Convoque-se para a mesa o tema croquetes, e é ver quem tem mais opinião sobre o assunto. O bolinho cilíndrico feito de carne, geralmente bovina, envolvido em pão ralado e frito, tem aficionados capazes de traçar uma rota pelos melhores exemplares que se podem comer em Lisboa.

Foi o que fez Miguel Costa, inspirando o amigo Ricardo Oliveira, a seguir os seus passos. “Gosto de comer, dedico muito do meu tempo a experimentar restaurantes”, conta Ricardo, 29 anos. “Mas nunca me passou pela cabeça abrir um restaurante, a investir seria sempre num negócio de monoproduto e os croquetes são bastante consensuais. É como os pastéis de nata”, compara. “Nos últimos tempos, surgiram muitas casas que só vendem pastéis de nata.”

Antes de abrirem a Casa do Croquete, em Alvalade, no final de janeiro, passaram meses em testes até chegarem “a uma receita sólida que deixasse os clientes felizes”. É aqui que entra a mão de António Oliveira, irmão de Ricardo. Ao cozinheiro de 27 anos (já trabalhou nos restaurantes Solar dos Presuntos, Pap’Açorda e Discreto) coube conjugar os ingredientes e temperos na medida certa, baseando-se naquilo que é tradicional neste salgado: o sabor, o formato e a (longa) preparação.

Primeiro, a carne é marinada durante 12 a 24 horas, seguindo então para o forno, onde fica a cozinhar durante oito horas. São depois enrolados e panados à mão, num processo que dura entre dois a três dias, antes de chegarem à nossa frente, quentinhos e estaladiços, com uma imperial.

António Oliveira é o responsável pelas receitas da Casa do Croquete, em Alvalade. Foto: Marcos Borga

Quem passar pela Casa do Croquete pode saborear um exemplar ao balcão, antes de seguir para casa com uma caixa deles. Os croquetes podem ser pedidos à unidade (€1,40 a €2), à meia dúzia ou à dúzia (€6 a €18), e na versão CroqBurguer (2 croquetes em pão brioche, mix de alfaces e mostarda, €6,50). Têm o tradicional (carne de vaca e porco), o da casa (cachaço de porco), o novilho, de alheira (redondinhos, a única exceção), de bacalhau e o vegetariano (feijão-branco e espargo).

Ricardo Oliveira diz que não têm a pretensão de ser o melhor croquete de Lisboa. “Não somos obstinados, queremos que seja bom e procuramos isso com os clientes.” Nós atrevemo-nos a escrever que qualquer lista dos melhores exemplares da cidade deverá incluir esta Casa do Croquete.

Casa do Croquete > R. Silva e Albuquerque, 29A, Lisboa > T. 93 306 6002 > ter-sáb 11h-15h, 18h-22h

Entre 1 de dezembro e 6 de janeiro, foram admitidos na Assembleia da República seis trabalhadores por cedência de interesse público. Isso significa que entraram sem concurso público e que, mantendo o vencimento que auferiam no setor privado, recebem mais do que ganhariam se tivessem sido recrutados para a carreira de assessor parlamentar. A sucessão de contratações feita pela nova secretária-geral, a juíza desembargadora Anabela Cabral Ferreira, está a gerar mal-estar entre os funcionários do Parlamento e, num dos casos, levou mesmo a representante dos trabalhadores a pedir explicações numa reunião do Conselho de Administração.

Nas atas das reuniões do Conselho de Administração, nas quais se aprovaram as cedências de interesse público, a que a VISÃO teve acesso, a explicação para este método de recrutamento é a “necessidade de reforçar a equipa (…) até que venham a ser preenchidos os postos de trabalho vagos na carreira de assessor parlamentar por via de procedimentos concursais de ingresso”. É o que consta, por exemplo, na ata que justifica a contratação de duas pessoas para a Divisão de Aprovisionamento e Património. As duas funcionárias, uma jurista e uma arquiteta, começaram a exercer funções na primeira semana de dezembro de 2024. Mas, até a VISÃO ter questionado a Secretaria-Geral da Assembleia da República sobre estas contratações, no início da semana passada, ainda não tinha sido aberto qualquer concurso para estas vagas.

Anabela Cabral Ferreira Secretária-geral da Assembleia da República operou uma vaga de contratações no setor privado. O Parlamento paga em conformidade

Foi, de resto, com essa mesma justificação que foi recrutado ao setor privado o novo diretor da Divisão de Sistemas de Informação do Parlamento. A urgência dessa contratação estava na saída da diretora, que, apesar de terminar a sua comissão de serviço a 3 de janeiro, pediu para sair a 2 de dezembro, invocando “motivos pessoais urgentes”. A justificação não parece, a julgar pela ata da reunião em que tudo ficou decidido, ter convencido a representante dos trabalhadores do Parlamento (que tem assento no Conselho de Administração), que questionava o facto de não haver “uma proposta formalmente apresentada pela secretária-geral que permitisse perceber as razões do pedido de demissão da diretora”, e pedia esclarecimentos para “a sua substituição não ter sido encontrada entre os funcionários parlamentares”. A trabalhadora defendeu mesmo “o agendamento de uma reunião de urgência” sobre o tema, dada a sua “importância e sensibilidade”, para que houvesse tempo de o Conselho de Administração poder, por exemplo, analisar o currículo do novo nome proposto para liderar o serviço de informática.

Apesar destas questões, a proposta de nomeação foi aprovada quando estavam ausentes da reunião, que se prolongou por várias horas, esta representante dos trabalhadores e os deputados Alfredo Maia, do PCP, e Joana Mortágua, do BE. Questionada pela VISÃO sobre esta situação, fonte oficial da Secretaria-Geral explica que “por vezes, o Conselho de Administração tem uma duração superior ao esperado, sobrepondo-se a outros trabalhos parlamentares, o que torna difícil, sobretudo aos deputados membros dos grupos parlamentares mais pequenos, assistirem e votarem todos os pontos em agenda”, estando, no entanto, “sempre garantido o quórum de funcionamento e deliberação”. A mesma fonte frisa ainda que “a cessação da comissão de serviço da ex-diretora de Tecnologias de Informação foi por ela requerida e aceite, atendendo aos motivos pessoais apresentados, sendo uma decisão pessoal da dirigente”.

Ninguém quer trabalhar na AR?

A secretária-geral do Parlamento justifica estas contratações com a dificuldade de recrutamento da Assembleia da República. “No Orçamento da AR para 2025, o mapa de pessoal prevê 488 postos de trabalho nas diferentes carreiras e categorias, dos quais 55 estão vagos”, nota a Secretaria-Geral, sublinhando que “no espaço de três anos, o número poderá ascender a 105 vagas”, uma vez que, “pelo menos, 50 funcionários parlamentares estarão em condições legais de passar à aposentação” nesse período. Mas não é só por haver trabalhadores a chegar à idade da reforma que as vagas têm aumentado.

De acordo com a Secretaria-Geral, “no segundo semestre de 2024 e até ao final de janeiro de 2025, cessaram ou suspenderam o respetivo contrato de trabalho parlamentar, com fundamentos diversos, 19 funcionários parlamentares”. Sem que se explique porquê, a Secretaria-Geral afirma que nos últimos dois anos foram abertos concursos de admissão de pessoal, “designadamente, para desenvolvimento aplicacional, comunicação digital, administração de redes informáticas e administração de sistemas”, que “foram concluídos sem ter sido possível recrutar quaisquer trabalhadores”.

