A compra de carros em Portugal caiu este ano cerca de 600 milhões de euros até agosto, uma situação que está a colocar em risco o setor automóvel e que já provocou a anulação do Salão Automóvel de Portugal, previsto para 4 de novembro.
O mercado de ligeiro de passageiros, segundo dados da Associação Automóvel de Portugal (ACAP), está a cair 23,5 por cento nos primeiros nove meses do ano, quando comparado com o mesmo período do ano passado, representando uma quebra de 37.859 carros novos.
A empresa Fleetdata, especializada no mercado automóvel, indica que o valor médio pago por um carro novo em Portugal é de 18 mil euros, o que quer dizer que os cerca de 38 mil carros novos que deixaram de ser vendidos entre 2010 e 2011 correspondem a uma quebra de receita de 681,4 milhões de euros.
A queda abrupta nas vendas de carros provocou uma quebra nas receitas do imposto sobre veículos (ISV) em 101 milhões de euros, segundo dados da execução orçamental de setembro.
Segundo os dados fornecidos pelo Ministério das Finanças, o ISV está com uma quebra de receitas de 17,5 por cento, que passou de 579,5 milhões de euros em 2010 para 478,1 milhões de euros este ano. Numa altura em que as receitas dos impostos indiretos estão em queda, com exceção do IVA e IUC (Imposto Único de Circulação), o imposto sobre os automóveis é o que mais cai, justificado pelas Finanças por uma “acentuada contração na venda de veículos”.
O setor mostra-se bastante preocupado com o que o Orçamento do Estado poderá trazer para 2012, até porque o memorando assinado com a ‘troika’ refere que se devem “aumentar os impostos especiais sobre o consumo para obter uma receita de, pelo menos, 250 milhões de euros”, em particular, entre outros, através do “aumento do imposto sobre veículos e corte de isenções”.