Começo da viagem com destino ao vale de Coachella
Desta vez a experiência única não foi em Nova Iorque, mas sim no outro lado dos Estados Unidos, na Califórnia, onde pude ver ao vivo grandes lendas da música internacional. Como consumidor voraz de música ter o privilégio de poder assistir a ídolos que nunca tinha visto ao vivo, e todos num só fim-de-semana, que mais se pode querer! Sinto a mesma sensação que me lembro de viver em criança quando recebia os presentes de aniversário…esse sentimento está presente agora!
O fim de semana começou mais cedo, na quinta-feira, com destino a Los Angeles, para encontrar amigos que se mudaram de Nova Iorque para LA, para irmos juntos para a primeira edição do festival Desert Trip, em Indio na Califórnia, o mesmo local onde também se realiza o famoso festival Coachella.
Bilhetes na mão, neste caso no pulso!
A expectativa e o debate sobre os músicos do festival, dominam o tema de conversa no meu grupo de amigos, com algumas interrupções sobre o segundo debate presidencial entre Clinton e Trump no mesmo fim de semana.
É sexta-feira à noite, 8 de Outubro e o primeiro dia do festival chegou. A expectativa é grande pois pela primeira vez vou ver ao vivo o Bob Dylan, e depois concretizar um grande sonho, os Rolling Stones ao vivo! Lembrei-me de quando não pude assistir ao concerto dos Stones no estádio de Alvalade nos anos 90, porque não tinha independência para tal e os tempos eram outros. Depois do show do Dylan, melancólico, sentido e interessante, a expectativa aumentou para o segundo acto. Assim que começaram os Stones, o deserto deixou de ser deserto e uma fonte gigantesca e contagiante de energia começou sem parar e durou mais de duas horas, para mim e mais 70 mil pessoas, um espetáculo! Tal como era esperado, não houve desilusões e constatei a verdadeira definição do meu dicionário de Show!
Pôr-do-sol no último dia do festival
No dia seguinte era o dia de Neil Young e Paul McCartney, mais duas lendas que nunca tinha visto ao vivo. O Neil Young transformou a multidão para um modo rock com toda a sua energia contagiante. Já o Paul McCartney, demonstrou mais uma vez que energia não lhe falta, com músicas famosas como solista e também com muitos êxitos dos Beatles; receita ideal para que a multidão não parasse por mais de duas horas. O segundo dia do festival terminava assim e eu ainda estava estupefacto com esta experiência, apesar de me encontrar fisicamente esgotado, todo o festival parecia ainda um sonho para mim.
Já no terceiro e último dia algum cansaço acumulado vinha ao de cima, mas sempre com a sensação de estar a viver algo único. Para o cansaço, nada como explorar as diversas opções de comes e bebes, excelente método para recuperar entre concertos. O último dia começou com os The Who e terminou com Roger Waters. Ambos conseguiram fazer com que todos os presentes no festival, desde a plateia até ao staff participassem no espetáculo. Roger Waters ainda acrescentou bastantes tons políticos, referente a eleição para a presidência dos Estados Unidos, e doutros países também.
O mais interessante para mim foi ter vivido a experiência única de ver diversas gerações, no mesmo espaço e com o objetivo comum de assistir às mesmas actuações. A música, uma das minhas admitidas paixões, um verdadeiro cimento-cola humano, que junta gerações, classes, crenças e outras diferenças humanas que com música conseguimos esquecer que existem.
Outra revelação para mim é o facto de que a idade é apenas um número. A fonte da juventude é de certeza a dedicação e o prazer que se obtém ao fazer algo que se gosta muito, quer seja no âmbito profissional ou pessoal.
VISTO DE FORA
Dias sem ir a Portugal: 63 dias
Nas notícias por aqui: fala-se dos comentários desagradáveis do Trump e das desgraças provocadas pelo furacão Matthew.
Sabia que por cá… na lista de itens proibidos no festival estavam animais de estimação, com excepção de cães de serviço ou cavalos miniatura.
Um número surpreendente: de mais de 435 milhões de álbuns vendidos pelos 6 artistas-grupos do festival até à data.