Em setembro de 2024, as áreas do Parlamento mais deficitárias de pessoal eram as tecnologias de informação, com apenas 50% dos quadros previstos preenchidos

“Em análise efetuada em setembro do ano de 2024, verificou-se que as áreas mais deficitárias eram as Tecnologias de Informação, com apenas 50% dos funcionários previstos no mapa; a Comunicação, com apenas 33% dos funcionários previstos, e a Contratação Pública, que dispunha de apenas três juristas com efetivos conhecimentos na área”, acrescenta fonte oficial do gabinete de Anabela Cabral Ferreira para justificar estas contratações, entre as quais está a de uma funcionária para o Gabinete de Comunicação, que foi recrutada neste regime de cedência de interesse público – mantendo o vencimento de origem – a uma empresa de Espinho, que tem como objeto a produção de filmes, de vídeos e programas de televisão, para a qual foi contratada menos de um mês antes desta requisição.

Para ser recrutada neste regime, teve de apresentar um recibo de vencimento no valor de cerca de 5700 euros, o montante que lhe estará a ser pago no Parlamento e que é muito acima dos 2150 euros pagos a um assistente parlamentar em estágio ou mesmo dos 2450 euros que se auferem nestas funções após o estágio. “Normalmente, o recurso à cedência de interesse público é efetuado para colmatar necessidades de quadros intermédios ou superiores, pelo que, em regra, auferem sempre valores superiores à base da carreira, mas similar ao que é auferido por assessores parlamentares com idêntica experiência, avaliações de desempenho e anos de carreira”, justifica-se fonte oficial do gabinete de Anabela Cabral Ferreira.

A nova funcionária, que antes tinha estado como assessora da ministra da Administração Interna, Margarida Blasco, entrou para o Gabinete de Comunicação, mas, ao que a VISÃO apurou, não ficou afeta a nenhuma das equipas, nem na do Canal Parlamento, nem na Equipa de Conteúdos, nem para o Parlamento dos Jovens, apesar de ser nessas áreas que existem vagas. Aliás, segundo a informação recolhida pela VISÃO, estão a decorrer dois concursos para o Gabinete de Comunicação do Parlamento, um para o Canal Parlamento e outro para os audiovisuais. Segundo a Secretaria-Geral, a abertura de concursos de recrutamento de pessoal para o Parlamento é “considerada prioritária” e os mesmos serão abertos “progressivamente ao longo do primeiro semestre de 2025”, estando já cinco a decorrer, sendo que a duração prevista de cada concurso é de “aproximadamente 24 meses”.

Um braço-direito “controverso”

Anabela Cabral Ferreira foi nomeada pelo Presidente da Assembleia da República, José Pedro Aguiar-Branco, em setembro de 2024, vindo diretamente do cargo de inspetora-geral da Administração Interna (IGAI), que exerceu desde 2019, quando foi para lá substituir Margarida Blasco. A juíza desembargadora foi substituir Albino Azevedo Soares, que se aposentou aos 73 anos, em 2024, cerca de dez anos depois de ter sido nomeado por Assunção Esteves.

Hugo Tavares, que é adjunto de Anabela Cabral Ferreira, é considerado o verdadeiro braço-direito da secretária-geral, foi notícia em 2014 quando foi constituído arguido por suspeitas de sabotagem no Citius, o sistema informático do Ministério da Justiça. Tavares acabaria ilibado de todas as acusações, tendo sido também arquivada a queixa por denúncia caluniosa que apresentou contra a então ministra da Justiça Paula Teixeira da Cruz.

Na altura, o JN descrevia como “somou vários falhanços na sua ascensão de segurança da PJ até diretor no Instituto de Justiça” e revelava que Hugo Tavares tinha uma informação falsa no currículo, invocando “a chefia do projeto de instalação do Citius num departamento do Ministério Público que nunca usou tal sistema informático”. Segundo o JN, depois de ter sido dado como um dos responsáveis pelo crash do Citius em 2014, Hugo Tavares regressou ao seu lugar na PJ, onde era visto como uma “personagem controversa”, depois de uma ascensão meteórica, que o fez subir quatro categorias na carreira em menos de dois anos.

Já com Hugo Tavares a tutelar os serviços de informática do Parlamento (e com o novo diretor por si nomeado em funções), em janeiro, o Público dava conta de que os partidos se queixavam de “intrusão” informática, depois de os técnicos terem acedido às suas caixas de email para apagar uma enchente de mensagens antiaborto enviadas por um sistema de bots.

O tema foi levado à Conferência de Líderes, onde têm assento todos os grupos parlamentares, com o CDS a pôr a possibilidade de estar em causa um crime de violação de correspondência pelo acesso aos emails dos deputados. Nessa reunião, o socialista Pedro Delgado Alves falou no desaparecimento de “milhares de emails”, sendo que “alguns dos quais já tinham sido abertos pelos próprios deputados e até transferidos para outras pastas”. A discussão acabou com Aguiar-Branco a prometer pedir explicações sobre o sucedido.

1. Material Girl, de Madonna

Quando Madonna surgiu, no início dos anos 80, a cantar sobre férias, rapazes e danças, toda alegria e independência, não houve adolescente que não pensasse: “Eu quero ser assim.” A música importava, a imagem também – foi a época das rendas, das pulseiras nos braços, das luvas sem dedos, dos tops de rede e dos crucifixos –, mas havia igualmente a mensagem, a pose, o discurso, a sexualidade in your face, a provocação, a opinião. Em 1985, a cantora alourou-se e pintou os lábios de vermelho para o teledisco de Material Girl, em tudo inspirado na interpretação de Marilyn Monroe de Diamonds Are a Girl’s Best Friend, no filme Os Homens Preferem as Louras. Esta canção tirada do álbum Like a Virgin (lançado no final do ano anterior) espelhava a Nova Iorque yuppie dos anos 80, num tom irónico e crítico, mas nem todos a ouviram assim e Madonna nunca se livrou da alcunha: Material Girl.

2. Take on Me, de A-Ha

Ainda hoje, seria um fenómeno notado e comentado: um grupo de jovens noruegueses a invadirem os tops habitados por estrelas ou artistas emergentes norte-americanos e britânicos. A verdade é que Magne, Morten e Paul, de Oslo, conseguiram esse feito em 1985, e logo no álbum de estreia, Hunting High and Low. O single Take On Me teve uma primeira versão em 1984, mas chegou aos ouvidos de todo o mundo em 1985, muito ajudado por um teledisco que dava nas vistas (com desenhos a carvão a ganharem vida e interagirem com a realidade). Certo é que Take On Me ainda é, hoje, uma canção muito ouvida em pistas de dança um pouco por todo o mundo (com todos a tentarem alcançar aqueles agudos impossíveis do refrão). A entrada na banda sonora da série Glee (em 2015) e, sobretudo, do jogo The Last of Us (em 2020) fez muito para aproximar o tema de novas gerações.

3. Everybody Wants to Rule the World, de Tears for Fears

Oriundos da cidade de Bath, no Sudoeste de Inglaterra, os Tears For Fears (ou de outro modo, Roland Orzabal e Curt Smith) nasceram como um grupo pop, fascinado com sintetizadores, apostado em fabricar canções que os ouvidos não deixassem fugir. O segundo LP da banda, na linha do álbum de estreia (The Hurting, de 1983), surpreendeu sobretudo através de dois temas: Shout e Everybody Wants to Rule the World. Songs from the Big Chair, esse álbum, vendeu nove milhões de cópias e confirmou a ascensão de uma banda que, à cabeça, havia assinado um contrato de três singles com a Mercury Records. Em 2013, a cantora neozelandesa Lorde fez uma versão desta canção para a banda sonora do filme Os Jogos da Fome: Em Chamas.

