes exteriores. As extremidades curvas do equipamento mantêm a identidade visual da linha Galaxy S, ao mesmo tempo que reforçam a sensação de fluidez e continuidade no manuseamento.

Câmara de 200 MP com reforço na Nightography

No campo da fotografia, a Samsung mantém a fasquia elevada. O sensor principal do S25 Edge é uma câmara grande angular de 200 MP, concebida para capturar imagens mais nítidas e luminosas mesmo em condições de pouca luz. A marca promete um aumento de mais de 40% no brilho em ambientes noturnos, graças à nova geração de pixéis maiores e ao processamento de imagem alimentado por IA.

O módulo fotográfico inclui ainda uma câmara ultra grande-angular de 12 MP com autofoco, capaz de captar imagens macro com elevado nível de detalhe. A tecnologia ProVisual Engine, já presente no Galaxy S25, está também disponível neste modelo, assegurando uma melhor definição em diferentes tipos de cenário.

Entre as funcionalidades potenciadas pela Galaxy AI destacam-se o Apagador de Áudio e o Assistente de Desenho, ferramentas criativas que facilitam a edição e personalização de conteúdos diretamente no smartphone.

Potência de topo com IA integrada

O desempenho está assegurado pelo Snapdragon 8 Gen 3 for Galaxy — oficialmente designado Snapdragon 8 Elite Mobile Platform for Galaxy — um processador desenvolvido em parceria com a Qualcomm e personalizado para os equipamentos Samsung. Relativamente às gerações anteriores, este chipset oferece melhor desempenho gráfico, maior eficiência energética e um processamento de IA mais avançado.

Para garantir um funcionamento estável mesmo sob carga intensa, o S25 Edge inclui uma câmara de vapor redesenhada, agora mais fina e com maior área de dissipação térmica. O sistema de imagem integra ainda o motor ProScaler, que melhora a qualidade de escalonamento em 40%, e o motor mDNIe (mobile Digital Natural Image engine), concebido para uma reprodução de imagem mais nítida e natural.

A Galaxy AI está profundamente integrada no ecossistema do S25 Edge. Funcionalidades como o Now Brief e a Now Bar são compatíveis com aplicações de terceiros, permitindo experiências multimodais mais adaptadas ao utilizador. A privacidade continua a ser uma prioridade, com o Samsung Knox Vault a assegurar que os dados mais sensíveis permanecem protegidos e, sempre que possível, processados localmente no dispositivo.

Graças à parceria entre a Samsung e a Google, o Galaxy S25 Edge também beneficia dos avanços da plataforma Gemini. Entre as novidades, destaca-se o Gemini Live, que permite partilhar ecrã e câmara durante chamadas em tempo real, uma funcionalidade pensada para uma colaboração mais fluida em contexto profissional ou pessoal.

Preço e disponibilidade

O Galaxy S25 Edge estará disponível em três cores: Titanium Silver, Titanium Jetblack e Titanium Icyblue. Os preços começam nos €1.299 para a versão com 256 GB de armazenamento interno, subindo para €1.419 na versão com 512 GB.

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A criação de um complemento de apoio para estudantes bolseiros com necessidades de saúde pode ser a chave para garantir que ninguém abandona o ensino superior por não conseguir suportar os custos associados a uma certa doença ou condição de saúde.

Há realidades que permanecem escondidas nos bastidores do ensino superior, onde o mérito académico e o esforço pessoal não são os únicos fatores determinantes para alcançar o sucesso. Entre exames, estágios e teses, há estudantes que travam batalhas silenciosas contra doenças graves, muitas vezes incapacitantes, como os tumores cerebrais — e é, não apenas por esses, mas sim por todos os que enfrentam desafios relacionados com uma certa condição de saúde, que é necessário pensar em novas medidas.

