Raivoso, encurralado, Putin ordenou o lançamento de uma barragem de 100 mísseis contra várias cidades e infraestruturas vitais ucranianas, e por erro, ou propositadamente, dois mísseis caíram em território polaco, matando dois civis. O jogo, agora, é outro. Ou poderá ser, muito rapidamente. A NATO está a analisar o lançamento e percurso dos mísseis, e a Polónia poderá invocar, na sequência, o Artigo 5º do Tratado do Atlântico Norte, em que todos os membros se obrigam a defender e responder a um ataque.
«Se um milímetro do território aliado for atacado, a NATO responderá vigorosamente». Esta declaração foi repetida vezes sem conta, por todos os membros da Aliança, em particular pelos EUA, Reino Unido, França, Alemanha, e todos os outros países. Esse milímetro foi ultrapassado. A grande interrogação, agora, é saber de onde foram disparados os mísseis, qual o alvo primário, e que resposta vai dar a Polónia, em primeiro lugar, e a NATO, depois.
Vários mísseis foram lançados contra Lviv, perto da fronteira polaca, mas que fica a uma distância de 70 quilómetros. Isto significa que é muito difícil acreditar num erro tecnológico ou humano, apesar de escassearem mísseis de elevada precisão russos. Há, aqui, aparentemente, o desejo de puxar a NATO para o conflito. E isso faz sentido, para o Kremlin.
Putin perdeu a guerra na Ucrânia, a seu tempo, e a única saída interna, e na sua cabeça maquiavélica, é tentar desencadear um conflito aberto e direto com os 30/32 países da NATO, para poder declarar o estado de guerra, e com isso envolver o país inteiro. Os mísseis russos nunca falharam um alvo, mais coisa menos coisa, em nove meses de conflito, e não seria agora a primeira vez, e atingindo a Polónia. O presidente russo está a esticar a corda. Está no limite. Esta escalada é extraordinariamente perigosa, e não muito difícil de prever.
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