4. Raspberry Beret, de Prince and The Revolution

Não é, certamente, a mais (re)conhecida canção da carreira de Prince. Mas basta olhar para o videoclip de Raspberry Beret para percebermos que talvez nunca tenha estado tão sintonizado com a iconografia dos anos 80 como neste primeiro single do álbum Around the World in a Day (o terceiro com a sua banda, The Revolution): gente que dança, com roupa garrida de cores primárias e cabelos exuberantes, à volta de Prince, a estrela, que ostenta um fato azul com nuvens brancas. No ano anterior, Prince tinha lançado o mega-hit Purple Rain e a rivalidade com Michael Jackson estava no auge. O registo é pop, hedonista, sexy. A canção fez parte dos alinhamentos de praticamente todas as digressões de Prince.

5. You Spin Me Round, de Dead Or Alive

Dê um passo à frente quem conseguir dizer o título de outra música dos Dead or Alive que não seja You Spin Me Round (Like a Record). Da banda formada em Liverpool, sobrevive na memória o ar andrógino de Pete Burns, muitas vezes comparado a Boy George dos Culture Club. Num tempo em que não havia banda que não se anunciasse através de um teledisco (graças à popularidade da MTV), Burns surgiu com o seu longo cabelo carregado de laca, maquilhagem irrepreensível, pala no olho esquerdo, enquanto bandeiras douradas iam sendo agitadas pelos restantes três membros da banda. O cantor ainda experimentou uma, pouco memorável, carreira a solo e, em 2006, foi concorrente do Big Brother Celebridades britânico. Morreu em 2016, irreconhecível pelas operações plásticas a que se submeteu.

6. Money For Nothing, de Dire Straits 

Brothers in Arms, dos Dire Straits, está na lista dos álbuns mais vendidos de sempre, com vendas estimadas de mais de 30 milhões de cópias. Passou, ainda, à história como o primeiro a superar um milhão de cópias vendidas no formato CD (então novíssimo, e ainda raro). Em Portugal, foi, também, um grande sucesso, tendo sido, de longe, o álbum mais vendido do ano. Dele saíram vários temas populares, como So Far Away (o primeiro single) e Walk of Life, mas Money for Nothing destacou-se, não só pelo viciante e inesquecível riff de guitarra inicial mas também pelo sedutor teledisco, misturando animação (a fazer pensar na tecnologia 3D) e realidade. Esse vídeo foi o primeiro a ser transmitido pela MTV Europe, em agosto de 1987. Para isso terá pesado o facto de a canção começar com a frase “I want my MTV…”, cantada em falsetto pela voz de… Sting. Os Dire Straits já editavam desde 1978, e Brothers in Arms foi o seu penúltimo, e mais bem sucedido, álbum.

Rock in Rio e Live Aid

Estava o Brasil ainda em ditadura, quando Roberto Medina arriscou fazer o que nunca ninguém tinha feito no país: um grande festival de música, que juntava os melhores artistas locais e estrelas internacionais. A obstinação do empresário em pôr de pé o festival era tanta que começou a construir a Cidade do Rock em Jacarepaguá, na zona oeste do Rio de Janeiro, sem ter nenhum artista assegurado. A 11 de janeiro de 1985, os portões abriram-se para 1 milhão e 380 mil pessoas e estas avançaram para o maior palco alguma vez construído (5 600m2). Foram 10 dias de música e nem a chuva torrencial que caiu naquele verão carioca, transformando o recinto num lamaçal, demoveu a plateia de assistir às atuações de Queen, AC/DC, Yes ou Ozzy Osbourne.

Antes de Roberto Medina enveredar “Por um Mundo Melhor” (deixando o Rock in Rio de ser apenas um grande evento musical, para passar a prometer ajuda aos mais desfavorecidos), alguns músicos descobriram que tinham poder suficiente para fazer a diferença em áreas que, à partida, nada tinham que ver com a música. Foi isso que aconteceu em 1984/85, com o projeto Band Aid/Live Aid, lançado por Bob Geldof, com o objetivo de angariar dinheiro para combater o surto de fome na Etiópia. A 13 de julho de 1985, o concerto Live Aid estabeleceu um novo patamar. O espetáculo decorreu no Estádio de Wembley, em Londres, e nos EUA, onde o cenário foi o JFK Stadium, em Filadélfia – e uma cobertura televisiva sem precedentes permitiu que o concerto chegasse, em direto, a milhões de espectadores de todo o mundo. A lista de estrelas participantes é interminável: de Madonna aos Beach Boys, dos Dire Straits aos Queen, de Bryan Adams aos The Who, de Tina Turner a Paul McCartney…

7. Running Up That Hill, de Kate Bush 

As regras dos revivalismos são assim no século XXI. Depois de ter sido escolhida para a banda sonora da quarta temporada da série Stranger Things, esta canção de 1985 da britânica Kate Bush (saída do seu quinto álbum, Hounds of Love) foi ouvida, muito provavelmente, por mais gente do que quando foi lançada. Invadiu o TikTok, teve milhões de audições no Spotify e chegou ao primeiro lugar do top das canções mais ouvidas em vários países. Os seus argumentos continuam a ser os mesmos, e é preciso dar destaque às notáveis capacidades vocais de Kate Bush. Sobre este surpreendente regresso de Running Up That Hill, a cantora escreveu, no seu site, em 2022, que nunca tinha experienciado nada assim, agradecendo o entusiasmo de tantos jovens em todo o mundo.

8. Don’t You (Forget About Me), de Simple Minds

Com um início ligado ao punk e à new wave, os Simple Minds abraçaram a pop, típica de uma banda que cresceu nos anos 80 com a ambição de chegar a todos os públicos. Depois de Empires and Dance (1980), que muitos ainda consideram o grande disco de Jim Kerr e seus cúmplices, os escoceses começaram então um percurso de popularidade ascendente, que se afirmou, em 1982, com o sucesso de Promised You A Miracle, do álbum New Gold Dream (1982). Os Simple Minds eram já, nesta altura, bem conhecidos, mas foi Don’t You (Forget About Me) – gravada para a banda sonora do filme The Breakfast Club – que os lançou para o estrelato planetário. Estava-se em 1985, e o disco Once Upon a Time consolidaria o estatuto de grupo mainstream, para as massas.

9. Close to Me, de The Cure

Com a sua batida nervosa, e solo de saxofone lá mais para a frente, é uma canção que ainda hoje é fácil de (re)encontrar nas pistas de dança de algumas discotecas. Quando lançaram Close to Me, segundo single do seu sexto álbum, The Head on the Door, (o primeiro single foi In Between Days), os The Cure conseguiam ser, ao mesmo tempo, uma banda de culto (referências da cena “vang”, com uns toques de gótico) e afirmar-se comercialmente (mas havendo já, certamente, por essa altura, quem dissesse que nos primeiros tempos, no fim dos anos 70, é que eles eram bons…). Em tom de despedida, a banda de Robert Smith lançou em 2024 o álbum Songs of a Lost World, e muitas das suas canções mais antigas são reconhecidas e dançadas por quem ainda nem tinha nascido em 1985…

We Are the World

Quem, em 1985, não ficou com esta música no ouvido, mesmo contra sua vontade, vivia certamente numa bolha, bem protegido da cultura de massas. Escrita por Michael Jackson e Lionel Richie, e produzida por Quincy Jones e Michael Omartian, foi criada para a campanha USA for Africa, para angariar apoios contra a fome na Etiópia. No ano anterior, a Band Aid, projeto de Bob Geldof, tinha feito o mesmo a partir da Europa com a canção Do They Know It’s Christmas?