De acordo com o Registo Oncológico Nacional (2020), as doenças do sistema nervoso central (SNC) são, entre os tumores sólidos, as mais frequentes em crianças e jovens adultos, sendo superadas apenas pelas neoplasias hematológicas. Estes tumores incluem gliomas, meduloblastomas, ependimomas, entre outros, que exigem abordagens terapêuticas complexas como cirurgia, radioterapia e quimioterapia — frequentemente combinadas. Os sobreviventes, felizmente em número crescente graças aos avanços clínicos, enfrentam quase sempre sequelas físicas, cognitivas ou emocionais que comprometem o seu quotidiano e, em muitos casos, o seu percurso académico.

Não estamos a falar de exceções. Em cada sala de aula universitária, há provavelmente alguém que gere uma doença crónica, que depende de consultas regulares, terapias de reabilitação ou dispositivos médicos para manter o mínimo da sua funcionalidade necessária ao sucesso académico. No entanto, o sistema de ação social atual não contempla especificamente estas realidades. As bolsas de estudo, que são cruciais para garantir a equidade no acesso, não respondem a este tipo de encargos extraordinários, regulares ou súbitos. E o resultado é dramático: para demasiados jovens, o dilema é real — tratam-se ou continuam a estudar.

É inquestionável que o Serviço Nacional de Saúde (SNS) é, e continuará a ser sempre, o garante fundamental e universal do direito à saúde em Portugal. A nossa proposta não o substitui, não o critica, não o enfraquece. Complementa-o. É precisamente nos limites do SNS — quando faltam psicólogos, terapeutas da fala, fisioterapeutas, quando os tempos de espera se arrastam por meses — que esta medida se torna essencial. Queremos garantir que, no período de maior aflição e necessidade de ajuda, nenhum estudante fica para trás.

É, por isso, útil perceber aquilo que propomos: a criação de um Complemento de Apoio à Saúde para Estudantes Bolseiros, até ao limite de 1 IAS por ano (509,26€), destinado a cobrir despesas de saúde essenciais, mas não comparticipadas — ou de difícil acesso — através do SNS. O estudante pode candidatar-se várias vezes ao longo do ano até atingir o teto estipulado, apresentando a devida documentação clínica. A gestão será assegurada pela Direção-Geral do Ensino Superior (DGES), aproveitando a infraestrutura já existente para o processamento das bolsas, o que garante simplicidade administrativa e leveza orçamental.

Estamos cientes de que não temos ainda dados concretos sobre quantos estudantes beneficiarão deste apoio. Mas, justamente por isso, defendemos que a medida seja acompanhada de um levantamento nacional, promovido pelas instituições de ensino superior, que permita dimensionar a realidade e ajustar os instrumentos futuros. Ao garantir apoio a quem enfrenta doenças graves ou crónicas, estamos não só a defender a continuidade dos estudos destes jovens, mas também a investir na redução das desigualdades, no combate ao abandono escolar e na promoção da justiça social no ensino superior.

Olhemos, por exemplo, o que acontece na Suécia, que adota um sistema de ação social muito mais flexível, com comparticipações específicas para estudantes com necessidades especiais de saúde ou deficiência. Nada há de errado em importar o que de melhor se faz lá fora para Portugal.

Chegou, por isso, o momento de avançar. A proposta está concluída, fundamentada e pronta para ser implementada. Falta apenas a vontade política para lhe dar vida. Comprometemo-nos a levá-la ao debate legislativo da próxima legislatura, no âmbito da tão necessária reforma da ação social no Ensino Superior. Esperamos que esta medida possa ser acolhida como um compromisso transversal e consensual entre todas as forças parlamentares. O seu custo é reduzido, a gestão administrativa é simples — e os ganhos? Esses são incalculáveis: humanos, sociais e académicos.

A saúde e a educação não podem viver em compartimentos estanques. São pilares indissociáveis de uma vida digna e plena. Nenhum estudante deveria, em momento algum, ser forçado a escolher entre tratar da sua saúde ou formar-se academicamente. Uma sociedade verdadeiramente justa é aquela que garante que o saber e o bem-estar caminham lado a lado, abrindo portas, não levantando barreiras.

Os textos nesta secção refletem a opinião pessoal dos autores. Não representam a VISÃO nem espelham o seu posicionamento editorial.

