Foi esforçado, este Orçamento para 2022, mas está longe de ser definitivo. É, ainda, a versão «draft», exploratória e experimental. É de Estado, e de Governo, mas as notícias dizem que estará muito longe de ser de todos os ministros. Com exceção, bem percebido, do ministro das Finanças. Que coisa esquisita: não foi um por todos, mas todos contra um. Nunca um OE levou tantas horas a ser fechado. Foi uma tarde, uma noite, uma madrugada e uma manhã. Tamanha terá sido a discussão, presume-se. E a arrelia. E o desânimo.
Sendo o que é, e foi, quem quer este Orçamento? Será o PCP? Será o Bloco? O PSD não é certamente. Nem o Chega, nem o CDS, nem a Iniciativa Liberal. Talvez o PAN. Logo se verá. Mas não querendo este Orçamento, ninguém se atreverá a deitar abaixo o Governo. Só seria cáustico, e sarcástico, que ao Governo do PS acontecesse o que fez a Passos Coelho. Mas por aí ninguém quer ir.
Por agora, só a liturgia. O Orçamento é entregue na Assembleia, os partidos analisam o documento, e as erratas sucedem-se. Normal. Habitual. Passado o assombro, ou o descontentamento – curioso que só o PS é que vai gostar, e mesmo assim com ressalvas, reservas, e cautelas – virá a negociação. A discreta, e a pública. Será a fase do leilão, mais ou menos. Esta ninguém arremata, e aquela nem pensar. Mas haverá, contudo, e apesar de tudo, um Orçamento de Estado para 2022. O corta e cola ditará a sua imagem final.
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