No dia 28 de janeiro de 1985 uma verdadeira parada de estrelas juntou-se para interpretar esta canção a várias vozes (resultando, claro, num poderoso teledisco). Em estúdio juntaram-se, entre muitos outros, Ray Charles, Billy Joel, Diana Ross, Cyndi Lauper, Bruce Springsteen, Stevie Wonder, Dionne Warwick, Willie Nelson, Al Jarreau, Tina Turner, Bob Dylan, Paul Simon… Com mais de 20 milhões de cópias, We Are the World entraria para o oitavo lugar na lista dos singles mais vendidos de sempre. Quarenta anos depois, na América de Trump e Musk, dificilmente imaginamos este coro dizendo “nós somos o mundo” em nome de uma campanha humanitária de ajuda para vítimas em África.

10. One More Night, de Phil Collins

O músico dos Genesis aproveitava uma pausa no trabalho do grupo (um dos mais populares da época, vindo do universo do rock progressivo dos anos 70) para afirmar a sua carreira solo. Missão cumprida: o seu álbum No Jacket Required, de 1985, resultou em dois singles que se espalharam rapidamente por todo o mundo, vendendo milhões de cópias: Sussudio e esta balada, One More Night, que conseguiu o feito de chegar ao primeiro lugar no top dos singles mais vendidos nos EUA – o que o britânico Phil Collins já tinha conseguido, em 1984, com Against All Odds (Take a Look at Me Now). No teledisco via-se Collins a interpretar a canção, ao piano, num pub londrino.

11. Nikita, de Elton John

Típica canção (e teledisco) do tempo da Guerra Fria, com o Bloco do Leste a surgir entre o exotismo, a ameaça e o sentimentalismo. Elton John, num inesquecível Rolls-Royce descapotável vermelho, símbolo de opulência e do capitalismo, fala-nos da sua atração por uma guarda da fronteira que dividia as duas Alemanhas, num mundo dividido (Elton John confessaria, em entrevistas, que sabia bem que Nikita era um nome masculino na cultura russa). Nos coros da canção, que trepou nos tops de todo o mundo, pode ouvir-se a voz de outra figura icónica dos anos 80: George Michael.

12. Burning Heart, de Survivor

Não foi apenas The Power Of Love, dos Huey Lewis and the News, que ficou famosa, sobretudo, por estar na banda sonora de um filme (O Regresso ao Futuro). Um pouco de história, então, para refrescar memórias e criar outras. Também Burning Heart se tornou um dos maiores sucessos dos Survivor, na voz de Jimi Jamison, ao integrar a lista de canções do blockbuster Rocky IV, com a icónica personagem interpretada por Sylvester Stallone. Três anos antes, em 1982, já o tema Eye of the Tiger, também dos Survivor mas cantado por Dave Bickler (e não por Jamison), se tinha ouvido em Rocky III.

13. Saving All My Love For You, de Whitney Houston

Há um número que impressiona na biografia artística de Whitney Houston (1963-2012): 170 milhões de discos vendidos. Filha de uma cantora de gospel (Cissy Houston), sobrinha de Dionne Warwick, afilhada de Aretha Franklin, e dona de uma voz que começou a brilhar quando ainda era criança, em coros de igreja, em Newark, Whitney parecia destinada a ser uma estrela de primeiro plano. E esse destino cumpriu-se, depois de ter sido “descoberta” pelo produtor Clive Davis a cantar num clube noturno de Nova Iorque. O álbum de estreia, intitulado Whitney Houston, lançado a 14 de fevereiro de 1985, colocou-a, quase de imediato, sob os holofotes. Dele resultaram três singles que atingiram o primeiro lugar no top da revista Billboard: How Will I Know (mais pop e dançável) e as baladas The Greatest Love of All e Saving All My Love for You, um original dos anos 1970 cuja versão lhe valeu o seu primeiro Grammy na categoria de Melhor Performance Pop Feminina.

14. The Power of Love, de Huey Lewis and the News

Ter feito parte da banda sonora do filme Regresso ao Futuro, de Robert Zemeckis, um sucesso de bilheteira em todo o mundo, ajudou, e muito, a catapultar The Power of Love para o primeiro lugar do top norte-americano. Reza a lenda que foi o próprio Zemeckis que convidou Huey Lewis a escrever uma canção para este filme de 1985 (o músico acabaria até por aparecer em Regresso ao Futuro, no papel do professor que rejeita a banda de Marty/Michael J. Fox por tocar muito alto). Huey Lewis and the News contribuiriam ainda com outra música, Back In Time, embora seja dos sintetizadores a abrir The Power of Love que nos lembramos de cor. Curiosamente, em 1984 tinha havido um outro hit com esse mesmo título, interpretado pelos britânicos Frankie Goes to Hollywood.

1. Beber e desenhar (ou vice-versa)

Boa disposição e criatividade é o que se pede para este programa nesta sexta, 14, ao fim do dia, na Praça – aquele sítio com boa onda dentro do Hub Criativo do Beato, e que é bar, mercearia, garrafeira, padaria e charcutaria. Os organizadores chamam-lhe um Art Date e pode levar-se companhia ou não. E o que se pode esperar deste Art Date? Sessões rápidas de desenho ao som de música, captando alguém de forma criativa, duas bebidas (leia-se vinho) e um DJ set. O material de desenho necessário está incluído no valor do bilhete: €30/pessoa. As vagas são limitadas e é necessário fazer reserva. Praça > Tv. do Grilo, 1, Lisboa > 14 fev, sex 19h-21h > €30/pessoa > reservas aqui

2. Provar os noodles picantes do Ajitama

Foto: DR

Já se sabe que em matéria de ramen o restaurante lisboeta Ajitama é mestre. Para “aquecer” um jantar romântico, criaram uns noodles de massa fresca vermelha, preparados com especiarias picantes japonesas. São eles que dão cor (e sabor) ao ramen Red Tonkotsu, composto por um caldo picante de porco com 18h a 20h de confeção, ovo Ajitama, barriga de porco e cogumelos kikurage. As doses diárias são limitadas, mas em compensação, esta edição especial de ramen está disponível todos os dias, até 23 de fevereiro, no Ajitama do Saldanha e do Chiado. Nesta sexta, 14, oferecem um copo de Passion Fruit Sake Sangria para refrescar o palato. Av. Duque de Loulé, 36, Lisboa > T. 96 776 1997 > seg-dom, 12h-24h > R. do Alecrim, 47A, Lisboa > T. 96 526 8635 > seg-dom 12h30-24h > até 23 fev