A inteligência artificial generativa é hoje uma tecnologia acessível a praticamente todos nós, através de aplicações populares como o ChatGPT ou o Gemini. Enquanto o cidadão comum usa cada vez mais esta tecnologia no seu dia a dia, também nas indústrias a IA generativa desempenha um papel silencioso, mas fundamental. Ao permitir a otimização de processos, a redução de desperdícios e melhorias significativas na eficiência energética, tem sido uma aliada valiosa na resposta a diferentes desafios estruturais. Em suma, tem permitido fazer muito mais com menos recursos. 

Contudo, estamos agora perante uma transformação de maior escala. A recente evolução da inteligência artificial generativa está a mudar o paradigma industrial, promovendo uma colaboração sem precedentes entre seres humanos e máquinas. O resultado? Oportunidades totalmente novas para uma produção mais inteligente, flexível e eficiente.

No relatório “Tech Trends 2030: The next era of generative AI”, elaborado pela Siemens, são destacadas cinco tendências tecnológicas que vão moldar a forma como as indústrias operam nos próximos anos. Não se trata de futurologia, mas sim de tendências concretas às quais os diferentes setores devem estar atentos, sob pena de ficarem para trás numa área que evoluí a um ritmo extremamente rápido.

A primeira tendência é referente aos Industrial Foundation Models — modelos de inteligência artificial pré-treinados com dados específicos de cada setor. Compreendem texto, imagens, modelos 3D e desenhos técnicos 2D, e outras estruturas específicas da indústria. Esse desenvolvimento envolve o pré-treinamento de modelos com dados específicos de cada vertical industrial, permitindo a criação de soluções de IA industrial com uma compreensão de contexto onde são considerados processos, princípios físicos e químicos que regem os fenómenos característicos de cada setor, permitindo tomadas de decisão mais informadas e o desenvolvimento de soluções altamente personalizadas para os contextos em que são aplicadas.

De seguida, os chamados Agentic AI (em português, agência, daí o recurso à terminologia Agentic) –sistemas autónomos com capacidade de atuar e tomar decisões de forma independente. No contexto industrial, os benefícios traduzem-se na monitorização, análise e controlo automáticos dos processos produtivos. Para além de uma maior eficiência e segurança, esta tecnologia apresenta-se como uma resposta concreta ao desafio da escassez de mão de obra qualificada.

A terceira grande tendência prende-se com os Multimodal Large Language Models. Estes sistemas têm a capacidade de integrar e interpretar diferentes tipos de dados — texto, imagem, vídeo, 2D, 3D, voz, sensores –, resultando numa compreensão mais profunda de contextos complexos. Esta evolução representa um salto qualitativo no reconhecimento de padrões, na resposta a instruções complexas e na interação entre homem e máquina.

Segue-se a expansão dos Edge Models, que consistem na capacidade de processamento de dados diretamente no local onde estes são gerados, sem necessidade de envio para a cloud. Esta abordagem garante respostas mais rápidas, que são especialmente úteis em ambientes industriais críticos.

Por fim, destaca-se a importância crescente do Hardware especializado. Estes equipamentos possibilitam o processamento de grandes volumes de dados em tempo real, assegurando uma maior resiliência e fiabilidade dos sistemas industriais.

No seu conjunto, estas tecnologias serão cruciais para enfrentar alguns dos desafios mais exigentes desta era industrial, nomeadamente as alterações climáticas, a transição energética ou a escassez de recursos naturais e humanos. Contudo, importa sublinhar que a operacionalização desta evolução tecnológica levanta também desafios, como a qualidade e a estruturação dos dados — tão essenciais para garantir a fiabilidade dos sistemas de IA — ou o consumo energético elevado associado a esta nova capacidade computacional.

A oportunidade é histórica, mas para tirar partido deste potencial é imprescindível que as indústrias adotem uma abordagem estratégica onde a inovação, a colaboração entre parceiros e a preparação dos seus profissionais são elementos centrais. Só assim será possível preparar as indústrias para os desafios e oportunidades desta nova era marcada pela inteligência artificial generativa.