3. Ver um espetáculo de arrebatar corações

Com estreia marcada para o Dia dos Namorados, o espetáculo Heartquake, no Espaço Laboratório, em Lisboa, combina circo contemporâneo, música, teatro, acrobacia e interação com o público. O protagonista é um “cupido cheio de personalidade”, anuncia a Companhia Laboratório, e o público pode escolher entre ver apenas o espetáculo (inclui uma bebida) ou ficar para um jantar especial. Na ementa, consta assim: mini bouquet de “rosas” de presunto (ou cenoura), massa folhada e redução de vinho do Porto; creme de mascarpone com beterraba e amendoim torrado, acompanhado de sopa de espargos; corações de raviolis de beterraba com rabanete, molho rosa e salada de rabanete e morango (opções de recheio: marisco, novilho ou legumes), e, para sobremesa, “Carta do Cupido” em massa folhada com geleia de morango, acompanhado de mousse de chocolate e pimenta. Tem ainda duas bebidas à escolha. Espaço Laboratório > Av. Infante Dom Henrique, 336A, Lisboa > T. 96 940 7793 > 14 fev-1 mar, sex-dom 21h30 > €25 (espetáculo), €90 (com jantar)

4. Pôr uma carta no Correio dos Namorados

Foto: José Frade/EGEAC

Santo António é santo casamenteiro e padroeiro dos namorados, e são muitos os rituais para lhe pedir ajuda para encontrar um par ou manter o amor desejado. Até dmingo, 16, o Largo de Santo António da Sé, em Lisboa, vai ter um marco de correio especial: o Correio dos Namorados. A iniciativa, do Museu de Lisboa, convida a escrever os seus desejos e pedidos a Santo António e a colocar a carta no marco junto à sua estátua. Neste domingo, 15, pelas 15h, no mesmo local, a Tuna Médica de Lisboa, constituída por alunos da Faculdade de Medicina de Lisboa e da Faculdade de Ciências Médicas, fazem uma Serenata aos Namorados. Lg. de Santo António da Sé, Lisboa > até 16 fev

5. Oferecer um Lenço dos Namorados

Foto: DR

Já houve um tempo em que as jovens apaixonadas bordavam lenços à mão para oferecer ao rapaz dos seus sonhos. Se ele aceitasse o namoro, usava-o ao pescoço, orgulhoso, sobre o fato de domingo – um verdadeiro símbolo de compromisso e devoção. Já não estamos no século XIX, mas tantas décadas depois, os Lenços dos Namorados continuam a contar histórias de amor, bordadas com carinho e tradição. E que bonitos são para oferecer. À venda nas lojas d’A Vida Portuguesa, em Lisboa (Chiado, Intendente e Mercado da Ribeira) e no Porto (Estação de São Bento)

6. Escapadinha com direito a spa

Os hotéis The Vintage e The Lumiares (Lisboa) e The Rebello (Porto) aproveitam o Dia dos Namorados para lançar novos programas para quem quer fazer uma escapadinha a dois. No hotel The Vintage, por exemplo, o pacote Honeymooners inclui: estadia de duas noites (com pequeno-almoço no quarto ou no Blue Bistrot) e uma sessão no spa (tratamento aos pés, hidratação corporal com chocolate e finalização com uma massagem de cabeça relaxante). Ao chegar, será recebido com um bouquet de flores preparado por um florista local, junto ao quarto. Falta apenas explicar que qualquer programa, nos três hotéis, está disponível o ano inteiro. The Vintage Hotel > R. Rodrigo da Fonseca, 2, Lisboa > T. 21 040 5400

7. Lanchar à boleia de burros lanudos

Foto: Adriana Morais

Qualquer pretexto é um bom pretexto para visitar a Quinta do Pisão, em Cascais. São mais de 350 hectares, com vários caminhos para percorrer a pé ou de bicicleta, uma horta biológica, espaço expositivo e algumas estruturas da atividade agrícola que aqui se praticou para conhecer. É por lá que vivem também corços, cavalos do Sorraia, ovelhas da raça Campaniça e burros lanudos, de raça Asinina de Miranda. São estes últimos que servem de guia até ao local do lanche que a Quinta do Pisão organiza, neste sábado, 15, em vários horários. Na cesta, vão produtos da Quinta do Pisão e típicos da região, como queijo fresco, pães artesanais e compotas. Quinta do Pisão > Estr. da Serra, Alcabideche, Cascais > Informações T. 21 581 1750 > 15 fev, sáb 10h30, 11h, 14h, 14h30, 15h, 15h30 e 16h > €35/casal, inscrições para o endereço de email atividadesnatureza@cascaisambiente.pt

8. Imergir no “Universo Submerso”

O ambiente é escuro e propício ao romance – e o preço especial para o São Valentim quer convencer quem não estava a pensar ir ver os peixinhos do Oceanário de Lisboa. Quem comprar um bilhete até esta sexta, 14, recebe outro de oferta e pode visitar este enorme aquário até ao dia 28 deste mês. A campanha Dois por Um – apenas disponível na bilheteira online – é a desculpa perfeita para conhecer ainda a nova exposição imersiva Universo Submerso. O projeto resulta da colaboração entre a equipa do Oceanário de Lisboa e o estúdio internacional LesAteliers BK, especialista na combinação de arte e tecnologia e responsável, entre outros, pelo video mapping do Arco do Triunfo durante os Jogos Olímpicos de Paris 2024. Oceanário de Lisboa > Pq. Das Nações, Lisboa > bilheteira online aqui

9. Concertos a espalhar amor

A celebrar uma década, o festival Montepio às Vezes o Amor espalha-se por 15 cidades de todo o País para celebrar o Dia dos Namorados com concertos nesta sexta e sábado, dias 14 e 15. Do programa, destaque para as atuações de Santos & Pecadores (Coliseu do Porto, 14 fev, Sagres Campo Pequeno, 15 fev), Marisa Liz (Leiria, 14 fev, Lagoa, 15 e 16 fev), Jorge Palma (Lousã, 15 fev) ou, entre outros, Tiago Bettencourt (Ourém, 15 fev). Amarante, Aveiro, Barreiro, Lagoa, Lagoa (Açores), Leiria, Lisboa, Lousã, Ourém, Penafiel, Peso da Régua, Porto, Santarém, Torres Novas, Valongo e Vila do Conde > até 16 fev, sex-dom > €9 a €25

10. Visitar uma adega e provar vinhos

São duas as propostas da José Maria da Fonseca para comemorar a data. Na Casa-Museu José Maria da Fonseca, em Azeitão, sugere-se a visita ao jardim e a três antigas adegas: a da Mata, a dos Teares Novos (na qual estagia, entre outros, o Periquita) e a dos Teares Velhos (onde repousam os Moscatéis de Setúbal mais antigos). Após a visita, haverá um jantar no Wine Corner by José Maria da Fonseca: o menu (€60/pessoa) que se prolonga ao longo de todo o mês, inclui camarão flambeado, entrecôte com batatas fritas e a famosa Mosca na Mousse. Tudo acompanhado com vinhos da marca.

A Adega dos Potes, em Reguengos de Monsaraz. Foto: DR

Já no Alentejo, em Reguengos de Monsaraz, a Adega José de Sousa propõe a visita à Adega Moderna e à Adega dos Potes: dois estilos distintos desde a tecnologia de ponta ao método de fermentação ancestral. A prova de dois vinhos acompanhada de chocolate artesanal e a oferta de uma garrafa de vinho tinto, finalizam esta experiência. Casa-Museu José Maria da Fonseca > R. José Augusto Coelho, 12A, Azeitão, Setúbal > T. 21 219 8940 > 14-16 fev, 22-23 fev, 11h, 15h > Adega José de Sousa, R. Mourão, 1, Reguengos de Monsaraz > T. 91 826 9569 > 14-16 fev, 22-23 fev, 11h, 15h > €40 (visita adegas), €60 (jantar)

11. Ir ao cinema (e ganhar um bilhete à borla)

O Batalha Centro de Cinema exibe nesta sexta, 14, o filme Death Becomes Her (A Morte Fica-vos Tão Bem, de 1992), de Robert Zemeckis, numa sessão apresentada pela designer e feminista Clara Não e Dr. Love. O filme/comédia, que recebeu um Oscar de Melhores Efeitos Visuais, conta a rivalidade entre Helen (Goldie Hawn) e Madeline (Meryl Streep), duas mulheres ligadas por um homem (interpretado por Bruce Wills). Antes, será exibida a curta-metragem Me and Rubyfruit, de Sadie Benning, um vídeo-diário intimista que reflete sobre identidade, desejo e sexualidade sob o olhar de uma jovem queer. Nesta noite,, na compra de um bilhete (apenas na bilheteira física), será oferecido outro.  Pç. da Batalha, 47, Porto > T. 22 507 3308 > 14 fev, sex 21h15 > €5 

12. Fazer um workshop de bolachas

Foto: DR

A chefe Joana Quinta, da Sweet Soul, em Leça da Palmeira, orienta um workshop de pastelaria a dois nesta sexta, 14, a partir das 18 horas. Durante uma hora e meia, os participantes aprendem a fazer bolachas recheadas (com quatro sabores à escolha), e a decorar o tiramisù de morango em copo. Além de levarem para casa a receita das bolachas, os participantes ainda levam dois tiramisù individuais. Quem queira completar a mesa do jantar, poderá adquirir o bolo Coração de Amêndoa, com creme de ovos, o Fondant Red Velvel, com cremoso de maracujá, ou as cookies Red Velvet. R. Direita, 75, Leça da Palmeira, Matosinhos > T. 914 787 600 > €25/pessoa, inscrição obrigatória geral@sweetsoul.pt

13. Jantar na Quinta da Aveleda

Foto: DR

O Salão do Roseiral na Quinta da Aveleda, em Penafiel, é o cenário para um jantar de São Valentim, nesta sexta, 14. O repasto inclui quatro vinhos de diferentes regiões, em quatro momentos: na entrada, o crostini de straciatella com presunto e uvas e a salada de abacate, manga e camarão acompanha com Aveleda Alvarinho; o arroz de tamboril é servido com Villa Alvor Domus (Algarve); a bochecha de porco com redução de vinho tinto serve-se com Vale D. Maria Vinhas do Sabor Tinto Reserva (Douro) e, na sobremesa, depois da gruta laminada, a mousse de chocolate com bolacha da adega velha finaliza  a refeição com a aguardente vínica Adega Velha Duplo Estágio, da Aveleda (Vinhos Verdes).  Quinta da Aveleda, R. Aveleda, 2, Penafiel > T. 255 718 200 > 14 fev, sex 19h > €56/pessoa > Reserva enoturismo@aveleda.pt

O Presidente da República vetou esta quarta-feira o novo mapa de freguesias aprovado pela generalidade dos partidos com assento parlamentar no passado dia 17 de janeiro. Marcelo Rebelo de Sousa decidiu, “por imperativo de consciência”, não promulgar o documento previa a desagregação e a reposição de 299 freguesias e a reavaliação do território de mais três autarquias, devolvendo-o ao Parlamento.

Por que razão o Presidente vetou a lei?

Ao justificar a sua decisão, numa carta enviada a José Pedro Aguiar-Branco, presidente do Parlamento, e disponível no site da Presidência, Marcelo Rebelo de Sousa refere “três dúvidas sobre o diploma”. A primeira, está relacionada com a “reversão – para alguns um grave retrocesso – num caminho de reordenamento e de racionalização do poder local, assim questionando a essência da reforma de 2013”, lê-se. O Presidente defende não ser “desejável” que haja “orientações flutuantes” a um caminho definido, mesmo que haja “reparos ou críticas pelo seu radicalismo, ou processo”.

Em seguida, o Presidente da República afirma que o processo legislativo na AR foi pouco “transparente” com a inclusão de freguesias na lista final até vésperas da votação final e considerou que o processo legislativo provocou uma “falta de compreensão” pelos “seus avanços e recuos, as suas contradições, as hesitações e sucessivas posições partidárias, a inclusão e a exclusão de freguesias, e, sobretudo, o respeito rigoroso dos requisitos técnico-legais a preencher, para ser possível a desagregação”.

Por fim, Marcelo Rebelo de Sousa apontou dúvidas sobre a “capacidade para aplicar as consequências do novo mapa já às eleições autárquicas de setembro ou outubro deste ano, daqui a pouco mais de seis meses” – apesar de ter promulgado a lei que permite aos deputados decidirem a desagregação de freguesias. O Presidente acredita que “a complexidade da instalação, e resolução dos problemas emergentes é variável de freguesias para freguesias desagregadas e pode ser mesmo, aqui e ali, muito complexo” para aplicar já às eleições de setembro ou outubro.

Marcelo refere ainda que o seu veto não é “por questionar a vontade das populações, a legitimidade parlamentar para reversões, a começar nos partidos antes adeptos do revertido, nem por ter matéria de facto disponível para contradizer a aplicação dos requisitos técnico-legais das desagregações” mas por duvidar da “capacidade para executar a nova lei, sem subsequentes questões de Direito – ou de facto – patrimoniais, financeiras, administrativas ou outras, resultantes do tempo disponível”.

O que acontece agora?

Ao ser vetado o decreto, o parlamento tem agora duas possibilidades: os deputados podem – dentro de 15 dias – confirmar o diploma sem alterações ou introduzir novas mudanças que terão de voltar a ser apresentadas e votadas em plenário. A lei volta depois a Belém para que o Presidente o promulgue no prazo de oito dias a contar da sua receção.

O prazo para ter um novo mapa autárquico em 2025 torna-se assim muito apertado, dado que a lei que a criação de novas freguesias tem que estar publicada até meados de março, para que possam existir novas autarquias a tempo das eleições. Não podem ser introduzidas alterações ao mapa do Poder Local seis meses antes das eleições autárquicas. 

Hugo Soares, líder parlamentar do PSD, diz que o veto do Presidente da República “tem peso” e pede tempo para o partido o avaliar antes de anunciar se pretende ou não confirmá-lo. “Nem o País está com uma urgência nesta decisão, nem isto é uma decisão que careça de uma urgência de pé para a mão, da manhã para a noite”, referiu Soares, à entrada para o plenário da Assembleia da República.

O Partido Socialista (PS) já anunciou que vai contrariar Marcelo e confirmar o decreto de separação de freguesias assim que for possível. A deputada socialista Mariana Gonçalves afirma que o partido entende que o processo legislativo foi “transparente”, feito “dentro do enquadramento legal” e do prazo de seis meses que a lei prevê para alterações, pelo que se deve “cumprir a vontade das populações”.

Decorria o longínquo ano de 2015 quando uma simples denúncia anónima, feita no portal da Procuradoria-Geral da República, serviu de tiro de partida para uma das maiores investigações sobre corrupção a envolver políticos em cargos públicos ‒ a Operação Tutti Frutti. A investigação arrastou-se devido à sua complexidade, com queixas de falta de meios pelo caminho, situação a que a então procuradora-geral da República, Lucília Gago, deu resposta com a criação, em 2023, de uma equipa a trabalhar no caso em exclusividade (cinco inspetores da Polícia Judiciária e cinco magistrados do Ministério Público).

Ao fim de dez anos, o MP formalizou a acusação: 60 arguidos (49 pessoas e 11 entidades), incluindo atuais e ex-deputados, presidentes de junta, vereadores e altos responsáveis do PSD e do PS, são acusados de um total de 463 crimes: corrupção ativa e passiva, prevaricação, abuso de poder, tráfico de influência, branqueamento de capitais, burla qualificada, falsificação de documentos e recebimento indevido de vantagem.

Na lista, não surgem os nomes mais sonantes, Fernando Medina e Duarte Cordeiro. O ex-presidente da Câmara de Lisboa e ex-ministro das Finanças chegou a ser constituído arguido, no ano passado, mas o MP, apesar de lhe apontar comportamentos “que se desviam e atropelam as normas que enquadram o exercício das funções públicas”, diz não ter ficado demonstrada “a prática de factos suscetíveis de integrar os crimes de corrupção ativa e passiva, inicialmente referenciados, nem do crime de prevaricação”.

O ex-ministro do Ambiente e da Ação Climática, durante anos uma das figuras mais poderosas do PS, dedicou umas linhas no Facebook ao facto de não ter sido acusado. “Ficou clarificado o que sempre disse. Não há nada que me surpreenda no que me diz respeito e só lamento o tempo que demoram estes processos a concluírem as suas investigações. Relembro que nunca fui sequer ouvido. Depois de anos a lidar com especulação e suspeita, fico finalmente livre.” As suspeitas contra a deputada social-democrata Margarida Saavedra foram também arquivadas.

Mas há pesos-pesados entre os acusados. Nomes que vão fazer mexer as Eleições Autárquicas, a decorrer em setembro ou outubro.

Há crimes e crimes

A lista do MP conta com três presidentes de juntas de freguesia de Lisboa do PSD – Luís Newton, Fernando Braamcamp e Vasco Morgado – e com as ex-presidentes de junta do PS Ana Sofia Figueiredo e Inês Drummond (que entretanto se tornou vereadora sem pelouro da Câmara de Lisboa, cargo a que renunciou ao ser conhecida a acusação). Luís Newton acumulava o cargo à frente da Junta da Estrela com o de deputado à Assembleia da República, mandato que decidiu suspender para não “atingir o Governo”. Outro deputado da Nação envolvido é Carlos Eduardo Reis, igualmente do PSD, que anunciou a suspensão, a contragosto, do mandato no fim deste mês (mas não a do cargo de vereador, que ocupa na Câmara de Barcelos). “Retiraram-me a confiança política ao dizer que não tenho condições para continuar a ser deputado do grupo parlamentar. Estão a entregar a escolha dos deputados ao Ministério Público, a trocar a presunção de inocência pela presunção de culpa. A minha opinião é que deveria continuar, mas até ao final deste mês suspenderei as minhas funções no grupo parlamentar”, disse.

Ângelo Pereira, vereador social-democrata na Câmara de Lisboa, com os pelouros da Higiene Urbana, Proteção Civil e Desporto, é outro acusado que decidiu suspender o mandato. A lista de figuras mais influentes fica completa com Rodrigo Gonçalves, membro do conselho nacional do partido e dirigente histórico do PSD de Lisboa, Rui Paulo Figueiredo, antigo assessor de José Sócrates, conhecido como “o espião do Governo” nas supostas escutas a Cavaco e José Guilherme Aguiar, vereador da Câmara de Gaia.

O envolvimento de altos quadros do PSD e do PS na Operação Tutti Frutti está a causar um notório desconforto nos dois partidos e a baralhar as contas para as autárquicas, sobretudo tendo em conta que alguns dos acusados têm tido responsabilidades na escolha dos candidatos. E já há demissões na máquina autárquica do PSD – Ricardo Almeida, coordenador autárquico da Distrital do Porto, acusado de um crime de abuso de poder, foi o primeiro dirigente de órgãos partidários a deixar-se cair na sequência da Operação Tutti Frutti.

O julgamento em tribunal vai longe, mas o político já começou. Várias figuras de proa do PSD apelam à demissão dos suspeitos de corrupção e manifestam-se contra a sua inclusão nas candidaturas às autárquicas. Um deles foi Hugo Soares, líder parlamentar e secretário-geral do PSD: “Nenhum presidente de junta acusado em crimes de relevância será candidato pelo PSD”, garantiu. Mas sublinhou que Ângelo Pereira, por exemplo, está “apenas” acusado de recebimento indevido de vantagem, o que não o deve impedir de se manter como presidente da comissão política distrital do PSD Lisboa e de estar envolvido na escolha de candidatos.

Alexandra Leitão, líder parlamentar do PS e candidata à Câmara de Lisboa, também garantiu que não dará luz verde a que qualquer candidato acusado entre na sua lista, ainda que tenha desvalorizado a acusação à socialista Inês Drummond, por ser um crime de prevaricação e não de corrupção.

As autárquicas ainda estão a largos meses de distância. É muito tempo para as nuances fazerem o seu caminho.

Os tubarões

As mais importantes figuras acusadas na operação

Sérgio Azevedo
É quem está acusado de mais crimes – 51 –, incluindo corrupção ativa e passiva, prevaricação, branqueamento de capitais e tráfico de influência. O MP diz que o ex-deputado do PSD usou o seu poder na concelhia de Lisboa para indicar candidatos autárquicos do seu círculo. Uma vez eleitos os autarcas, Azevedo receberia contrapartidas dos contratos assinados pelas juntas de freguesia.

Luís Newton
Deputado do PSD e presidente da Junta de Freguesia da Estrela, Lisboa, desde 2013, é acusado de dez crimes (cinco de corrupção passiva e cinco de prevaricação) devido a alegados contratos que o terão beneficiado a si e a pessoas próximas.

Carlos Eduardo Reis
Igualmente deputado do PSD, além de vereador na Câmara de Barcelos, responde por 22 crimes, na qualidade de empresário que terá beneficiado de ajustes diretos abusivos.

Fernando Braamcamp
Ao presidente da Junta de Freguesia do Areeiro, em Lisboa, eleito pelo PSD, são apontados 39 crimes de corrupção passiva, quase todos relacionados com a contratação de serviços de várias empresas para a junta.

Vasco Morgado
Presidente da Junta de Freguesia de Santo António, também em Lisboa, são-lhe atribuídos 27 crimes, a maioria de corrupção passiva.

Em 2024, Gisela João percorreu muitos palcos a festejar os 50 anos do 25 de Abril com canções (a maioria de José Afonso): A Morte Saiu à Rua, Vejam Bem, Que Amor Não me Engana, mas também Acordai, de Fernando Lopes Graça, e Inquietação, de José Mário Branco. Em 2025, essas versões (tocadas e construídas com os músicos Carles Rodenas Martínez e Luís “Twins” Pereira) dão corpo ao quarto disco de estúdio da fadista nascida em Barcelos em 1983, Inquieta.

Acha que uma canção pode mudar as nossas vidas – para não dizer “o mundo”?

Acho, acho mesmo. Olhem para mim… Isso aconteceu comigo. Até diria mais “a poesia” do que simplesmente canções. Interessa-me sempre mais a história que estou a contar, as palavras, do que o modo muito perfeitinho de cantar. E acredito que o que estamos a dizer pode mudar vidas. A poesia mudou a minha vida.

Para chegar às canções que estão neste disco houve um trabalho de procura, motivado pelos 50 anos do 25 de Abril e o mote da liberdade, ou foi uma coisa mais afetiva e pessoal?

Este disco é um belo exemplo daquelas coisas que “têm de ser” e nem sabes bem porquê. As coisas que mais nos encantam na vida, o amor e a arte, serão sempre supermisteriosas. Este disco nasce sem ser esperado, planeado. Eu estava, aliás, a gravar outro, a que vou voltar em breve. Mas quando fiz os concertos das comemorações do 25 de Abril, percebi que não me sentia bem se aquelas canções ficassem só por ali. Pensei: “Preciso de gravar estas músicas!” Até podia ser só para mim, para ficar um registo.

E a escolha das canções?

Foi feita para os concertos. A Grândola e o Depois do Adeus teriam sempre de estar lá, fazem parte da História de Portugal, não só da música. Eu, depois da pandemia, achei mesmo que ia ser feliz a fazer outras coisas, que não fazia sentido continuar na música. E, de repente, percebi que com estas músicas estava, também, a cantar a minha liberdade. Na Balada do Outono [de José Afonso] há aquela parte: “… que eu não volto a cantar.” E isso falou muito comigo. Porque nos últimos anos essa era uma frase diária na minha vida. 

A maioria das canções no disco são do José Afonso…

O Zeca Afonso é o meu artista favorito, no meu País. Da forma completa como ele é: música, poemas… Era incrível. Faz parecerem simples coisas que são complexas. Em miúda ouvia muito Zeca Afonso. Quando pensei nestes concertos achei sempre que ia ter muito mais músicas do José Mário Branco e do Sérgio Godinho e, lá está, às vezes não interessa tanto o que achamos que queremos, precisamos mesmo é de outros caminhos, e é por aí que temos que ir.

Só uma canção do disco não tem a letra original, Que Força É Essa, do Sérgio Godinho, que cantou na versão recente da Capicua. As canções também são organismos vivos…

Ainda estava a preparar os concertos e um dia percebi que todas as canções à minha frente eram de homens. Isso deixou-me furiosa. Mesmo tendo noção de que os tempos eram outros. Lembrei-me de que nesse mesmo ano, no Dia da Mulher, a Capicua tinha lançado a sua versão do Que Força É Essa, o que me deixou muito feliz. E decidi cantá-la, com autorização da Capicua e do Sérgio, claro.

Das dez versões presentes no disco, só uma foi gravada ao vivo: Inquietação, de José Mário Branco

Estas canções salvaram-na desse afastamento que sentia em relação à música?

Sem dúvida. Sinto que estas canções fizeram parte da libertação do meu povo, da nossa História, mas não me falam só da liberdade política em tempos de ditadura, falam-me da minha própria liberdade, diária. Andei muitos anos a correr e precisava de parar um bocado. Este disco empodera-me muito.

Acha que há fado neste Inquieta?

Não acho, tenho a certeza. Para mim, o fado é muito mais do que a forma, do que as regras das estrofes e das músicas. O fado é uma forma de vida, de sentir a vida. Que passa muito por empatia, pelo sentir do outro, pelo sentido de comunidade. Em qualquer coisa que eu faça, o fado estará lá.

Palavras-chave:

As funcionalidades e melhorias trazidas por soluções como a Inteligência Artificial (IA) do Copilot e o ChatGPT estão cada vez mais a entrar na rotina dos utilizadores, que confiam nos assistentes para executar as tarefas mais repetitivas e mundanas, libertando tempo para as que exijam maior destreza mental. Agora, um estudo liderado por investigadores da Microsoft e feito em parceria com a Universidade de Carnegie Mellon revela que uma dependência e confiança excessiva nestes modelos podem impactar negativamente a capacidade de pensamento crítico e levar à deterioração de capacidades cognitivas.

O Windows Central cita um parágrafo do trabalho, no qual se lê que “uma grande ironia da automação é que ao mecanizar tarefas rotineiras e deixar as exceções para o utilizador humano, estamos a privar o utilizador das oportunidades rotineiras de praticar o seu julgamento e fortalecer a sua musculatura cognitiva, deixando-o atrofiado e mal preparado quando as exceções surgirem”.

O estudo teve em conta cenários de utilização de IA no ambiente de trabalho e revela que os trabalhadores que usavam estas ferramentas no quotidiano mostravam mais dificuldades em lidar com cenários onde tivessem de usar o pensamento crítico.

Alguns utilizadores nas redes sociais, nomeadamente no Reddit, têm levantado preocupações semelhantes, havendo relatos como “perdi algumas células cerebrais” ou “posso ver que o ChatGPT vai tornar-nos mais burros à medida que usamos IA sem pensar e sem usar o cérebro”. Outra consequência negativa que tem vindo a ser discutida é a perda de criatividade e de pensamento crítico, com os utilizadores a virarem-se, por exemplo, para o ChatGPT para obter satisfação e respostas imediatas.

De acordo com uma notícia avançada pelo Jornal de Notícias, João Rogério Silva, conselheiro nacional do Chega e principal rosto partido em Oliveira do Hospital, está acusado de montar uma emboscada após uma eleição para a liderança da Concelhia.

O conselheiro nacional do Chega foi acusado pelo Ministério Público (MP) de crimes de dano e ameaça agravada, em março de 2023, contra um militante que também se candidatou à liderança da Concelhia de Oliveira do Hospital, António José Cardoso. De acordo com a acusação, Cardoso encontrava-se a conduzir o carro da empresa em que trabalhava, entre Oliveira do Hospital e Mangualde, quando foi abalroado por outro veículo, onde seguia o principal rosto do partido na região. O agressor terá depois saído do carro e desferido “várias pancadas com força” no automóvel, com o militante ainda lá dentro. Silva estaria armado com um pedaço de mangueira e uma faca, que utilizou para ameaçar Cardoso, prometendo matá-lo. “Enquanto João Silva se encontrava com a faca na mão proferiu a seguinte expressão, em tom sério e ameaçador dirigida a António Cardoso ‘vou-te matar’, tendo de imediato passado com a faca junto ao seu pescoço, simulando o gesto do crime”, pode ler-se na sentença citada pelo JN. António Cardoso apresentou queixa na GNR de Oliveira do Hospital.

O MP abriu uma acusação formal contra o conselheiro nacional do Chega, tendo como base testemunhos da vítima, fotografias do automóvel danificado e algumas mensagens trocadas entre os dois envolvidos. João Silva deverá mesmo ser julgado pelo crime, dado que o prazo de 20 dias para início da fase de instrução já expirou.

De acordo com uma publicação interna no portal do Chega, também citada pelo JN, João Silva terá admitido que cometeu “um tresloucado ato”, incentivado por Paulo Seco, presidente da Distrital de Coimbra. “Foi ele que me impulsionou, encorajou e incentivou a cometer o ato”, lê-se.

Em resposta ao JN, Seco refere que só teve conhecimento do caso “por intermédio de grupos da internet” e que nunca afastou Silva da Concelhia por esse motivo. No entanto, o presidente da Distrital de Coimbra, admitiu ao jornal português que chegou a fazer uma participação ao Conselho de Jurisdição do Chega contra António Cardoso, por este o ter acusado de ser o impulsionador do crime, o que significa que o partido, com conhecimento do caso – manteve Silva no cargo que ocupava.